Saltar para o conteúdo

Akodon cursor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Navegação no histórico de edições: ← ver edição anterior (dif) ver edição seguinte → (dif) ver última edição → (dif)

Akodon cursor
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Família: Cricetidae
Subfamília: Sigmodontinae
Gênero: Akodon
Espécies:
A. cursor
Nome binomial
Akodon cursor
Winge, 1888

Akodon cursor, popularmente denominado de rato-do-chão, é uma espécie de roedor da família Cricetidae.[2] Pode ser encontrada principalmente no Brasil, mas há relatos de existir também na Argentina e no Paraguai.[1][3]

É um roedor de tamanho médio, com comprimento da cabeça e corpo de 11–13 centímetros (4,3–5,1 in) e uma cauda de 8–11 centímetros (3,1–4,3 in) de comprimento. Os machos são maiores do que as fêmeas, pesando em média 54 gramas (1,9 oz), em comparação com 43 g (1,5 oz) das fêmeas. Possuem aparência típica de rato, com bigodes curtos e garras atarracadas nos pés.[4] O pelo possui cor castanho-claro ao castanho-escuro, sem limite definido com a pelagem do ventre, que é cinza-amarelada ou cinza-esbranquiçada.[5] Alguns têm uma mancha esbranquiçada entre as orelhas, mas isso não está presente em todos os indivíduos.[4]

A espécie integra o complexo específico A. Cursor, sendo muito semelhantes em aparência aos outros membros do grupo. Em particular, não podem ser facilmente distinguidos do camundongo Akodon montensis, que habita regiões vizinhas ao sul. Em média, é ligeiramente maior do que as espécies da Akodon montensis, mas pode ser mais facilmente distinguida pela presença de uma vesícula biliar.[4][6][7][8]

Distribuição e habitat

[editar | editar código-fonte]

Seu alcance geográfico é disputado. É definitivamente conhecido por habitar o leste do Brasil, da Paraíba ao Paraná, onde vive em fragmentos da Mata Atlântica tropical e matagal de restinga, vivendo em altitudes desde o nível do mar até 1 170 metros (3 800 pé). Algumas fontes[1] também relataram que foi encontrado mais ao sul, no extremo sul do Brasil, no leste do Paraguai e no norte da Argentina.[3] Estas últimas fontes carecem de uma análise genética definitiva dos indivíduos identificados, e foi argumentado que podem representar membros de outras espécies, como o Akodon montensis.[4] Não é subespécies reconhecidas.[1]

Geneticistas da Universidade Federal do Espírito Santo realizaram estudos de variabilidade genética e cariotípica e sugerem que existem distinção genética entre as populações do nordeste e sudeste. No momento, não existem evidências de se tratar de mais de uma espécie, mas acredita-se que este seja um caso de uma espécie em pleno processo de especiação.[9]

Biologia e comportamento

[editar | editar código-fonte]

É uma espécie onívora. Sua dieta principal consiste em pequenos artrópodes, especialmente Hymenoptera, besouros e aranhas; alimenta-se de forma complementar com sementes de Cecropia e outras plantas.[10] Procura alimento através de serapilheira e manchas de vegetação densa e são estritamente terrestres.[11][12] Mantém uma "área residencial" de 0,1–0,7 hectares, com as áreas dos machos sendo maiores do que as das fêmeas.[13] Embora o tamanho de suas áreas de habitação não mude, a densidade populacional torna-se significativamente maior durante a estação chuvosa, quando os insetos são mais abundantes.[14]

A espécie se reproduz ao longo do ano, embora a maioria dos nascimentos ocorra durante a estação seca entre junho e setembro. As fêmeas grávidas constroem ninhos globulares e dão à luz uma ninhada de dois a nove filhotes, em média quatro, após um período de gestação de 23 dias.[4][15]

É particularmente importante em termos de saúde pública, uma vez que foi considerada um reservatório de Hantavírus.[16]

Uma linha celular derivada de um lipossarcoma da espécie tem sido usada por cientistas biomédicos na construção de um painel para a identificação de cromossomos humanos em células híbridas.[17]

Referências

  1. a b c d Christoff, A.; Geise, L.; Fagundes, V.; Pardinas, U.; D'Elia, G. (2008). «Akodon cursor». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2008. Consultado em 9 de fevereiro de 2009  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  2. «Akodon cursor». Táxeus. 2021. Consultado em 14 de julho de 2021 
  3. a b Pardiñas, U.F.J.; et al. (2003). «The genus Akodon (Muroidea: Sigmodontinae) in Misiones, Argentina». Mammalian Biology. 68 (3): 129–143. doi:10.1078/1616-5047-00075 
  4. a b c d e Geise, L. (2012). «Akodon cursor (Rodentia: Cricetidae)». Mammalian Species. 44 (1): 33–43. doi:10.1644/893.1 
  5. «AKODON CURSOR». Mamíferos do Espírito Santo. 2021. Consultado em 14 de julho de 2021 
  6. Geise, L.; et al. (2004). «Presence or absence of gall bladder in some Akodontini rodents (Muridae, Sigmodontinae)». Mammalian Biology. 69 (3): 210–214. doi:10.1078/1616-5047-00136 
  7. Yazbeck, G.M.; et al. (2011). «Detection of two morphologically cryptic species from the cursor complex (Akodon spp; Rodentia, Cricetidae) through the use of RAPD markers». Genetics and Molecular Research. 10 (4): 2881–2892. PMID 22179960. doi:10.4238/2011.November.22.2 
  8. Fagundes, V.; Nogueira, C.D.A. (2007). «The use of PCR-RFLP as an identification tool for three closely related species of rodents of the genus Akodon (Sigmodontinae, Akodontini)». Genetics and Molecular Biology. 30 (3): 698–701. doi:10.1590/S1415-47572007000400031 
  9. Massariol, Cristina Dornelas (Maio de 2016). «Especiação em AKODON CURSOR (WINGE, 1887): uma abordagem multidisciplinar» (PDF). Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo. Consultado em 14 de julho de 2021 
  10. Carvalho, F.M.V.; et al. (1999). «Diet of small mammals in the Atlantic Forest fragments in southeastern Brazil». Revista Brasileira de Zoociências. 1 (1): 91–101 [ligação inativa] 
  11. Gentile R.; Fernandez, F.A.S. (1999). «Influence of habitat structure on a streamside small mammal community in a Brazilian rural area». Mammalia. 63 (1): 29–40. doi:10.1515/mamm.1999.63.1.29 
  12. Pardini, R. (2004). «Effects of forest fragmentation on small mammals in an Atlantic Forest landscape». Biodiversity and Conservation. 13 (13): 2567–2586. doi:10.1023/B:BIOC.0000048452.18878.2d 
  13. Gentile, R.; et al. (1997). «Home range of Philander frenata and Akodon cursor in a Brazilian Restinga (coastal shrubland)» (PDF). Mastozoologia Neotropical. 4 (2): 105–112 [ligação inativa] 
  14. Feliciano, B.R.; et al. (2002). «Population dynamics of small rodents in a grassland among fragments of Atlantic Forest in southern Brazil». Mammalian Biology. 67 (5): 304–314. doi:10.1078/1616-5047-00045 
  15. Aulchenko, Y.S. (2002). «Inheritance of litter size at birth in the Brazilian grass mouse (Akodon cursor, Sigmodontinae, Rodentia)». Genetics Research. 80 (1): 55–62. PMID 12448852. doi:10.1017/S0016672302005839 
  16. Lemos; et al. (2004). «Evidence of hantavirus infection in wild rodents captured in a rural area of the state of São Paulo, Brazil». Pesquisa Veterinária Brasileira. 24 (2): 71–73. doi:10.1590/S0100-736X2004000200004 
  17. Bonvicino, C.R.; et al. (2001). «Induction and characterization of hypoxanthine-phosphoribosyltransferase (Hprt−) deficient cell lines of Akodon cursor (Rodentia, Sigmodontinae)». Cytogenetics and Cell Genetics. 92 (1–2): 153–156. PMID 11306816. doi:10.1159/000056888 
Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Akodon cursor