Mostrar código-fonte de Irã Pahlavi

{{Info/Estado extinto|nome_oficial={{Nobold|کشور شاهنشاهی ایران}}<br>Kešvar-e Šâhanšâh-ye Irân|nome_completo=Estado Imperial do Irã{{ref label|A|A}}|ano_início=1925|ano_fim=1979|imagem_bandeira=State flag of Iran (1964–1980).svg|imagem_escudo=Imperial Coat of Arms of Iran.svg|símbolo=Brasão de armas do Irão|símbolo_tipo=Brasão<br />(1932–1979)|lema_nacional={{lang|fa|مرا داد فرمود و خود داور است}}<br />''Marā dād farmud o Khod dāvar ast''<br />{{lang|en|"Justiça [[Deus|Ele]] ordena que eu faça, pois Ele me julgará"}}<ref>{{cite web | url=https://www.farahpahlavi.org/about/coat-of-arms | title=The Imperial Standards of Iran }}</ref>|hino_nacional=(1925–1933)<br />{{lang|fa|سلامتی دولت علیهٔ ایران}}<br />''[[w:fa:سلامتی دولت علیه ایران|Salamati-ye Dowlat-e 'Aliyye-ye Iran]]''<br />"Saudação ao Estado Sublime do Irã"{{center|}}<hr>(1933–1979)<br />{{lang|fa|سرود شاهنشاهی ایران}}<br />''[[Hino Imperial do Irã|Sorud-e Shāhanshāhi-ye Irān]]''<ref name="Statesman's"/><br />"Hino Imperial do Irã"<br />{{center|[[File:National Anthem of Iran 1925 -1979 (Vocal).ogg]]}}|mapa=Iran (orthographic projection).svg|capital=[[Teerã]]|idioma=[[Língua persa|Persa]]|religião=[[Xiismo]] <small>([[Religião de Estado|oficial]])</small>{{ref label|a|a}}<br />[[Estado secular]] <small>(''de facto'')</small>{{ref label|b|b}}|forma_de_governo=[[Monarquia constitucional]] [[Parlamentarismo|parlamentar]] [[Estado unitário|unitária]] <small>(''de jure'')</small>{{ref label|c|c}}<br />[[Monarquia constitucional|Monarquia semi-constitucional]] [[Parlamentarismo|parlamentar]] [[Estado unitário|unitária]] <small>(''de facto'')</small>{{ref label|d|d}}
* Sob uma [[ditadura militar]] <small>(1925–1941; 1953–1955; 1978–1979)</small>
* Sob um [[Sistema de partido dominante]] <small>(1964–1975)</small>
* Sob uma [[Multipartidarismo|sistema democrático]] <small>(1941-1953)</small>
* Sob um [[Unipartidarismo|sistema unipartidário]] [[Autoritarismo|autoritário]] <small>(1975–1978)</small>|legislatura=[[Assembleia Consultiva Nacional]] <small>(como [[Unicameralismo|legislatura unicameral]]; 1925–1949)</small><br />[[Parlamento do Irã|Parlamento]] <small>(como [[Bicameralismo|legislatura bicameral]]; 1949–1979)</small>|legislatura1=[[Senado do Irã|Senado]]|tipo_legislatura1=[[Câmara alta]]|legislatura2=[[Assembleia Consultiva Nacional]]|tipo_legislatura2=[[Câmara baixa]]|moeda=[[Rial iraniano|Rial]] ({{lang|fa|ریال|rtl=yes}}) (IRR)<ref>"IRAN: Keshvaré Shahanshahiyé Irân", The Statesman's Year-Book 1978–79, Springer, 2016, pp. 674–682, ISBN 9780230271074</ref>|era={{hlist|[[Período entreguerras]]|[[Segunda Guerra Mundial]]|[[Guerra Fria]]}}|p1=Império Cajar|bandeira_p1=State flag of Persia (1907–1933).svg|s1=Governo Provisório do Irã|bandeira_s1=Civil flag of Iran (1964–1980).svg|líder1=[[Reza Xá|Reza Xá Pahlavi]]|título_líder=[[Lista de monarcas da Pérsia|Xá]]|ano_líder1=1925–1941|líder2=[[Mohammad Reza Pahlavi]]|ano_líder2=1941–1979|vice1=[[Mohammad Ali Foroughi]]|título_vice=[[Primeiro-ministro do Irã|Primeiro-ministro]]|ano_vice1=1925–1926 <small>(primeiro)</small>|vice2=[[Shapur Bakhtiar]]|ano_vice2=1979 <small>(último)</small>|bandeira=Bandeira do Irão|bandeira_tipo=Bandeira<br />(1964–1979)|evento_início=Assembleia Constituinte vota na [[Dinastia Pahlavi]]|data_início=15 de dezembro|evento1=[[Invasão anglo-soviética do Irã]]|data_evento1=[[25 de agosto]]–[[17 de setembro]]|ano_evento1=1941|evento2=Admitido nas [[Nações Unidas]]|ano_evento2=1945|data_evento2=24 de outubro|evento3=[[Golpe de Estado no Irã em 1953|Golpe de Estado]]|data_evento3=19 de agosto|ano_evento3=1953|evento4=Admitido na [[Organização do Tratado Central]]|data_evento4=3 de novembro|ano_evento4=1955|evento5=[[Revolução Branca (Irão)|Revolução Branca]]|ano_evento5=1963|data_evento5=26 de janeiro|evento_fim=[[Revolução Iraniana]]|notas={{Note|A|A}} A partir de 1935. De 1925 a 1935, foi conhecido oficialmente como o Estado Imperial da Pérsia no mundo ocidental.}}

O '''Irã Pahlavi''', oficialmente o '''Estado Imperial da Pérsia''' até 1935 e '''Estado Imperial do Irã''' de 1935 a 1979, <ref name="Statesman's">{{Citation|title=The Statesman's Year-Book 1978–79|publisher=Springer|year=2016|isbn=9780230271074|pages=674–682}}</ref> foi o estado iraniano sob o domínio da [[Dinastia Pahlavi]]. A dinastia foi formada em 1925 e durou até 1979, quando os Pahlavis foram derrubados como resultado da [[Revolução Iraniana]], que aboliu a monarquia contínua do Irã e estabeleceu a atual [[Irã|República Islâmica do Irã]].

Os Pahlavi chegaram ao poder em 1925 por [[Reza Xá]], um ex-[[brigadeiro-general]] da [[Brigada Cossaca Persa]], e depois de [[Amade Cajar|Amade Xá Cajar]], o último governante iraniano sob a [[Dinastia Cajar|Dinastia Qajar]], ter se mostrado incapaz de impedir as invasões à soberania iraniana por parte do [[Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda|Reino Unido]] e da [[União Soviética]], [[Aliados da Segunda Guerra Mundial]], teve sua posição extremamente enfraquecida por um golpe militar, e foi formalmente destituída do poder em 1941 pelo parlamento enquanto estava na [[Terceira República Francesa|França]] após a [[invasão anglo-soviética do Irã]]. O ''[[Assembleia Consultiva Nacional|Majlis]]'' do Irã, reunindo-se como uma assembleia constituinte em 12 de dezembro de 1925, depôs o jovem Amade Xá Cajar e declarou Reza Xá como o novo ''[[Xá]]'' do Estado Imperial da Pérsia. Em 1935, Reza Xá pediu aos delegados estrangeiros que usassem o [[Nome do Irão|endônimo Irã em vez do exônimo Pérsia]] ao se dirigirem ao país em correspondência formal.

Após a deposição de Reza Xá, ele foi sucedido por seu filho, [[Mohammad Reza Pahlavi]], que se tornou o último [[Lista de monarcas da Pérsia|Xá do Irã]]. Em 1953, o governo de Mohammad Reza Pahlavi tornou-se mais autocrático e firmemente alinhado com o [[Bloco ocidental|Bloco Ocidental]] durante a [[Guerra Fria]], após o [[Golpe de Estado no Irã em 1953|golpe de estado iraniano de 1953]], que foi apoiado pelo [[Reino Unido]] e pelos [[Estados Unidos]]. Em correspondência com esta reorientação da política externa do Irã, o país tornou-se um aliado dos Estados Unidos, a fim de atuar como um baluarte contra o [[Império Soviético|expansionismo ideológico soviético]], e isto deu ao Xá o capital político para promulgar um programa socioeconómico até então sem precedentes que iria transformar todos os aspectos da vida iraniana através da [[Revolução Branca (Irão)|Revolução Branca]]. Consequentemente, o Irão registou um sucesso prodigioso em todos os indicadores, incluindo a alfabetização, a saúde e o nível de vida. No entanto, em 1978, o Xá enfrentou um crescente descontentamento público que culminou num movimento revolucionário popular de pleno direito liderado pelo clérigo religioso [[Ruhollah Khomeini]]. Mohammed Reza Pahlavi exilou-se com a sua família em Janeiro de 1979, desencadeando uma série de acontecimentos que levaram rapidamente ao fim da monarquia e ao estabelecimento da República Islâmica em 31 de Março de 1979. Após a morte de Mohammed Reza Pahlavi em 1980, o seu filho, [[Reza Pahlavi, Príncipe Herdeiro do Irã|Reza Pahlavi]], lidera agora o trono da família exilada. <ref name="Observer">{{Citar web|ultimo=Parker Richards|url=http://observer.com/2016/01/breaking-yoko-ono-iranian-prince-and-others-to-be-honored-for-promoting-peace/|titulo=Pahlavi, Elie Wiesel, Rev. King to Be Honored for Promoting Peace|data=29 Jan 2016|acessodata=1 Jun 2017|website=[[New York Observer|Observer]]}}</ref>

== História ==
{{Artigo principal|vt=s|História do Irão}}

=== Estabelecimento ===
{{Artigo principal|prefixo=Informações adicionais|Reza Xá|Golpe de Estado na Pérsia em 1921|História do Irão#Era Pahlavi}}
[[Ficheiro:Persia_1921.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|Pérsia às vésperas do golpe de Reza Shah Pahlavi]]
Em 1925, [[Reza Xá|Reza Cã]], um ex-[[brigadeiro-general]] da [[Brigada Cossaca Persa]], depôs a [[Dinastia Cajar|Dinastia Qajar]] e declarou-se rei ([[Xá]]), adotando o nome dinástico de ''Pahlavi'', que lembra a língua [[Língua persa média|persa média]] do [[Império Sassânida]]. <ref name="Ansari2003">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3koQLfiTkJkC&pg=PA36|título=Modern Iran Since 1921: The Pahlavis and After|ultimo=Ansari|primeiro=Ali M.|editora=Longman|ano=2003|isbn=978-0-582-35685-6|acessodata=14 Fev 2016}}</ref> (Ele escolheu o sobrenome Pahlavi para si mesmo em novembro de 1919). <ref>{{Citar livro|url=https://twitter.com/rob_steele1/status/1386385708844142592|título=Onomastic Reforms: Family Names and State-Building in Iran|ultimo=Chehabi|primeiro=H. E.|editora=Harvard University Press|ano=2020|isbn=9780674248199|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210426101528/https://twitter.com/rob_steele1/status/1386385708844142592|arquivodata=26 Abr 2021}}</ref> Em meados da década de 1930, o forte governo secular de Reza Xá causou insatisfação entre alguns grupos, especialmente o clero, que se opôs às suas reformas, mas a classe média-alta do Irã gostou do que Rezā Xá fez. Em 1935, Rezā Xá emitiu um decreto pedindo aos delegados estrangeiros que usassem o termo Irã na correspondência formal, de acordo com o fato de que "[[Nome do Irão|Pérsia]]" era um termo usado pelos ocidentais para designar o país chamado "Irã" em persa. O seu sucessor, [[Mohammad Reza Pahlavi]], anunciou em 1959 que tanto a Pérsia como o Irão eram aceitáveis e podiam ser usados indistintamente.

Reza Xá tentou evitar o envolvimento com o [[Reino Unido]] e a [[União Soviética]]. Embora muitos dos seus projetos de desenvolvimento exigissem conhecimentos técnicos estrangeiros, ele evitou adjudicar contratos a empresas britânicas e soviéticas devido à insatisfação durante a Dinastia Qajar entre a Pérsia, o Reino Unido e os soviéticos. Embora o Reino Unido, através da sua propriedade da [[Anglo-Persian Oil Company]], controlasse todos os recursos petrolíferos do Irão, Rezā Xá preferiu obter assistência técnica da Alemanha, França, Itália e outros países europeus. Isto criou problemas para o Irão depois de 1939, quando a Alemanha e a Grã-Bretanha se tornaram inimigas na [[Segunda Guerra Mundial]]. Reza Xá proclamou o Irã como um [[país neutro]], mas a Grã-Bretanha insistiu que os engenheiros e técnicos alemães no Irã eram espiões com missões para [[Sabotagem|sabotar]] as instalações petrolíferas britânicas no sudoeste do Irão. A Grã-Bretanha exigiu que o Irã expulsasse todos os cidadãos alemães, mas Rezā Xá recusou, alegando que isso afetaria negativamente os seus projetos de desenvolvimento.

=== Segunda Guerra Mundial ===
{{Artigo principal|Invasão anglo-soviética do Irã}}
O Irã afirmou ser um país neutro durante os primeiros anos da [[Segunda Guerra Mundial]]. Em abril de 1941, a guerra atingiu as fronteiras do Irã quando [[Rashid Ali al-Gaylani|Rashid Ali]], com a ajuda da [[Alemanha Nazista|Alemanha]] e da [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]], lançou o [[Golpe de Estado no Iraque de 1941|golpe de estado iraquiano de 1941]], desencadeando a [[Guerra Anglo-Iraquiana]] de maio de 1941. A Alemanha e a Itália enviaram rapidamente às forças pró-[[Potências do Eixo|Eixo]] no Iraque ajuda militar da [[Mandato Francês da Síria e do Líbano|Síria]], mas durante o período de maio a julho os britânicos e seus aliados derrotaram as forças pró-Eixo no Iraque e mais tarde na [[Campanha da Síria-Líbano|Síria e no Líbano]].

Em junho de 1941, a [[Alemanha Nazista]] quebrou o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] e [[Operação Barbarossa|invadiu]] a [[União Soviética]], vizinha do norte do Irã. Os soviéticos rapidamente aliaram-se aos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|países aliados]] e em julho e agosto de 1941 os britânicos exigiram que o governo iraniano expulsasse todos os alemães do Irão. Reza Xá recusou-se a expulsar os alemães e em 25 de agosto de 1941, os britânicos e soviéticos lançaram uma [[Invasão anglo-soviética do Irã|invasão surpresa]] e o governo de Reza Xá rendeu-se rapidamente após menos de uma semana de combates. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=yPf_f7skJUYC|título=Iran: A Country Study|ultimo=Glenn E. Curtis, Eric Hooglund|ultimo2=US Government Printing Office|editora=U.S. Government Printing Office|ano=2008|isbn=978-0-8444-1187-3}}</ref> O objetivo estratégico da invasão era garantir uma linha de abastecimento para a URSS (mais tarde chamada de [[Corredor Persa]]), proteger os campos de petróleo e a Refinaria Abadan (da [[Anglo-Persian Oil Company]], de propriedade do Reino Unido) e limitar a influência alemã no Irã. Após a invasão, em 16 de setembro de 1941, Reza Xá abdicou e foi substituído por [[Mohammad Reza Pahlavi]], seu filho de 21 anos. <ref name="Farrokh 03">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=dUHhTPdJ6yIC|título=Iran at War: 1500–1988|ultimo=Farrokh|primeiro=Kaveh|data=2011|isbn=978-1-78096-221-4}}</ref> <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=07o_BAAAQBAJ|título=An Introduction to the Modern Middle East: History, Religion, Political Economy, Politics|ultimo=David S. Sorenson|editora=Westview Press|ano=2013|isbn=978-0-8133-4922-0}}</ref> <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=2h_Jfg1xRYEC|título=Iran: Foreign Policy & Government Guide|editora=International Business Publications|ano=2009|isbn=978-0-7397-9354-1|arquivourl=http://wayback.archive-it.org/all/20171012080734/https://books.google.com/books?id%3D2h_Jfg1xRYEC|arquivodata=12 Out 2017}}</ref>
[[Ficheiro:Teheran_conference-1943.jpg|direita|miniaturadaimagem|Os "Três Grandes" [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] na [[Conferência de Teerã]] de 1943]]
Durante o resto da Segunda Guerra Mundial, o Irã tornou-se [[Corredor Persa|um importante canal]] de [[Lend-Lease|ajuda britânica e americana]] à União Soviética e uma via através da qual mais de 120.000 refugiados polacos e as [[Exército de Anders|Forças Armadas polacas]] fugiram do avanço do Eixo. <ref>{{Citar livro|url=http://www.history.army.mil/books/wwii/persian/chapter01.htm#b1|título=United States Army in World War II the Middle East Theater the Persian Corridor and Aid to Russia|ultimo=T.H. Vail Motter|ultimo2=United States Army Center of Military History|editora=CMH|ano=1952|acessodata=3 Fev 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160304100430/http://www.history.army.mil/books/wwii/persian/chapter01.htm#b1|arquivodata=4 Mar 2016}}</ref> Na [[Conferência de Teerã]] de 1943, os "Três Grandes" [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] - [[Josef Stalin|Joseph Stalin]], [[Franklin D. Roosevelt]] e [[Winston Churchill]] - emitiram a [[Conferência de Teerã|Declaração de Teerã]] para garantir a independência e as fronteiras do Irã no pós-guerra.

Em 13 de setembro de 1943, os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] garantiram aos iranianos que todas as tropas estrangeiras partiriam até 2 de março de 1946. <ref name="Jessup">{{Citar livro|título=A Chronology of Conflict and Resolution, 1945–1985|ultimo=Jessup|primeiro=John E.|editora=Greenwood Press|ano=1989|localização=New York|isbn=0-313-24308-5}}</ref> Na altura, o [[Partido Tudeh do Irã]], um [[partido comunista]] que já era influente e tinha representação parlamentar, tornava-se cada vez mais militante, especialmente no Norte. Isto promoveu ações por parte do governo, incluindo tentativas das forças armadas iranianas para restaurar a ordem nas províncias do Norte. Enquanto o quartel-general do Tudeh em [[Teerã]] estava ocupado e a filial de [[Isfahan]] esmagada, as tropas soviéticas presentes nas partes do norte do país impediram a entrada das forças iranianas. Assim, em Novembro de 1945, o [[Governo Popular do Azerbaijão|Azerbaijão]] tornou-se um estado autónomo ajudado pelo partido Tudeh. <ref name="Jessup" /> <ref>''The Iranian Crisis of 1945–1946 and the Spiral Model of International Conflict'', by Fred H. Lawson in ''International Journal of Middle East Studies'' p.9</ref> Este governo nominal pró-soviético caiu em Novembro de 1946, após o apoio dos Estados Unidos ao Irão para recuperar as regiões que se declararam autônomas.

No final da guerra, as tropas soviéticas permaneceram no Irão e estabeleceram dois estados fantoches no noroeste do Irão, nomeadamente o [[Governo Popular do Azerbaijão]] e a [[República de Mahabad]]. Isto levou à [[Crise no Irã de 1946|crise do Irã de 1946]], um dos primeiros confrontos da [[Guerra Fria]], que terminou depois de concessões petrolíferas terem sido prometidas à URSS e as forças soviéticas se retirarem do próprio Irão em Maio de 1946. Os dois estados fantoches foram rapidamente derrubados e as concessões petrolíferas foram posteriormente revogadas. <ref>Louise Fawcett, "Revisiting the Iranian Crisis of 1946: How Much More Do We Know?." ''Iranian Studies'' 47#3 (2014): 379–399.</ref> <ref>Gary R. Hess, "the Iranian Crisis of 1945–46 and the Cold War." ''Political Science Quarterly'' 89#1 (1974): 117–146.</ref>

=== Guerra Fria ===
{{Artigo principal|prefixo=Informações adicionais|Mohammad Reza Pahlavi}}
[[Ficheiro:Mohammad_Pahlavi_Coronation.jpg|miniaturadaimagem|[[Mohammad Reza Pahlavi|Mohammed Reza Pahlavi]] e sua esposa [[Farah Pahlavi|Farah Diba]] após sua coroação como [[Xá]] do Irã. Sua esposa foi coroada [[Xabanu]] do Irã.]]
[[Mohammad Reza Pahlavi]] substituiu seu pai no trono em 16 de setembro de 1941. Ele queria continuar as políticas de reforma de seu pai, mas logo eclodiu uma disputa pelo controle do governo entre ele e um político profissional mais velho, o nacionalista [[Mohammed Mossadegh|Mohammad Mosaddegh]].

Em 1951, o ''Majlis'' (o [[Parlamento do Irã|Parlamento do Irão]]) nomeou [[Mohammed Mossadegh|Mohammad Mossadegh]] como novo primeiro-ministro por uma votação de 79-12, que pouco depois nacionalizou a indústria petrolífera de propriedade britânica (ver [[Crise de Abadã|Crise de Abadan]]). Mossadegh foi combatido pelo Xá, que temia que um embargo petrolífero resultante, imposto pelo Ocidente, deixasse o Irã na ruína económica. O Xá fugiu do Irã, mas retornou quando o Reino Unido e os Estados Unidos deram um golpe contra Mossadegh em agosto de 1953 (ver [[Golpe de Estado no Irã em 1953|golpe de estado iraniano de 1953]]). Mossadegh foi então preso pelas forças militares pró-Xá.

Após a derrubada de Mossadegh, o Irão tornou-se firmemente alinhado geopoliticamente com os Estados Unidos. Durante o mandato presidencial de [[John F. Kennedy]], os Estados Unidos viam o Irã como um importante aliado na região por percebê-lo como uma rara fonte de estabilidade no Oriente Médio. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14682740903178579 |título=In search of stability amid chaos: US policy toward Iran, 1961–63 |data=25 Fev 2010 |acessodata=17 Fev 2023 |periódico=[[Cold War History (journal)|Cold War History]] |número=3 |ultimo=Nemchenok |primeiro=Victor V. |paginas=341–369 |doi=10.1080/14682740903178579 |volume=10}}</ref>

De 12 a 16 de outubro de 1971, um elaborado conjunto de celebrações e festividades para a celebração dos 2.500 anos do Império Persa ocorreu em comemoração à fundação do [[Império Aquemênida]] por [[Ciro II|Ciro, o Grande]].

=== Colapso da Monarquia ===
{{Artigo principal|Revolução Iraniana}}
[[Ficheiro:ShahVaRohanioon1.jpg|miniaturadaimagem|O último [[Mohammad Reza Pahlavi|Xá do Irão]] reúne-se com membros do clero]]
O governo do Xá suprimiu os seus oponentes com a ajuda da polícia secreta de segurança e inteligência do Irão, [[SAVAK]]. Tais oponentes incluíam esquerdistas e islâmicos.

Em meados da década de 1970, contando com o aumento das receitas do petróleo, Mohammad Reza iniciou uma série de planos ainda mais ambiciosos e ousados para o progresso do seu país e a marcha em direção à "[[Revolução Branca (Irão)|Revolução Branca]]". Mas os seus avanços socioeconómicos irritaram cada vez mais o clero. Os líderes islâmicos, particularmente o clérigo exilado [[Aiatolá]] [[Ruhollah Khomeini]], conseguiram concentrar este descontentamento com uma ideologia ligada aos princípios islâmicos que pedia a derrubada do Xá e o retorno às tradições islâmicas, chamada de [[Revolução Iraniana|revolução islâmica]]. O regime Pahlavi entrou em colapso após revoltas generalizadas em 1978 e 1979. A Revolução Islâmica dissolveu o SAVAK e substituiu-o pelo [[Ministério da Inteligência e da Segurança Nacional|SAVAMA]]. Foi dirigido depois da revolução, segundo fontes dos EUA e fontes iranianas exiladas nos EUA e em Paris, pelo general [[Hossein Fardoust]], que foi vice-chefe da SAVAK sob o reinado de Mohammad Reza, e amigo de infância do monarca deposto.

Mohammad Reza fugiu do país, buscando tratamento médico no [[Egito]], no [[México]], nos Estados Unidos e no [[Panamá]], e finalmente se reassentou com sua família no Egito como convidado de [[Anwar Al Sadat|Anwar Sadat]]. Após sua morte, seu filho [[Reza Pahlavi, Príncipe Herdeiro do Irã|Reza Pahlavi]], que foi formalmente investido como príncipe herdeiro em 26 de outubro de 1967, o sucedeu como chefe da dinastia Pahlavi. <ref>{{Citar web|url=https://www.farahpahlavi.org/about/coronation|titulo=The Imperial Coronation of Iran|acessodata=3 Fev 2022|website=Farahpahlavi.org}}</ref> Reza Pahlavi e sua esposa moram nos Estados Unidos em [[Potomac (Maryland)|Potomac, Maryland]], com três filhas. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Michael Coleman|url=http://www.washdiplomat.com/index.php?option=com_content&view=article&id=9475&Itemid=437|titulo=Son of Iran's Last Shah: 'I Am My Own Man'|data=30 Jul 2013|acessodata=21 Set 2013|publicado=The Washington Diplomat|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130922202648/http://www.washdiplomat.com/index.php?option=com_content&view=article&id=9475&Itemid=437|arquivodata=22 Set 2013|urlmorta=live}}</ref>

A partir de 2013, Reza Pahlavi estabeleceu o [[Conselho Nacional do Irã]] em Paris, que serve como [[governo no exílio]] para recuperar o antigo trono após uma potencial derrubada do atual governo da República Islâmica. <ref name="Observer2">{{Citar web|ultimo=Parker Richards|url=http://observer.com/2016/01/breaking-yoko-ono-iranian-prince-and-others-to-be-honored-for-promoting-peace/|titulo=Pahlavi, Elie Wiesel, Rev. King to Be Honored for Promoting Peace|data=29 Jan 2016|acessodata=1 Jun 2017|website=[[New York Observer|Observer]]}}</ref> No entanto, em Fevereiro de 2019, Pahlavi lançou uma iniciativa chamada Projeto Phoenix do Irã. De acordo com o Interesse Nacional, isto é “projetado para aproximar as várias vertentes da oposição de uma visão comum para um Irã pós-clerical”. <ref>{{Citar web|ultimo=Harounoff|primeiro=Jonathan|url=https://www.haaretz.com/middle-east-news/iran/.premium-white-house-once-labeled-them-terrorists-now-it-calls-them-iran-s-next-government-1.7651999|titulo=The White House Once Labeled Them Terrorists. Now They're Being Called Iran's Next Government|data=13 Ago 2019|website=Haaretz|lingua=en}}</ref>

== Política ==
{{Artigo principal|prefixo=Informações adicionais|Política do Irão}}
O sistema político do Estado Imperial do Irão ocorreu numa [[monarquia constitucional]] [[Parlamentarismo|parlamentar]] onde o Xá serviu como chefe de estado e o [[Primeiro-ministro do Irã|primeiro-ministro]] como chefe de governo.

A [[Assembleia Consultiva Nacional]] era o parlamento unicameral do país, a partir de 1949 tornou-se a câmara baixa quando o [[Senado do Irã|Senado]] foi estabelecido como a câmara alta do parlamento.

== Legado ==
Sob a [[Dinastia Cajar|Dinastia Qajar,]] o carácter persa do Irão não era muito explícito. Embora o país fosse referido como Pérsia pelos ocidentais, e a língua dominante na corte e na administração fosse o [[Língua persa|persa]], a dicotomia entre elementos persas puros e [[Línguas turcomanas|turcos]] permaneceu óbvia até 1925. O governo Pahlavi foi fundamental para a nacionalização do Irão, em linha com a cultura e a língua persas, o que, entre outras formas, foi conseguido através da proibição oficial do uso de línguas minoritárias, como o [[Língua azeri|azerbaijano]], e da supressão bem-sucedida de movimentos separatistas. [[Reza Xá]] é creditado pela [[Rebelião do Sheik Khazal|reunificação do Irã]] sob um poderoso governo central. O uso de línguas minoritárias nas escolas e nos jornais não foi tolerado. O regime sucessor – a  [[Irã|República Islâmica do Irã]] – adoptou uma abordagem mais inclusiva em relação à utilização das minorias étnicas e da sua língua, mas as questões relativas aos [[azeris]], a maior minoria étnica do Irã, permanecem e colocam desafios consideráveis à unidade e à integridade territorial do [[Irã]]. <ref>{{Citar web|ultimo=Tohidi|primeiro=Nayereh|url=http://www.opendemocracy.net/democracy-irandemocracy/regionalism_3695.jsp|titulo=Iran: regionalism, ethnicity and democracy|acessodata=1 Ago 2013|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130714195518/http://www.opendemocracy.net/democracy-irandemocracy/regionalism_3695.jsp|arquivodata=14 Jul 2013|urlmorta=live}}</ref>

== Direitos humanos ==
{{Artigo principal|Direitos humanos no Estado Imperial do Irã}}
Os governantes do Estado Imperial do Irão – Reza Xá Pahlavi e o seu filho Mohammad Reza Pahlavi – recorreram à polícia secreta, à tortura e às execuções para reprimir a dissidência política. A dinastia Pahlavi às vezes é descrita como uma "ditadura imperial" ou "governo de um homem só". <ref>{{Citar jornal|ultimo=de Camara|primeiro=Robert C.|url=https://www.washingtonpost.com/archive/opinions/1980/03/23/the-shah-as-tyrant-a-look-at-the-record/218c6a8e-dcb7-4168-ac9c-8f23609f888f/|titulo=The Shah as Tyrant: A Look at the Record|data=23 Mar 1980|website=The Washington Post}}</ref> De acordo com uma história do uso da tortura pelo governo iraniano, o abuso de prisioneiros variou às vezes durante a dinastia Pahlavi. Além disso, o país desfrutou de um breve interlúdio de democracia de 1941 a 1953. <ref>{{Citar periódico |url=https://scholarlycommons.law.case.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1913&context=jil |título=Human Rights in Iran under the Shah |periódico=[[Case Western Reserve Journal of International Law]] |número=1 |ultimo=Cottam |primeiro=Richard W. |ano=1980 |volume=12}}</ref>

== Corrupção ==
{{Artigo principal|Corrupção no Irã#Era Pahlavi}}
[[Manouchehr Ganji]] liderou um grupo de estudo anticorrupção que apresentou pelo menos 30 relatórios em 13 anos detalhando a corrupção de altos funcionários e do círculo real, mas o Xá chamou os relatórios de "falsos rumores e invenções". [[Parviz Sabeti]], um alto funcionário da [[SAVAK]], acreditava que a única razão importante para o sucesso da oposição ao regime eram as alegações de corrupção. <ref>Ganji, p. 8-9</ref>

== Ver também ==

* [[Dinastia Pahlavi]]

* [[História do Irão|História do Irã]]
* [[Lista de monarcas da Pérsia|Lista dos reis da Pérsia]]

== Notas ==
{{Note|a}}a. ''[[De jure]]'' entre 1925 e 1979, e ''[[de facto]]'' entre 1941 e 1953.

{{Note|b}}b. Entre 1925 e 1941, bem como entre 1953 e 1979. <ref>{{Citar web|ultimo=bloomsbury.com|url=https://www.bloomsbury.com/uk/iran-between-islamic-nationalism-and-secularism-9780857734273/|titulo=Iran between Islamic Nationalism and Secularism|acessodata=2023-12-29|website=Bloomsbury|lingua=en}}</ref>

{{Note|c}}c. ''[[De jure]]'' entre 1925 e 1979, e ''[[de facto]]'' entre 1941 e 1953.

{{Note|d}}d. ''[[De facto]]'' entre 1925 e 1941, bem como entre 1953 e 1979.
{{Referências}}{{Impérios}}{{Controle de autoridade}}
[[Categoria:Ditaduras militares]]
[[Categoria:Século XX no Irã]]
[[Categoria:Revolução Iraniana]]
[[Categoria:Estados e territórios extintos em 1979]]
[[Categoria:Estados e territórios fundados em 1925]]
[[Categoria:História política do Irão]]
[[Categoria:Antigas monarquias da Ásia]]
[[Categoria:Década de 1970 no Irã]]
[[Categoria:Década de 1960 no Irã]]
[[Categoria:Década de 1950 no Irã]]
[[Categoria:Década de 1940 no Irã]]