Saltar para o conteúdo

Teologia da libertação

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A teologia da libertação é uma escola importante e controversa na teologia da Igreja Católica e outras igrejas cristãs desenvolvida depois do concílio Vaticano II. Ela dá grande ênfase à situação social humana. O teólogo peruano Gustavo Gutiérrez é um dos mais influentes proponentes desse movimento. Destacam-se também o teólogo estadunidense Cornell West e o brasileiro Leonardo Boff. Esta concepção teológica surgiu na década de 1970, quando se espalhou de forma especial na América Latina, sendo uma das orientações para a pastoral das Comunidades Eclesiais de Base (CEB). A maior parte de seus ensinamentos foi rejeitada pelo Vaticano

. A partir dos anos 1980, com a redemocratização da sociedade e a queda do muro de Berlim com conseqüente crise das esquerdas esta teologia perdeu parte de sua combatividade política e social.

América Latina

Contextualização histórica

Segundo Gonçalves[1], o nascimento e o desenvolvimento da Teologia da Libertação na América Latina e no Caribe se deve basicamente a três fatores:

  1. Situação política, econômica e social do continente: A Teologia da Libertação foi gestada durante os regimes militares que governavam países do continente.
  2. O desenvolvimento do marxismo como instrumento de análise social: as ciências sociais, entre elas a análise marxista eram utilizados para compreender a origem das contradições da sociedade, embora, segundo Gonçalves, o marxismo não fosse utilizado como ferramenta para construção do projeto social alternativo.
  3. Mudanças no âmbito da Igreja Católica. Do ponto de vista católico, algumas mudanças na Igreja possibilitaram o surgimento da Teologia da Libertação:
    1. A experiência da Ação Católica e seu método VER-JULGAR-AGIR. Esta pedagogia ajudou na busca de uma compreensão crítica da realidade e impulsionou uma ação transformadora.
    2. A realização do Concílio Vaticano II, entre 1962-1965 e a busca de diálogo da Igreja com o mundo moderno.
    3. A Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, Colômbia, ocorrida na vigência dos regimes militares.
    4. O florescimento das Comunidades Eclesiais de Base, que impulsionadas pela Conferência de Medellín e pela pedagogia da Ação Católica através do método VER-JULGAR-AGIR, lutavam pela transformação social.
    5. O enfrentamento dos regimes militares por parte dos bispos, quer através das conferências episcopais nacionais, quer por bispos isolados, como Dom Hélder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Oscar Romero, entre outros.

Foi a partir do engajamento de grupos cristãos na política que surgiu a Teologia da Libertação, como uma reflexão teórica destas experiências, retro alimentando este movimento de busca da mudança para uma sociedade com viés esquerdista.

Ao final dos anos 70 e início dos 80, a redemocratização das sociedades latino-americanas e caribenhas faz com que a Teologia da Libertação perdesse parte de sua combatividade política e social. Aliado a este fator, a queda do socialismo real e a crise da esquerda política fazem com que estes movimentos repensem sua identidade. Fatores no interior da Igreja Católica também tiveram seu impacto: a eleição de João Paulo II. A experiência do novo papa, vindo de um regime comunista hostil à Igreja , fez com que ele visse com suspeita os movimentos de libertação latino-americanos. Muitos teólogos da libertação foram acusados de fomentar a formação de células comunistas dentro da Igreja através das comunidades eclesiais de base.

As mudanças ocorridas na sociedade desde então apresentam novos desafios ao que atualmente se chama de Cristianismo de Libertação: o neoliberalismo econômico e a exclusão social, a globalização, o pluralismo cultural e religioso[2], a crise das igrejas cristãs históricas ante o fenômeno da pós-modernidade.

Uma visão mais ampla da libertação passa a ser almejada, não apenas focada em uma visão economicista, mas baseada também em dados antropológicos, psicológicos e religiosos. Além disto, temas como a igualdade entre homem e mulher, a discriminação racial, o diálogo inter-religioso, as minorias e a ecologia vão sendo progressivamente incorporados ao engajamento dos cristãos e à reflexão teológica sobre a libertação.

Nascimento

A Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento: o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil pelo missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull; a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a teologia política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico Johann Baptist Metz, na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos EUA.

Há uma série de eventos que precederam o nascimento da Teologia da Libertação:

  • 1952: O missionário presbiteriano Richard Shaull chega ao Brasil trazendo o Evangelho Social e cria uma estreita relação com os pastores presbiterianos Rubem Alves e Jaime Wright;
  • 1964: O teólogo reformado Jürgen Moltmann publica sua obra Teologia da Esperança;
  • 1965: O teólogo batista Harvey Cox publica A Cidade Secular;
  • 1967: O teólogo católico Johann Baptist Metz pronuncia a conferência Sobre a Teologia do Mundo;

O marco do nascedouro da Teologia da Libertação está na publicação da obra Da Esperança, de Rubem Alves, que tinha o título de Teologia da Libertação, criticando a teologia metafísica de uma forma geral e propondo o nascimento de novas comunidades de cristãos animados por uma visão e por uma paixão pela libertação humana e cuja linguagem teológica se tornava histórica.

A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação foi a publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga radicado no Brasil José Comblin. Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da Libertação. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a publicação de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos EUA neste período, Boff passou a ser o mais conhecido representante desta corrente teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem dos franciscanos, à qual ele pertencia

.

Polêmica e críticas

Enquanto pese as análises positivas acerca da Teologia da libertação, acusa-se tal ideologia de ter fechado os olhos para os assassinatos praticados em regimes ditos socialistas, como os de Cuba, com Fidel Castro, e da URSS stalinista.

Ainda, acusa-se tal movimento de ser condescendente com a culpabilidade da Igreja, que segundos estudiosos, é bem menor do que julgam os promotores, e de deturpar o caminho divino, colocando-o em segundo plano diante da missão terrena de ajudar os pobres, [1].

Integrantes do movimento afirmam que este movimento sempre foi baseado em ideais de amor e libertação de todas as formas de opressão (especialmente opressão econômica). Também afirmam que ele teria uma forte base nas escrituras sacras. Por outro lado, alguns aspectos da teologia da libertação têm sido fortemente criticados pela Santa Sé e por várias igrejas protestantes (embora a Igreja Luterana a tenha adotado), como por exemplo o fato dos adeptos da Teologia da Libertação assumirem o papel político da igreja e pela utilização do Marxismo como base ideológica do movimento.

O Papa João Paulo II solicitou à Congregação para a doutrina da fé dois estudos sobre a Teologia da Libertação. Eles foram colocados em documentos em 1984 e 1986 com os nomes de Libertatis Nuntius e Libertatis Conscientia. Neles se considera, em resumo, que, apesar da importância do compromisso radical que a Igreja Católica assume com os pobres, a disposição da teologia da libertação em aceitar postulados de origem marxista ou de outras ideologias políticas não era compatível com a doutrina, especialmente ao afirmar que "só seria possível alcançar a redenção cristã com um compromisso político".

Alguns afirmam que o que ocorreu não foi uma crítica ou repressão ao movimento em si, mas sim correção de certos exageros de alguns de seus representantes (como sacerdotes mais tendentes à política). Outros afirmam que houve uma deliberada sanção à Igreja Latino Americana na represão à sua forma mais pungente de ação e crítica social. Entretanto, o papa João Paulo II dirigiu uma carta à CNBB, datada de 9 de abril de 1986, pedindo o compromisso com o verdadeiro desenvolvimento desta teologia: "...estamos convencidos, nós e os senhores, de que a Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa - em estreita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da doutrina social da Igreja expressa em documentos que vão da Rerum Novarum a Laborem Exercens". "Os pobres deste país, que tem nos senhores os seus pastores, os pobres deste continente são os primeiros a sentir urgente necessidade deste evangelho da libertação radical e integral. Sonegá-lo seria defraudá-los e desiludi-los"[3]

Com a ascenção do pensamento tradicionalista na igreja romana, a Teologia da Libertação foi paulatinamente sendo excluída da Igreja oficial, mantendo-se ainda viva nos movimentos sociais existentes dentro da igreja, especialmente aqueles comprometidos com uma análise crítica da realidade. Por outro lado, a força de suas idéias difundiram-se pelo clero e grande parte dos sacerdotes latino-americanos hoje está ligada em maior ou menor grau aos ideais heterodoxos dessa escola teológica.

No mundo

Segundo Tamayo[4], a Teologia da Libertação surgiu na América Latina como sistematização de um novo método teológico. Entretanto, nas últimas décadas, desenvolveu-se no Terceiro Mundo e nos ambientes marginalizados dos países desenvolvidos reflexões teológicas que também podem ser classificadas como Teologia da Libertação.

Teologia da libertação africana

A reflexão teológica sobre a libertação trabalha com categorias antropológicas: a aculturação e conseqüente perda da identidade coletiva dos povos, além de sua pobreza estrutural e seu sistema de dominação. Defende-se uma verdadeira inculturação do cristianismo. Os teólogos africanos associaram-se na Associação Ecumênica de Teólogos Africanos.

Teologia da libertação sul-africana

Esta teologia distingue-se da teologia africana por tratar do tema do apartheid. Trabalha intensamente a questão da raça, da negritude.

Teologia da libertação negra nos Estados Unidos

Esta teologia surgiu e se desenvolveu a partir da luta pelos direitos civis dos negros, liderados por Martin Luther King e a busca do poder negro de Malcolm Little. Busca dois meios de libertação: a consciência negra e o poder negro. Posteriormente, ampliou seus horizontes para a busca de libertação dos pobres e minorias da sociedade americana, como os hispânicos, os asiáticos.

Esta teologia brotou inicialmente nas igrejas negras e seimnários protestantes. O marco dessa teologia negra a publicação em 1969 da obra Black Theology and Black Power (Teologia negra e poder negro) pelo Rev. James Cone [5]. Esta teologia vem ganhando destaque devido à sua influência sobre Barack Obama, eleito Presidente dos Estados Unidos da América.

Teologia da Libertação na Ásia

Tomando como base o desenvolvimento da Teologia da Libertação na América Latina, os teólogos asiáticos refletem basicamente sobre dois aspectos: a interação entre filosofia (como uma cosmovisão religiosa) e religião (como filosofia vivida) e a interação entre religiosidade e pobreza na Ásia. Um dos baluartes desta teologia é o diálogo inter-religioso, dada a situação não-cristã dos pobres da Ásia.

Diálogo com o Islã

Em agosto de 1988, um pequeno grupo de teólogos xiitas liderados pelo Ayatolah Yafhar Subhanni, enviados do Ayatolah Khomeini, chegou a Argentina buscando contatos com a Teologia da Libertação através do Prêmio Nobel da Paz e ativista dos Direitos Humanos Adolfo Perez Esquivel, iniciou-se então um diálogo singelo porém duradouro e crescente tendo havido vários encontros em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, do lado cristão participaram Leonardo Boff, Clodovis Boff, Rosalvo Salgueiro, Adolfo Perez Esquivel, Dom Paulo Evaristo Arns, Pedro de Oliveira, Paulo de Andrade entre outros, e do lado islâmico participaram principalmente professores da Universidade da Cidade Santa iraniana de Quom, como o Ayatolah Yafhar Subhanni, o Ayatolah Taqui Misbah al Yasdi, o Huyatolislam Mohsen Rabanni, o Sheik Abdul Karin Paz, o embaixador do Irã no Vaticano Maseyami Y, o historiador Shamsudin Helia, e a teóloga Lili Kashanni. Ó diálogo se esmaeceu e a última reunião ocorreu há mais de dez anos, em setembro de 1997. Outras tentativas de diálogos foram e estão sendo tentadas mas os principais momentos de encontro acabam ocorrendo por ocasião do Forum Social Mundial.

Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo

A Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo reúne diversos teólogos da América Latina, Ásia e África e das minorias dos Estados Unidos em torno de encontros e reflexões. Publica a revista semestral Voices of the Third World, editada na Índia.


Fórum Mundial de Teologia e Libertação

Os teólogos da libertação atualmente reúnem-se no Fórum Mundial de Teologia e Libertação. Este fórum surgiu de um encontro de teólogos durante o III Fórum Social Mundial, em 2003 [6]. O primeiro Fórum Mundial ocorreu em Porto Alegre, em janeiro de 2005. O II Fórum ocorreu em janeiro de 2007 em Nairóbi, capital do Quênia, com o tema “Espiritualidade para outro mundo possível”. Estes Fóruns antecedem o Fórum Social Mundial- FSM. O próximo fórum será em Belém (Pará) em janeiro de 2009, aberto ao público e com entrada gratuita. A idéia é reunir teólogos e teólogas cristãs dos diversos continentes que trabalhem com o tema da libertação, em todas as suas dimensões, tornando-se "um espaço de encontro para reflexão teológica de alternativas e possibilidades de mundo, tendo em vista contribuir para a construção e uma rede mundial de teologias contextuais marcadas por perspectivas de libertação".

Teólogos da libertação

Ver também

Referências

  1. Gonçalves,A.J (2007). Gênese, crise e desafios da Teologia da Libertação, <http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=28241&busca= Agência de Informação Frei Tito para a América Latina>, www.adital.com.br, acessado em 16 de janeiro de 2008.
  2. Teixeira,F. O desafio do pluralismo religioso para a teologia latino-americana.Iser Assessoria, acessado em 21 de janeiro de 2008.
  3. João Paulo II. Carta à CNBB sobre a missão da Igreja e a Teologia da Libertação, acessada em 24 de março de 2008.
  4. Tamayo,J.J.: Teologias da Libertação, em: “Dicionário de Conceitos Fundamentais do Cristianismo”. Editora Paulus, São Paulo, 1999.
  5. Barack Obama e a teologia negra da libertação. Página da Unisinos, acessada em 15 de abril de 2008.
  6. Adital (2008): Belém lança III Fórum Mundial de Teologia e Libertação

Bibliografia

Em português

  • Vigil, J.M., Barros, M., Tomita, L. E. Pluralismo e Libertação. São Paulo: Edições Loyola, 2005. ISBN 9788515029938
  • Boff, L. e Boff, C. Como fazer Teologia da Libertação. 8a edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2005. ISBN 8532605427
  • Boff, L. Jesus Cristo Libertador. 18a edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. ISBN 8532606407
  • Dussel, E. Ética da Libertação na idade de globalização e exclusão. 2a edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. ISBN 8532621430
  • Dussel, E. Teologia da Libertação – Um panorama do seu desenvolvimento. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. ISBN 8532622046
  • Dussel, E. e outros: Por um mundo diferente – Alternativas para o mercado global. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. ISBN 8532628931
  • Gutiérrez, G. Teologia da Libertação. Perspectivas. São Paulo: Edições Loyola, 2000. ISBN 9788515020362
  • Libânio, J. B. Teologia da Libertação. Roteiro didático para um estudo. São Paulo: Edições Loyola, 1987. ISBN 9788515031580
  • Segundo, J. L. A história perdida e recuperada de Jesus de Nazaré. São Paulo: Editora Paulus, 1997. ISBN 8534907420
  • Sobrino, J. Espiritualidade da Libertação. Estrutura e conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 1992. ISBN 9788515006809
  • SOBRINO, J. A Fé em Jesus Cristo: ensaio a partir das vítimas. Petrópolis: Vozes, 2001, 512 p. ISBN 8532623948
  • SOBRINO, J. Jesus, o Libertador. I - A História de Jesus de Nazaré. Petrópolis: Vozes, 1994, 392 p. ISBN 8532609805

Em inglês

  • Lernoux, Penny: Cry of the people: United States involvement in the rise of fascism, torture, and murder and the persecution of the Catholic Church in Latin America, 1940-Publication: Garden City, N.Y. : Doubleday, 1980
  • Lernoux, Penny:In banks we trust / Author: Lernoux, Penny, 1940- Publication: Garden City, N.Y. : Anchor Press/Doubleday, 1984
  • Lernoux, Penny:People of God : the struggle for world Catholicism / Author: Lernoux, Penny, 1940- Publication: New York : Viking, 1989
  • Berryman, Phillip, Liberation Theology (1987).
  • Gutiérrez, Gustavo, A Theology of Liberation: History, Politics and Salvation, Orbis Books, 1988.
  • Hillar, Marian, "Liberation Theology: Religious Response to Social Problems. A Survey," published in Humanism and Social Issues. Anthology of Essays. M. Hillar and H.R. Leuchtag, eds., American Humanist Association, Houston, 1993, pp. 35-52 [2].
  • Mahan, Brian and L. Dale Richesin, The Challenge of Liberation Theology: A First World Response, 1981, Orbis Books, Maryknoll, NY.
  • Mueller, Andreas, OFM, Arno Tausch and Paul Michael Zulehner (Eds.) Global capitalism, liberation theology, and the social sciences" Haupauge, New York: Nova Science Publishers
  • Petrella, Ivan, The Future of Liberation Theology: An Argument and Manifesto Aldershot: Ashgate, 2004
  • Ratzinger, Joseph Cardinal, "Liberation Theology" (preliminary notes to 1984 Instruction)
  • Sigmund, P.E., Liberation Theology at the Crossroads (1990).
  • Smith, Christian, The Emergence of Liberation Theology: Radical Religion and the Social Movement Theory, University of Chicago Press, 1991.

Ligações externas

Associações teológicas

Geral

Posicao do Vaticano