Papai Noel
Papai Noel (português brasileiro) ou Pai Natal (português europeu), também conhecido como São Nicolau, Kris Kringle ou Santa Claus, é um personagem lendário originário da cultura cristã ocidental que acredita-se trazer presentes para as crianças durante a noite na véspera de Natal de brinquedos e doces, ou carvão ou nada, dependendo se são "boas ou más".[1][2][3] Ele supostamente consegue isso com a ajuda de elfos natalinos, que fazem os brinquedos em sua oficina, no Polo Norte, e renas voadoras que puxam seu trenó pelo ar.[4][5]
O personagem moderno do Pai Natal é baseado nas tradições folclóricas que cercam Nicolau de Mira, a figura inglesa de Father Christmas e a figura holandesa de Sinterklaas.
O Pai Natal é geralmente descrito como um homem corpulento, alegre, de barba branca, geralmente com óculos, vestindo um casaco vermelho com gola e punhos de pele branca, calças vermelhas, chapéu vermelho com pele branca e cinto e botas de couro preto, carregando uma sacola cheia de presentes para as crianças. Ele é comumente retratado rindo de uma forma que soa como "ho ho ho". Essa imagem tornou-se popular nos Estados Unidos e no Canadá no século XIX devido à influência significativa do poema "A Visit from St. Nicholas", de 1823. O caricaturista e cartunista político Thomas Nast também desempenhou um papel importante na criação da imagem do Pai Natal.[6][7][8] Essa imagem foi mantida e reforçada por meio de canções, rádio, televisão, livros infantis, tradições familiares de Natal, filmes e publicidade.
História
As primeiras representações do Pai Natal na história do cristianismo remontam à fusão dos personagens de São Nicolau com o "Pai Natal", dando origem ao personagem mítico conhecido pelo resto do mundo como as suas várias variações. Em várias das possessões ultramarinas inglesas, mais tarde nas colônias inglesas na América e, finalmente, em países como Canadá e Estados Unidos, as versões inglesas e holandesa do entregador de presentes foram fundidas no futuro. Por exemplo, no livro A History of New York escrito por Washington Irving em 1809, Sinterklaas foi anglicizado para Santa Claus.[9][10]
Divulgação
Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Pai Natal foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque, que lançou o poema Uma visita de São Nicolau, em 1822, escrito para os seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão onde ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do velhote bondoso, tais como entrar pela chaminé.
O caso da chaminé, inclusive, é um dos mais curiosos na lenda do Pai Natal. Alguns estudiosos defendem que isso se deve ao facto de que várias pessoas estavam habituadas a limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano.
No poema, chegaram várias tradições de diversas fontes e a verdadeira explicação da chaminé veio da Finlândia. Os antigos lapões viviam em pequenas tendas, semelhantes a iglus, que eram cobertas com pele de rena. A entrada para essa “casa” era um buraco no telhado.
A última e mais importante característica incluída na figura do Pai Natal é o seu casaco vermelho e brancao. Antigamente, ele usava roupa verde e costumava usar um gorro também verde na cabeça.
O seu visual atual foi obra do cartoonista Thomas Nast,[11] na edição de 1 de Janeiro de 1863 da revista Harper's Weeklys. Nalguns lugares na Europa, contudo, algumas vezes ele também é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo, tendo, em vez do gorro vermelho, uma mitra episcopal.
Uso do visual em publicidade
O visual vermelho e branco ganhou impulso em 1931, quando a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária usando um Pai Natal vestido conforme a criação de Nast.[11] Historicamente, a Coca-Cola não foi a primeira empresa de bebidas não alcoólicas a usar este visual moderno numa campanha publicitária: Já em 1915, a White Rock Beverages tinha-o feito para vender água mineral. Tornou a recorrer ao visual para um anúncio de ginger ale em 1923.[12][13][14] Ainda mais cedo, o gorducho vestido no atual fato vermelho e branco já tinha aparecido em várias capas da revista Puck nos primeiros anos do século XX.[15]
Lapónia
Nos países da Europa Setentrional, diz a tradição que o Pai Natal não mora propriamente no Polo Norte, mas sim na Lapónia, mais especificamente na cidade de Rovaniemi, onde de facto existe o "escritório do Pai Natal" bem como o parque conhecido como "Santa Park", que se tornou uma atração turística do local. Criou-se inclusive um endereço oficial como a residência do Pai Natal, a saber:
Destinatário: Santa Claus
Código postal: FIN-96930 Arctic Circle
Rovaniemi - Finlândia
Em função disso, a região de Penedo, distrito de Itatiaia, no Rio de Janeiro, que é uma colônia finlandesa, se autodeclarou como a "residência de verão" do Pai Natal.
As renas
As renas do Pai Natal são as únicas renas do mundo que sabem voar, ajudando-o a entregar os presentes para as crianças do mundo todo na noite de Natal. Quando o Pai Natal pede para serem rápidas, elas podem ser as renas mais velozes do mundo. Mas quando ele quiser, elas tornam-se lentas.
A quantidade de renas que puxam o trenó é controversa, tudo devido à rena conhecida como Rudolfo. Existe uma lenda que diz que Rudolfo teria entrado para a equipa de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante, que ajuda a guiar as outras renas durante as tempestades. E, a partir daquele ano, a quantidade de renas passou a ser nove, diferente dos trenós tradicionais, puxados por oito renas. Tal lenda foi criada em 1939 e retratada no filme Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho (1960 e 1998).
O nome das renas, em inglês são: Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner, Blitzen e Bernard. E em português são: Rudolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão, Relâmpago e Bernardo.
A agência que controla o espaço aéreo americano (North American Aerospace Defense Command) também instalou um "Santa Tracker" ("Rastreador de Pai Natal") em sete idiomas, onde se pode ver a localização atual e as próximas paragens do Pai Natal, acompanhado de suas lendárias renas.[16] O programa de rastreamento do Pai Natal pela agência é uma tradição que data de 1955, quando um anúncio no jornal Colorado veio com o número de telefone para conectar as crianças com o idoso bondoso e algumas chamadas caíram numa linha da NORAD por engano.[17]
O envio de correspondências
Cartas para santos ou de cunho religioso são uma prática existente desde a antiguidade, mas apenas a partir do século XX surgiu no mundo o ato de enviar cartas ao Pai Natal como um cunho familiar, ou seja, os pais da criança leem as cartas dela, e com a condição de serem bem-comportadas durante o ano, recebem o presente como sendo de autoria do Pai Natal; às vezes de forma tão ensaiada que chegam a acreditar fielmente em sua existência, identicamente ao coelho da páscoa.
Há, entretanto, versões oficiais ou semioficiais de pais natais no mundo receptoras de correspondências, e correspondem de acordo com algum critério de seleção (presentes com valor monetário não são entregues por razões óbvias). É comum encontrá-los em centros comerciais, praças centrais das cidades, hospitais e estabelecimentos públicos, etc. Na maioria destes lugares as cartas são entregues presencialmente ou depositadas no próprio ambiente.
No Brasil, os Correios recebem cartas oficialmente endereçadas ao Pai Natal desde 2001,[18] e o número de mensagens correspondidas equivaleu em 2008 em aproximadamente metade, selecionadas de acordo com o contexto ou com o valor financeiro do presente. As mensagens são enviadas aos funcionários do Correios, e todos os brasileiros podem se voluntariar a pegar uma das cartinhas nas agências dos Correios do país.[18]
Os correios dos países escandinavos também têm programas parecidos, mas preparados para correspondências de todo o planeta, uma vez que a Lapónia é terra dada como sendo oficialmente da origem do Pai Natal.[19] Na Finlândia inclusive, todas as cartas dirigidas a Pai Natal ou Santa Claus e com endereço Lapónia ou Polo Norte são direcionadas para a agência em Rovaniemi (capital da região da Lapónia), e segundo a própria agência, o endereço correto é: Santa Claus, Santa Claus’ Main Post Office, Tähtikuja 1, 96930, Arctic Circle, Finland.[20][21] As cartas recebidas com remetente recebem uma resposta em oito idiomas diferentes.[21]
Ver também
Referências
- ↑ «Santa Claus: History, Legend, & Facts». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2020
- ↑ Krulwich, Robert. «How Does Santa Do It?». ABC News. Consultado em 25 de dezembro de 2015 – via Good Morning America
- ↑ Calarco, Jessica McCrory (24 de dezembro de 2020). «The Real Problem With the 'Naughty List'». The Atlantic. Consultado em 17 de dezembro de 2021
- ↑ B. K. Swartz, Jr.; THE ORIGIN OF AMERICAN CHRISTMAS MYTH AND CUSTOMS Arquivado em 30 abril 2011 no Wayback Machine; Retrieved 22 December 2007
- ↑ Jeff Westover; The Legendary Role of Reindeer in Christmas Arquivado em 3 agosto 2012 no Wayback Machine; Retrieved 22 December 2007
- ↑ Coke denies claims it bottled familiar Santa image, Jim Auchmutey, Rocky Mountain News, 10 December 2007.
- ↑ «Santa's arrival lights up the Green». Consultado em 2 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2012
- ↑ Restad, Penne L. (5 de dezembro de 1996). Christmas in America: A History. [S.l.: s.n.] ISBN 9780195355093
- ↑ Muehlhausen, Michael (21 de dezembro de 2015). «The Christmas Conspiracy (or How New Yorkers Created Santa Claus)». Edible Manhattan (em inglês). Consultado em 24 de dezembro de 2023
- ↑ «Christmas Was Invented in New York». Bloomberg.com (em inglês). 13 de dezembro de 2019. Consultado em 24 de dezembro de 2023
- ↑ a b «Nast, Thomas: "Merry Old Santa Claus" - Encyclopædia Britannica». Britannica.com. Consultado em 11 de junho de 2013
- ↑ The White Rock Collectors Association, "Did White Rock or The Coca-Cola Company create the modern Santa Claus Advertisement?," whiterocking.org, 2001 Retrieved 2007-01-19.
- ↑ White Rock Beverages, "Coca-Cola's Santa Claus: Not The Real Thing!," BevNET.com, December 18, 2006.
- ↑ White Rock Beverages, "Coca-Cola's Santa Claus: Not The Real Thing!," BevNET.com, December 18, 2006 . Retrieved 2007-01-19.
- ↑ thumb|Santa Claus on the 1902 cover of Puck magazine, thumb|Santa Claus on the 1904 cover of Puck magazine, thumb|Santa Claus on the 1905 cover of Puck magazine.
- ↑ O mapa pode ser seguido no site http://www.noradsanta.org Arquivado em 22 de fevereiro de 2011, no Wayback Machine.
- ↑ [1] AFP, acessado em 28 de dezembro de 2009
- ↑ a b Papai Noel recebe mais cartinhas de crianças a cada ano, dizem Correios O Globo, acessado em 28 de dezembro de 2009
- ↑ Lapônia: a terra do Papai Noel[ligação inativa]
- ↑ «How to Write a Letter to Santa Claus | Visit Finnish Lapland». House of Lapland (em inglês). 14 de novembro de 2018. Consultado em 6 de agosto de 2021
- ↑ a b Cartas para Papai Noel agitam o correio do Pólo Norte Olhar direto, acessado em 28 de dezembro de 2009