Ketikoti
Ketikoti pronunciado [ˈkɪti ˈkɔti] (também grafado Keti Koti) é o dia festivo celebrado em 1 de julho no Suriname para comemorar a abolição da escravidão neste país. O nome significa "correntes quebradas" em sranan.[1]
Origem
[editar | editar código-fonte]Em 1 de julho de 1863, os Países Baixos aboliram a escravidão no Suriname e nas Antilhas Neerlandesas.[2] No entanto, os escravos no Suriname não estavam completamente livres até 1873, após um período de transição obrigatório de dez anos durante o qual eles foram forçados a trabalhar nas plantações do país por um pagamento mínimo e sem que o Estado sancionasse a tortura. Os donos receberam 200 ou 300 florins de recompensa por cada escravo do Estado Holandês.[3] A partir de 1873, numerosos ex-escravos deixaram as plantações, e se mudaram para a cidade de Paramaribo.
Keti Koti no Suriname
[editar | editar código-fonte]No Suriname, este feriado é oficialmente chamado de Dag der Vrijheden (= Dia da Liberdade),[4] mas o festival também é conhecido como Kettingsnijden, ou correntes cortadas.
Um ponto alto das festividades é o Bigi Spikri ("Grande Espelho"), um desfile com roupas coloridas e muitas vezes tradicionais,[5] em que as mulheres geralmente carregam pequenos guarda chuvas brancos.
Estátua
[editar | editar código-fonte]Por ocasião do centenário da abolição da escravatura, em 1963, foi inaugurada uma estátua em Paramaribo, capital do Suriname. Representa a captura de um escravo fugitivo e simboliza a busca pela liberdade. A estátua chama-se Kwakoe.
Keti Koti nos Países Baixos
[editar | editar código-fonte]Desde 2009, uma comemoração (nacional) e celebração da abolição da escravidão foi organizada no Oosterpark em Amsterdã. Desde 1º de julho de 2002, este parque abriga o Monumento Nacional do Passado Escravocrata.[4] Em 2013, Roterdã também ganhou um Monumento à Escravidão. Está localizado no Lloydkwartier, nas margens do Nieuwe Maas, no local onde muitos comerciantes de escravos partiram para a África de navio. Desde então, várias cidades seguiram o exemplo.
O Instituto Nacional Holandês da História e Legado da Escravidão (NiNsee) organiza anualmente um programa Ketikoti em junho, incluindo a Palestra Keti Koti.[6]
Em 1 de julho de 2021, a prefeita de Amsterdã Femke Halsema emitiu um pedido oficial de desculpas "pelo importante papel que esta cidade e seus administradores desempenharam no tráfico de seres humanos".[7][8] No mesmo dia, o Advisory Board Dialogue Group Slavery Past entregou o relatório Shackles of the Past á Ministra dos Assuntos Internos e do Reino Kajsa Ollongren. No relatório o governo é convocado a estabelecer o dia 1º de julho como um novo feriado nacional.[9]
Durante o Keti Koti, o herheri (também conhecido como heriheri ou heri heri) é frequentemente comido,[10] um prato surinamês de frutas da terra, como mandioca e batata-doce com ovo, banana e bacalhau.[11] O prato vem da tradição de preparação de alimentos dos afro-surinameses, que se originou durante a escravidão.[11] Desde 2020, o grátis heriheri é distribuído anualmente no Ketikoti em vários lugares na Holanda pela Free Heri Heri.[10][12]
No dia primeiro de julho de 2023, o Rei Willem-Alexander fez um discurso durante o Keti Koti em Amsterdã, dia que marcou os 150 anos da abolição da escravidão, no qual pediu desculpas pelo papel que os Países Baixos desempenharam na escravidão no passado.[1][13][14] Ele também pediu perdão, porque seus ancestrais não intervieram contra o sistema na época.[13]
Referências
- ↑ a b «Rei da Holanda pede desculpas pelo papel do país na exploração do trabalho escravo». G1. 1 de julho de 2023. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ «Keti Koti Festival» (em inglês). Município de Amsterdam. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ «Afschaffing slavernij was vooral een feest voor eigenaren» (em neerlandês). Trouw. 1 de julho de 2013. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ a b «Alles wat je moet weten over bevrijdingsfeest Keti Koti». nu.nl (em neerlandês). 30 de junho de 2019. Consultado em 3 de julho de 2020
- ↑ Glorie, Ingrid; Zorgman, Elize (2 de julho de 2018). «Keti Koti». voertaal.nu (em neerlandês). Consultado em 3 de julho de 2020
- ↑ Terlage, Sylvana (30 de maio de 2020). «Geschiedenis onderkennen kan helpen om samenleving eerlijker en gelijker te maken» (em neerlandês). Nationaal Instituut Nederlands Slavernijverleden en erfenis. Consultado em 1 de julho de 2020
- ↑ «Halsema biedt excuses aan voor slavernijverleden Amsterdam» (em neerlandês). de Volkskranst. 1 de julho de 2021. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ «Halsema biedt excuses aan voor rol Amsterdam in slavernijverleden» (em neerlandês). Algemeen Dagblad. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ Adviescollege Dialooggroep Slavernijverleden, Ketenen van het Verleden (PDF), Rapport van bevindingen, Governo dos Países Baixos, 26 de julho de 2021
- ↑ a b Sahadat, Ianthe; Uijtewaal, Rosa (29 de junho de 2022). «Het programma van Keti Koti maakt duidelijk: de herdenking van drie eeuwen slavernij is van ons allemaal» (em neerlandês). de Volkskrant. Consultado em 2 de julho de 2022
- ↑ a b Boogaard, Juliët (30 de junho de 2021). «Reportage - De Surinaamse geschiedenis kun je op je bord terugzien» (em neerlandês). NRC Handelsblad. Consultado em 2 de julho de 2022
- ↑ «Free Heri Heri». www.freeheriheriforall.com (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2023. Cópia arquivada em 31 de março de 2022
- ↑ a b «Koning biedt excuses aan voor slavernij» (em neerlandês). NOS. 1 de julho de 2023. Consultado em 1 de julho de 2023
- ↑ «Kijk hier de hele toespraak met excuses van de koning terug» (Vídeo) (em neerlandês). NOS. 1 de julho de 2023. Consultado em 1 de julho de 2023
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Ketikoti no Wikimedia Commons
- «Live: Keti Koti 2023» (em neerlandês)
- «Keti Koti 2023 en de excuses van de koning: een terugblik op de dag» (em neerlandês)