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Coligay

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Coligay foi uma torcida organizada gay do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense na década de 1970. Foi fundada em Porto Alegre, por um grupo de torcedores frequentadores da antiga boate LGBT "Coliseu", na Avenida João Pessoa.

História

Durante a reforma do Olímpico Monumental, nos anos 1970, vários torcedores homossexuais do Grêmio frequentavam, na noite porto-alegrense, a famosa boate LGBT "Coliseu".

Em conversas informais, na referida boate, muitos desses frequentadores afirmavam ir aos jogos do Grêmio, seu time de coração, apesar do ambiente hostil à presença de homossexuais. Como uma maneira de participarem ativamente do seu clube e de “driblar” esse universo predominantemente masculino e heterossexual, alguns frequentadores da boate decidem criar uma torcida organizada que unisse o deboche, como forma de protesto as restrições sexuais e o apoio incondicional ao clube. A origem etimológica do nome da torcida faz referência à boate LGBT e a condição sexual de seus adeptos. Estava, portanto, criada a torcida organizada Coligay. Chino Gaúcho, de Charqueadas-RS, foi eleito o presidente da torcida e como vice, foi escolhido Volmar Santos, gerente da boate Coliseu. A estreia da torcida deu-se no estádio Olímpico, em 9 de abril de 1977, durante o Brasileirão, em uma partida entre Grêmio e Santa Cruz de Recife. [1]

A presença de uma torcida assumidamente gay gerou reações de hostilidade entre os demais torcedores gremistas, dirigentes tricolores e torcedores adversários, ocasionando cenas constantes de agressões, na tentativa de intimidar e coibir as manifestações da Coligay, tanto em partidas no Olímpico, como nos demais estádios pelo país. Os próprios dirigentes do clube à época demonstravam um comportamento de complacência às reações homofóbicas, recusando-se a falar sobre o assunto, como por exemplo fez, o então presidente do grêmio Hélio Dourado. [2]

Recém-criada, a Coligay foi noticiada na revista Placar. O jornalista da revista descreveu a torcida da seguinte maneira:

“Numa coisa a coligay é inatacável: está – como diz o hino do clube – “com o Grêmio onde o Grêmio estiver [...] Um tanto quanto afastado das outras torcidas organizadas do clube – a Força Azul e a oficial Eurico Lara –, aquele grupinho de torcedores se despertou algum sentimento de quem observava à distância foi de surpresa: superava em animação as outras duas, batendo seus tambores e berrando o tempo todo em um jogo que o time levava fácil”.[3]

“A cozinha foi reforçada, sob o comando do famoso percursionista Neri Caveira, chegando a abafar os tímidos repiques da Força Azul, eles passaram a levar faixas identificativas, a bailar – rebolando e levantando graciosamente o pezinho – e, quando uma bola raspava a trave defendida pelo goleiro do Grêmio, juntavam as palmas das mãos e soltavam agudos gritos de emoção”. [4]

Sobre as agressões dos próprios gremistas, o vice-presidente Volmar Santos teria afirmado para a referida revista:

“O que eles não entendem é que antes de tudo somos gremistas, que vibramos de paixão pelo nosso clube. Toda essa turma que está aí já vinha ao estádio há muito tempo, e a única diferença é que agora estamos reunidos, torcendo numa boa, na nossa, entende?” Entre comentários de desaprovações e indiferença, Jorge, o então presidente da Força Azul, teria dito: “É tudo Grêmio!”. [5]

Em 2009, em um jogo contra o Caracas, válido pelas quartas de final da Copa Libertadores, foi vista uma faixa da Coligay. Provavelmente se tratava de uma provocação dos torcedores rivais, já que a faixa não estava no setor destinado à torcida visitante no Estádio Olimpico de Caracas.[6]

Apesar de todo o alvoroço gerado na época, a Coligay não foi a primeira torcida organizada gay do Brasil. Antes já haviam surgido as torcidas “Fla-Gay” no Rio de Janeiro, torcida organizada gay do Flamengo e a torcida “Raposões Independentes” em Belo Horizonte, torcida organizada do Cruzeiro.

Referências

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