Templo de Pashupatinath
Templo de Pashupatinath पशुपतिनाथको मन्दिर | |
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Vista exterior do recinto do templo principal e de um dos ghats à beiro do rio Bagmati onde são realizadas cremações | |
Informações gerais | |
Tipo | templo |
Religião | hinduísmo |
Ano de consagração | Xiva |
Website | http://www.pashupati.org.np |
Área | 83,55 hectare, 11,55 hectare |
Geografia | |
País | Nepal |
Cidade | Catmandu |
Coordenadas | 27° 42′ 38″ N, 85° 20′ 55″ L |
Localização do Templo de Pashupatinath no Nepal |
O Templo de Pashupatinath (em nepali: पशुपतिनाथको मन्दिर) ou Pashupati é um complexo religioso e um dos santuários dedicados ao deus hindu Xiva mais reverenciados do mundo. O templo, situado em ambas margens do rio Bagmati (sagrado para os hindus), na parte oriental de Catmandu, Nepal, é dedicado à divindade nacional, Pashupati (ou Shree Pashupatinath; em nepalês e hindi: श्री पशुपतिनाथ), o avatar de Xiva como Senhor dos Animais, e faz parte do sítio "Vale de Catmandu", inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO desde 1979.[1]
O templo é um dos 275 Paadal Petra Sthalams (Abóbadas Sagradas de Xiva). A Samhita Kotirudra, relata na Xiva Purana, no capítulo XI, acerca dos "Shivalingas do norte" que o Shivalingam de Pashupatinath é o melhor na concessão de desejos. No quem não tivesse nascido hindu não era autorizado a entrar no recinto do templo propriamente dito, podendo apenas admirá-lo da margem esquerda do Bagmati, que também faz parte do complexo. Essas normas foram relaxadas nos últimos anos devido à ocorrência de muitos incidentes.
Uma das principais celebrações no templo é o festival Maha Shivaratri, durante o qual mais de 700 000 devotos acorrem ao complexo diariamente.[2]
Lendas da origem do templo
[editar | editar código-fonte]O Templo de Pashupatinath é o templo hindu mais antigo de Catmandu. Não se sabe ao certo quando foi construído, embora uma tradição fale do século III a.C. e algumas fontes falem no início do século V d.C.[carece de fontes] Nas casas-pagode ricamente decoradas guarda-se o lingam sagrado, o símbolo santo do Senhor Xiva. Segundo o Nepalamahatmya e o Himvatkhanda, a divindade a que é consagrado adquiriu grande fama como Pashupati, o Senhor de todos os Pashus, ou seja, de todos os seres vivos e não vivos.[3] A criação do templo é descrita por muitas lendas.
Lenda do veado
[editar | editar código-fonte]Xiva e a sua esposa Parvati passaram ao vale de Catmandu e descansaram junto ao rio Bagmati quando estavam em viagem. Xiva ficou tão impressionado pela beleza do local e pela floresta em volta que ele e Parvati se transformaram em veados e foram para dentro da floresta. Há muitos locais no vale de Catmandu identificados como sítios onde Xiva esteve durante o tempo em que assumiu a forma de veado. Depois de algum tempo, as pessoas e os deuses começaram a procurar Xiva. Finalmente encontraram-no na floresta, depois de várias peripécias, mas ele recusou-se a sair dali. Seguiram-se mais peripécias, mas Xiva acabou por anunciar que, por ter vivido junto ao Bagmati na forma de veado, ele passaria a ser conhecido como Pashupatinath, o senhor de todos os animais. Diz-se que quem quer que ali fosse e contemplasse o lingam que ali apareceu não voltaria a reencarnar como um animal.[carece de fontes]
Uma versão desta lenda é contada no Nepalamahatmya e no Himvatkhanda — Xiva fugiu de Varanasi e dos outros deuses e foram para Mrigasthali, a floresta do outro lado do rio Bagmati. Ali adormeceu com a sua consorte Parvati na forma de uma gazela. Quando os deuses o descobriram e tentaram levá-lo de volta para Varanasi, Xiva saltou para o outro lado do rio, onde partiu em quatro pedaços um dos seus cornos. Depois disso Xiva passou a manifestar-se como Pashupati (Senhor dos Animais) num lingam de quatro faces (chaturmukha).[3]
Lenda da vaca
[editar | editar código-fonte]Certa vez o Senhor Xiva tomou a forma de um antílope e andou incógnito pela floresta na margem oriental do rio Bagmati. Mais tarde os deuses encontraram-no e apanharam-no segurando-o pelos cornos, forçando-o a retomar a sua forma divina. O corno partido foi adorado como um lingam mas depois foi enterrado e perdeu-se. Séculos mais tarde, um pastor ficou atónito ao dar com uma das suas vacas regando a terra com o seu leite. Depois de escavar bastante fundo, o pastor descobriu o lingam sagrado de Pashupatinath.[1]
Uma lenda semelhante a esta envolve uma vaca que concedia desejos chamada Kamadhenu. Esta vaca tinha o seu abrigo numa caverna da montanha Chandravan e todas as manhãs descia até ao local onde o lingam estava enterrado e deitava o seu leite para o solo. Após dez mil anos, algumas pessoas viram Kamadhenu deitar leite para o chão todos os dias no mesmo sítio e começaram a interrogar-se o que seria aquilo. Por isso escavaram a terra e descobriram um belo lingam reluzente. Depois de terem olhado para ele fixamente, as pessoas desapareceram para dentro do lingam, libertando-se do pecado e do ciclo dos renascimentos. Com o passar do tempo cada vez mais pessoas desapareciam no lingam, o que motivou uma grande preocupação a Brama.[4]
Lenda de Sati (Shakti Peetha)
[editar | editar código-fonte]Outra das histórias envolve a encarnação de Parvati como Sati, que renunciou à vida porque o seu pai Daksha não respeitava Xiva. Desolado por tê-la perdido, Xiva vagueou pelo mundo carregando o seu cadáver. Onde quer que partes do corpo de Sati caíram, foram construídos templos, incluindo o de Templo de Guhyeshvari, junto ao complexo de Pashupatinath.[4]
O Shákti Peetha, o santuário divino da Deusa Mãe, situa-se perto do Templo de Pashupatinath. Diz-se qye o templo é a Shákti de Xiva no templo de Pashupatinath. O santuário, chamado Templo de Guhyeshvari, é um dos 51 Shakti Peethas mais importantes em toda a Ásia Meridional; situa-se perto do rio Bagmati.[carece de fontes]
Lenda do Linchchhavi
[editar | editar código-fonte]Segundo a Gopalraj Vamsavali, a crónica mais antiga do Nepal, o templo foi construído por Supuspa Deva, um rei Linchchhavi, que de acordo com a inscrição em pedra erigida por Jayadeva XI no pátio de Pashupatinath em 753 d.C., foi o governante 39 gerações antes de Manadeva (r. 464–505).[1]
Lenda de Devalaya
[editar | editar código-fonte]Outra crónica relata que o Templo de Pashupatinath tinha a forma de um Devalaya (templo hindu) antes de Supuspa Deva ter mandado construir o templo de cinco andares no mesmo local. Com o passar do tempo surgiu a necessidade de reparar e reanovar o templo. Sabe-se que o templo foi reconstruído por um rei medieval chamado Shivadeva (r. 1099–1126). Foi depois renovado por Ananta Malla, que acrescentou um telhado.[1]
Lenda de Vixnu, Buda, Parvati e da cidade de ouro
[editar | editar código-fonte]Na forma de Buda, Vixnu veio de Saurashtra (no nordeste da Índia) e meditou na montanha Mandihatu no meio de quatro fogos e com o sol como quinto fogo acima da sua cabeça. A meditação foi tão intensa que criou o rio Manimati. Buda também deleitou Parvati, que lhe apareceu na forma da deusa budista Vajrayogini e ofereceu a Buda uma dádiva. Buda desejava que sempre houvesse pessoas budistas na terra sagrada do vale de Catmandu. Parvati deu a dávida a Buda e disse que nessa terra santa do Nepal os devotos de Xiva e budistas iriam viver em harmonia. De seguida Parvati pediu a Buda que colocasse um ligam na confluência dos rios Bagmati e Manimati. E Buda estabeleceu então o Karunikeshvara ali.[4]
Os deuses construíram um grande edifício de ouro para ficarem perto de Pashupatinath e chamaram-lhe Maheshvarepuri. A cidade de ouro e rubis foi chamada Pashupatipuri e no seu centro tinha o lingam de Pashupatinath brilhando intensamente. No fim do Dvapara Yuga, a cidade de ouro transformou-se em pedra, madeira e terra. No Kali Yuga, o lingam tinha-se enterrado fundo no solo e os deuses voltaram a viver nos seus céus.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Não se sabe ao certo quando Pashupatinath foi fundado. Segundo a tradição, foi construído pelo rei Pashupreksha da dinastia Somadeva, no século III a.C., mas os primeiros registos históricos datam do século XIII. É provável que a seita xivaíta Pashupata esteja relacionada com a fundação do templo. Pashupati foi uma divindade tutelar dos antigos governantes do vale de Catmandu. Em 605 d.C. Amshuvarman considerou-se favorecido por ter tocado nos pés do deus. No final da Idade Média já tinham sido construídas muitas imitações do templo, como uma em Bhaktapur (1480), outra em Lalitpur (Patan; 1566) e outra em Benares (início do século XIX). O templo original foi várias vezes destruído e reconstruído.[3]
O edifício principal atual foi erigido em 1697 pelo rei Bhupalendra Malla[3] (ou Bhupatindra) depois do anterior ter sido destruído por térmitas.[5] Em volta deste edifício de dois andares há inúmeros templos mais pequenos. Estes incluem o complexo de templos vixnuítas com um templo Ram do século XIV e o Templo de Guhyeshwari que é mencionado num manuscrito do século XI.[carece de fontes]
Os sacerdotes que dirigem o culto neste templo são brâmanes Bhatt originários de Karnataka, no sul da Índia, desde há 350 anos. Os sacerdotes de Pashupatinath são chamados Bhattas e o seu líder é chamado Mool Bhatt ou Raval. No tempo da monarquia, este respondia apenas ao rei do Nepal, a quem reportava periodicamente.[carece de fontes]
Também foi dado lugar aos brâmanes Nambudiri de Querala para praticarem os rituais. O marajá de Travancore selecionou um sacerdote e enviou-o para Pashupatinath. Esta tradição terá sido iniciada a pedido de Adi Shankaracharya, que procurava unificar os diferentes estados de Bharatam (Grande Índia) através do fomento dos intercâmbios culturais.[carece de fontes]
Uma característica única do templo é que só quatro sacerdotes podem tocar na divindade. Supõe-se que esta tradição foi iniciada Shankaracharya no século VIII, alegadamente para acabar com os sacrifícios humanos que eram comuns no templo. Esta tradição é também seguida noutros templos por toda a Índia que foram santificados por Adi Shankaracharya. Os reis Malla honraram o pedido de Adi Shankaracharya, pois este era considerado um dos maiores acharyas hindus de sempre.[carece de fontes]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]O complexo de Pashupatinath encontra-se no centro da cidade suburbana de Deopatan. O templo principal, Pashupatinath propriamente dito, ergue-se no meio de um pátio aberto. Trata-se de um pagode quadrado, com dois tetos, com 23,6 metros de altura, construído sobre um plinto com um só nível. Todas as características do estilo dito pagode nepalês encontram em Pashupatinath. O edifício é constituído por construções cúbicas assentes em traves de madeira finamente esculpidas (tundal) com relevos em madeira representando membros da família de Xiva, como Parvati, Ganexa, Kumar e as Yoginis, além de Hanuman, Rama, Sita, Lakshmana e outros deuses e deusas do Ramaiana. Estas estruturas que suportam os telhados datam do final do século XVII. Os tetos são de cobre coberto a ouro e o superior é encimado por um pináculo de ouro (Gajur), o qual é um símbolo de pensamento religioso.[3]
Em cada um dos lados tem portas ricamente decoradas, chapeadas a ouro e prata. Em cada um dos lados de cada porta há nichos de vários tamanhos, que contêm imagens pintadas a ouro de divindades guardiãs. A porta ocidental tem uma grande estátua do touro Nandi folheada a bronze. Dentro do templo há um ambulatório estreito em volta do sacrário. Este contém um lingam de pedra negra com 1,8 metros e de perímetro, com quatro faces (chaturmukha), com representações de Pashupati e imagens de Vixnu, Surya, Devi e Ganexa.[3]
No amplo complexo de Pashupatinath há muitos mais templos, santuários e estátuas, alguns deles antigos e importantes. A sul do templo principal, por exemplo, encontra-se Chadeshvar, um lingam com inscrições do período Licchavi, datado do século VII. A norte há um templo de Brama do século IX. No lado sul encontra-se a Dharmashila, uma pedra onde são prestados juramentos sagrados e onde há estátuas de vários reis Shah.[3]
No canto nordeste do pátio do templo ergue-se o pequeno templo pagode de Vasuki, o rei dos Nagas. Vasuki tem a forma de uma naga (a serpente mística) da cintura para cima, enquanto que a parte de baixo é composta por um emaranhado de corpos de serpentes. Segundo a crença local, Vasuki passou a residir ali para proteger Pashupati. É comum verem-se devotos a andar à volta e a venerar Vasuki antes de entrarem no santuário principal.[3]
O rio Bagmati, que atravessa o complexo e corre junto ao templo principal, tem propriedades altamente sagradas. Nas margens há muitos ghats (locais para banhos e cremações) para uso dos peregrinos. A renovação destes locais sempre foi vista como meritória. O Arya Ghat, datado no início dos anos 1900, tem uma importância especial porque é o único sítio onde pode ser obtida a água lustral para o templo de Pashupatinath e é onde os membros da família real eram cremados. O principal local de cremação é o Bhasmeshvar Ghat, o mais usado do vale de Catmandu. O local preferido pelas mulheres para tomarem banho é o Gauri Ghat, situado a norte. Na margem esquerda do Bagmati, oposta ao templo principal, há 18 santuários votivos, os Pandra Shivalaya, construídos para guardarem lingas em memória dos mortos entre 1859 e 1869.[3]
No complexo funciona um asilo de idosos das Missionárias da Caridade, a congregação católica fundada pela Madre Teresa de Calcutá.
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Pashupatinath Temple», especificamente desta versão.
- ↑ a b c d «Pashupatinath Temple. The Holiest Hindu Temple» (em inglês). SAARC Tourism. nepal.saarctourism.org. Consultado em 18 de abril de 2014. Arquivado do original em 22 de julho de 2010
- ↑ «Pashupatinath Temple expects over 7 Lakhs Devotees on Mahashivratri» (em inglês). Biharprabha.Com. 23 de fevereiro de 2014. Consultado em 18 de abril de 2014
- ↑ a b c d e f g h i «Pashupatinath Temple, Kathmandu» (em inglês). www.sacred-destinations.com. Consultado em 18 de abril de 2014
- ↑ a b c d «How Shiva settled as Pashupatinath in Kathmandu Valley» (em inglês). www.nepal-pilgrimage.com. Arquivado do original em 29 de maio de 2013
- ↑ McCarta, Robertson (1990), Nelles Guide to Nepal (em inglês), Nelles Verlag, p. 94
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Top-Rated Tourist Attractions in Pashupatinath» (em inglês). www.planetware.com. Consultado em 26 de abril de 2014
- Ghimire, Yubaraj (5 de janeiro de 2005). «Nepal Govt defies court order, Maoists assault Pashupatinath priests» (em inglês). indianexpress.com. Consultado em 18 de abril de 2014
O Templo de Pashupatinath está incluído no sítio "Vale de Catmandu", Património Mundial da UNESCO. |