Língua catalã
Catalão Català | ||
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Falado(a) em: | Espanha Andorra Itália | |
Região: | Europa | |
Total de falantes: | mais do que 11,5 milhões [1] | |
Posição: | 75[1] | |
Família: | Indo-Europeu Itálico Românico Italo-Ocidental Galo-Ibérico Catalão | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | Andorra. Co-oficial em Catalunha, Comunidade Autônoma de Valência e Ilhas Baleares | |
Regulado por: | Instituto de Estudos Catalães Academia Valenciana da Língua | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | ca
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ISO 639-2: | cat | |
ISO 639-3: | cat
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O catalão (català) é uma língua românica, assim como o português, o francês, o espanhol, italiano, romeno e outras; derivada do latim vulgar. É língua materna de 5,2 milhões de pessoas; 9 milhões são capazes de falá-la e 11,5 milhões conseguem entendê-la bem e compreender.
O catalão é a língua oficial de Andorra. Na Catalunha (comunidade autónoma a nordeste de Espanha, na fronteira com o Rossilhão francês), nas Ilhas Baleares e na Comunidade Valenciana (onde é chamado também de valenciano), divide, com o espanhol, o estatuto de língua oficial. Também é falada na Faixa de Aragão (a leste de Aragão), na cidade de Algueiro (na Sardenha, na Itália) e no departamento dos Pirenéus Orientais, região conhecida como Catalunha do Norte (na França). Também tem falantes em El Carxe, um território da região espanhola de Múrcia que recebeu imigrantes valencianos.
Distribuído por uma superfície de 59 905 km², onde viviam 12 805 197 habitantes em 2006, as regiões de fala catalã incluem 1687 municípios, 9 dos quais têm apenas uma minoria catalanófona. Com os Decretos da Nova Planta, o catalão foi substituído como língua administrativa pelo espanhol, em 1716 na Catalunha, e no País Valenciano em 1707. Na Catalunha do Norte já fora similarmente substituído pelo francês em 1700. A oficialidade foi recuperada finalmente no último quartel do século XX, com a Transição Espanhola, depois da entrada dos diferentes estatutos de autonomia da Catalunha e do País Valenciano.
Polêmica sobre o valenciano
Historicamente ocorreram conflitos tanto sobre a denominação de "valenciano" como sobre a catalogação deste como língua ou dialeto dentro da língua catalã;[2] estas discussões são consideradas encerradas em parte por diferentes sentenças do Tribunal Superior de Justiça da Comunidade Valenciana[3][4] assim como da Acadèmia Valenciana de la Llengua, que reconhecem a unidade da língua.[3]
É um fato que na Espanha há duas denominações igualmente legais para designar esta língua: a de valenciano, estabelecida no Estatuto de Autonomia da Comunidade Valenciana, e a de catalão, reconhecida nos Estatutos de Autonomia da Catalunha e das ilhas Baleares.
Lugares onde se fala o catalão
- Catalunha
- Comunidade Valenciana (na que é denominado "valenciano")
- Ilhas Baleares
- Andorra
- Aragão (na Faixa de Aragão)
- Rossilhão (sul de França)
- Algueiro (Sardenha, Itália)
História linguística e política
O catalão desenvolveu-se por volta do século IX a partir do latim vulgar de ambos os lados dos Pirenéus (condados de Rossilhão, Ampúrias, Besalú, Cerdanha, Urgell, Pallars e Ribagorça). Compartilha as características do galo-romance e do ibero-romance. A língua espalhou-se para sul com a Reconquista em várias fases: Barcelona e Tarragona, Lleida e Tortosa, o antigo reino de Valência, e daí transplantada para as Ilhas Baleares e para a região de Algueiro, na Sardenha.
O catalão foi exportado no século XIII para as Ilhas Baleares e para o recém-criado Reino de Valência, por invasores catalães e aragoneses (nota-se que a região de língua catalã ainda se estende pela faixa oriental da actual região de Aragão). Durante este período, quase toda a população muçulmana das Ilhas Baleares foi expulsa, porém muitos camponeses muçulmanos permaneceram em várias áreas rurais do reino de Valência, tal como ocorrera antes na bacia inferior do rio Ebro (ou Catalunha Nova).
Durante os séculos XIII a XV, a língua catalã foi importante na região do Mediterrâneo. Barcelona era a cidade de destaque, e porto do então chamado império aragonês, uma confederação nominalmente regida pelo rei de Aragão (Aragão, Catalunha, Rossilhão, Valência, Ilhas Baleares, Sicília e Nápoles). Todos os escritores de prosas desta época usavam o nome 'catalão' para sua língua comum (ex.: o escritor catalão Ramon Muntaner, o maiorquino Ramon Llull, etc). A questão é mais complicada entre os poetas, pois estes escreviam numa espécie de língua artificial (do Languedoc) na tradição dos trovadores.
Durante os séculos XV e XVI a cidade de Valência ganhou proeminência na confederação, graças a vários fatores, incluindo mudanças demográficas e pelo facto de a corte real ter-se mudado para lá. Presume-se que como resultado desta mudança na balança de poder dentro da confederação, no século XV o nome 'valenciano' começou a ser usado por escritores de Valência para se referirem a esta língua.
No século XVI o nome 'Llemosí' (que significa "o dialeto occitano de Limoges") é registrado pela primeira vez como sendo usado para referir-se a esta língua. Esta atribuição não tem base filológica, mas é explicável pelo complexo quadro sócio-linguístico da poesia catalã desta época (o catalão versus o occitano trovadoresco). O próprio escritor Ausiàs March não tinha certeza sobre como chamar a língua na qual escrevia (é claramente mais próxima do catalão ou do valenciano contemporâneos, que do occitano arcaico).
Então, durante o século XVI, a maior parte da elite valenciana mudou de língua para o castelhano, como pode ser visto pela quantidade de livros impressos na cidade de Valência: no início do século, o latim e o catalão (ou valenciano) eram as principais línguas da imprensa, mas no final do século a língua de Castela era o principal idioma da imprensa. As regiões rurais e a classe trabalhadora urbana, no entanto, ainda continuaram a falar sua língua vernacular.
Durante a primeira metade do século XIX o catalão e o valenciano experimentaram um importante renascimento entre as elites graças à "Renaixença", um movimento cultural romântico. Os efeitos deste renascimento persistem ainda hoje.
Durante o regime de Franco (1939-1975), o uso do catalão foi banido, da mesma forma que as outras línguas regionais na Espanha, como o basco e o galego. Após a morte de Franco em 1975 e a restauração da democracia, recuperou o seu estatuto e a língua catalã é hoje usada na política, educação e nos meios de comunicação social, incluindo o jornal Avui ("Hoje") e o canal de televisão TV3 da Televisió de Catalunya (TVC).
Número de falantes no mundo e conhecimentos da língua
Regiões onde a língua tem estatuto oficial |
Região | Entendem | Sabem falar |
---|---|---|
Catalunha | 6.502.880 | 5.698.400 |
Comunidade Valenciana | 3.448.368 | 2.407.951 |
Ilhas Baleares | 852.780 | 706.065 |
Andorra | 62.013 | 57.395 |
Algueiro (Itália) | 34.525 | 26.000 |
Total | 10.900.566 | 8.895.811 |
Regiões onde a língua não tem estatuto oficial
Região | Entendem | Sabem falar |
---|---|---|
Catalunha Norte (França) | 256.583 | 145.777 |
Faixa de Aragão | 50.406 | 49.398 |
El Carxe (Múrcia) | Sem dados | Sem dados |
Resto do mundo | 350.000 | 350.000 |
Total | 656.989 | 545.175 |
Total de falantes
Região | Entendem | Sabem falar |
---|---|---|
Países Catalães | 11.207.555 | 9.090.986 |
Resto do mundo | 350.000 | 350.000 |
Total | 11.557.555 | 9.440.986 |
Conhecimentos da língua (2003-2004)
Região | Falam | Entendem | Leem | Escrevem |
---|---|---|---|---|
Catalunha | 84,7 | 97,4 | 90,5 | 62,3 |
Comunidade Valenciana | 57,5 | 78,1 | 54,9 | 32,5 |
Ilhas Baleares | 74,6 | 93,1 | 79,6 | 46,9 |
Catalunha Norte (França) | 37,1 | 65,3 | 31,4 | 10,6 |
Andorra | 78,9 | 96,0 | 89,7 | 61,1 |
Faixa de Aragão | 88,8 | 98,5 | 72,9 | 30,3 |
Algueiro (Itália) | 67,6 | 89,9 | 50,9 | 28,4 |
(% da população com 15 e mais anos).
Uso social do catalão
Regiões | Em casa | Na rua |
---|---|---|
Catalunha | 45 | 51 |
Comunidade Valenciana | 37 | 32 |
Ilhas Baleares | 44 | 41 |
Catalunha Norte (França) | 1 | 1 |
Andorra | 38 | 51 |
Faixa de Aragão | 70 | 61 |
Algueiro (Itália) | 8 | 4 |
(% da população com 15 e mais anos).
Segundo dados da UNESCO, o catalão é actualmente a vigésima segunda língua mais traduzida para outras línguas do mundo.[5] Segundo um estudo de Jordi Mas, de Softcatalà, o catalão é a vigésima terceira língua mais utilizada na Internet.[6]
Influências linguísticas
O catalão é considerado uma língua galo-românica, isto porque, o catalão e o occitano estiveram em contacto durante muitos anos por razões geopolíticas. O século XIX começa com uma invasão francesa que anexa, temporariamente, a Catalunha ao Império francês o que vem acentuar ainda mais as semelhanças entre o catalão e o occitano, que por sua vez tem também semelhanças com o francês. A língua occitana pode ser classificada como língua de adstrato, isto é, influenciam-se mutuamente, o catalão e o occitano. Quanto ás línguas de substrato em relação ao Latim, na época da romanização da Península Ibérica, temos as línguas dos povos gregos e cartagineses que habitavam na zona da actual Catalunha que, embora seja débil, é evidente na toponímia e algum léxico. Depois da romanização da Península Ibérica, o catalão foi evoluindo, tal como as outras variedades ibéricas, chegando a uma certa altura em que os falantes começaram a consciencializar-se que o que falavam não era mais o latim vulgar, trazido por soldados e "plebeu", mas sim um dialecto que com o tempo havia-se distanciado da sua origem, latina. Isto pode ser observado através de textos da altura escritos por pessoas pouco letradas que escreviam no seu "dialecto" (catalão na actualidade) e que através dos seus testemunhos deixavam escapar algumas "catalanices", desrespeitando a norma, que na época seria o Latim vulgar. Após a romanização da Península, esta é invadida por povos germânicos, os Visigodos, que expulsos pelos francos instalaram-se na Península, fazendo de Toledo a sua capital. Mas rapidamente, os Visigodos, perceberam o quão romanizada estava a Península e decidiram ao invés de impor a sua língua, adquirir a língua autóctone. Portanto, o superstrato germânico neste caso, reduz-se apenas a antropónimos, topónimos e algum léxico, ainda que pouco, por exemplo: guerra, espia e elmo (tipo de capacete). A maior influência foi, claramente, a influência da língua occitana, devido ao seu contacto permanente com a língua, invasões, etc. Influências posteriores às já referidas, é o castelhano, sendo este o mais flagrante, devido ao seu contacto e pressão sobre o catalão. Em 1137 dá-se a união entre o Reino de Aragão e o Condado de Barcelona, ou seja, a Catalunha aumentou o seu território mantendo a sua corte que continuava a usar o Catalão como língua de comunicação. Mais tarde, em 1479, a Coroa de Aragão (que incluía já a Catalunha) une-se a Castela, o Reino que mais prosperava na época. Isto comportou para o catalães a perda de uma corte catalã o que viria a ter repercussões negativas para o catalão. Quanto mais Castela avançava, mais progredia o castelhano em relação ás outras línguas. Desde a união de Aragão com Castela, isto 1479, sensivelmente, o catalão tem vindo a mostrar um desequilibro em relação ao castelhano, como mostram os últimos estudos da situação actual da língua.
Quanto à influência catalã noutras línguas, temos o subdialecto dos dialectos meridionais do espanhol Ibérico, o Murciano. Dialecto este falado na comunidade autónoma de Múrcia, que partilha alguns traços fonéticos com o catalão, salientando a conservação esporádica de surdas intervocálicas (acachar, pescatero) e a manutenção do grupo -ns- (ansa e panso (esp.: asa e paso)). Também partilha, o Murciano, algum léxico com o aragonês e o catalão, isto porque, quando Múrcia foi reconquistada pelos cristãos a região foi repovoada com catalãs, valencianos e aragoneses o que influenciou o dialecto que hoje conhecemos como o Murciano.[7]
Vocabulário
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Números
- 1: u / un (masc.) - una (fem.)
- 2: dos (masc.) - dues (fem.)
- 3: tres
- 4: quatre
- 5: cinc
- 6: sis
- 7: set
- 8: vuit /huit (na maior parte do País Valenciano)
- 9: nou
- 10: deu
Ver também
Referências
- ↑ a b http://www.ethnologue.com/ethno_docs/distribution.asp?by=size
- ↑ Manifesto da entidade El Rat Penat sobre denominação e filiação do Valenciano.
- ↑ a b Sentença da AVL sobre a unidade da língua.
- ↑ Sentença do TSJCV em favor da titulação de Filologia Catalana na Comunidade Valenciana
- ↑ Ranking de traduções
- ↑ Estudo sobre o uso do catalão na Internet
- ↑ Pilar García Mouton (1994). Lenguas y dialectos de Espanã (em Español) 1994 ed. Madrid: Arco Libros. 36 páginas. ISBN 84-7635-164-X Predefinição:Http://www.ramonllull.net/sw instituto/l br/historiadalingua.htm