Zeitgeist, o Filme
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Zeitgeist, o Filme | |
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Zeitgeist, the Movie | |
Estados Unidos 2007 • cor • 116 min | |
Direção | Peter Joseph |
Idioma | inglês |
Zeitgeist, o Filme (Zeitgeist, the Movie, no original) é um filme de 2007 produzido por Peter Joseph que aborda temas como Cristianismo, os ataques de 11 de setembro e a fundação do Banco Central dos Estados Unidos da América (Federal Reserve).[1] Ele foi lançado online livremente via Google Video em Junho de 2007.[2] Uma versão remasterizada foi apresentada como um première global em 10 de novembro de 2007 no 4th Annual Artivist Film Festival & Artivist Awards.[3]
Em 2 de outubro de 2008 foi lançado um segundo filme, continuação do primeiro, chamado Zeitgeist: Addendum, no qual se tratam temas como a globalização e a manipulação do homem pelas grandes corporações e instituições financeiras, e aborda a atual insustentabilidade financeira, material e moral da humanidade, apresentando o Projeto Vênus como possível solução para o problema.
O filme é estruturado em três seções:
- Primeira parte: "The Greatest Story Ever Told" ("A maior história já contada") - Aos 13 min
- Segunda parte: "All The World's A Stage" ("O mundo inteiro é um palco") - Aos 40 min
- Terceira parte: "Don't Mind The Men Behind The Curtain" ("Não se importem com os homens atrás da cortina")- À 1h 14 min*
Estrutura do filme
[editar | editar código-fonte]Primeira Parte: The Greatest Story Ever Told (A maior história já contada)
[editar | editar código-fonte]A primeira parte do filme é uma avaliação crítica da religião, com principal incidência no cristianismo, se utilizando de argumentos[4] do livro "The Christ Conspiracy, The Greatest Story Ever Sold" (A Conspiração Cristo, A Maior História Já Vendida) da autora teosofista Acharya S,[5] sendo que é a própria autora defende sua teoria no Guia Oficial do filme, disponível no site oficial.[6]
O filme afirma que Jesus é um mito astrológico, e que a Bíblia se trata de uma miscelânea de histórias baseadas em princípios astrológicos pertencentes a civilizações antigas (Egito especialmente). Um argumento semelhante é apresentado pelo escritor Fernando Vallejo no livro La puta de Babilonia, e diversos outros autores teosofistas e gnósticos. A atenção do filme se foca inicialmente no movimento do Sol e das estrelas, fato este que é uma das características das religiões "pagãs" pré-cristãs. É então apresentada uma série de semelhanças entre a história de Jesus e a de Hórus, o "deus Sol" egípcio. Há referência sobre o papel de Constantino na formação da Igreja e seus dogmas.
As comparações mostradas no filme sugerem que a história de Jesus foi baseada em várias outras histórias de deuses mais antigos, principalmente, Hórus. Críticas foram proclamadas contra essas afirmações, e se criaram até ministérios especializados no assunto Mito de Jesus[7]
Uma das tabelas comparativas do filme
Hórus | Jesus |
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Chamado de KRST, traduzido com Cristo | Chamado de Cristo |
Messias de Osíris | Messias de Yahweh |
Nascido da Virgem Ísis-Meri | Nascido da Virgem Maria |
Presenteado por três reis | Presenteado por três reis |
Considerado uma criança prodígio | Considerado uma criança prodígio |
Andou sobre as águas | Andou sobre as águas |
Ressuscitou um homem chamado El-Azar-Us | Ressuscitou um homem chamado Lázaro |
Escolheu e teve 12 discípulos | Escolheu e teve 12 discípulos |
Disse que é o Caminho, a Verdade e a Vida | Disse que é o Caminho, a Verdade e a Vida |
Disse que é o príncipe da eternidade | Disse que é a luz do mundo |
Foi traído por um de seus apóstolos, Tifão | Foi traído por um de seus apóstolos, Judas |
Era considerado "O rei dos egípcios" | Era considerado "O rei dos judeus" |
Previu a sua morte um dia antes | Previu a sua morte um dia antes |
Ressuscitou 3 dias depois da morte | Ressuscitou 3 dias depois da morte |
Segunda Parte: All The World's a Stage (O mundo inteiro é um palco)
[editar | editar código-fonte]A segunda parte do filme foca-se nos ataques de 11 de setembro de 2001. O filme sugere que o governo dos Estados Unidos tinha conhecimento destes ataques e que a queda do World Trade Center foi uma demolição controlada pelo próprio governo norte-americano. O filme assegura que a NORAD, entidade responsável pela defesa aérea dos Estados Unidos, tinha sido propositadamente embaralhada no dia dos ataques com exercícios simulados em que os Estados Unidos estavam a ser atacados por aviões sequestrados, justamente na mesma área dos reais ataques; mostra dezenas de testemunhas e reportagens que sugerem que as torres ruíram não por causa dos aviões, mas por explosões internas e sabotagens; demonstra as ligações entre a família Bush e a família Bin Laden, parceiros comerciais de longa data, entre outras teorias intrigantes e alarmantes acerca da política mundial atual.
Terceira Parte: Don't Mind The Men Behind The Curtain (Não se importe com os homens por detrás da cortina)
[editar | editar código-fonte]A terceira parte do filme focaliza-se no sistema bancário mundial, que supostamente tem estado nas mãos de uma elite que detém o verdadeiro poder sobre todos os países a eles associados, e na sua conspiração para obter um domínio mundial total eles tem modelado toda a mídia e cometido diversos crimes, muitos deles encenações para fins ocultos. O filme denuncia que o Banco Central dos Estados Unidos da América foi criado para roubar a riqueza dos Estados Unidos e também demonstra, como exemplo, o lucro que foi obtido pelos bancos durante a Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã, Invasão do Iraque, Guerra do Afeganistão, e a hipotética futura invasão à Venezuela para obtenção de petróleo e comércio de armamento. O filme descreve a conspiração destes banqueiros, argumentando que o objetivo deles é o controle sobre toda a Humanidade através da implantação de um chip localizador e identificador RFID através do qual todas as operações e interações humanas serão realizadas, escravizando por fim a humanidade. Estão secretamente criando um governo unificado, com exército unificado, moeda unificada MONDEX, e poder unificado NWO, e que servirá apenas aos interesses dessa elite. Segundo o filme, o aspecto mais impressionante disso tudo é que tais mudanças serão não só aceitas, como pedidas pelo próprio povo naturalmente, pois está sendo manipulado pela mídia, principalmente através de programas de entretenimento da TV que distraem a população dos assuntos importantes e pertence à elite global.
Críticas
[editar | editar código-fonte]Críticas à primeira parte
[editar | editar código-fonte]Doutor em história do Novo Testamento e membro do Sínodo da diocese de Sydney, o Dr. Chris Forbes,[8] professor da Universidade Macquarie (Sydney, Austrália), criticou severamente em uma entrevista a primeira parte do filme, como carente de base no mundo académico sério. Forbes também afirma haver vários erros e trechos que não são verdadeiros.[9][10]
Dr. Chris Forbes lembra que Rá, não Hórus, é o deus egípcio do Sol, e que não há nenhuma prova nas fontes egípcias que a deusa Ísis, mãe de Horus, ser uma virgem. Igualmente, Krishna (o oitavo filho), Dioniso (cuja mãe tinha dormido com Zeus) e Átis, não teriam nascido de virgens. Assinala que o jogo de palavras inglesas "son" (filho) e "sun" (sol) não funciona nem em latim, nem na antiga língua egípcia, nem em grego (koiné), e que a data 25 de dezembro não é parte de nenhum dos mitos, bem como inexiste na história de Jesus, para a qual o dia do Natal foi instituído como feriado já com conhecimento pleno de que a data real do nascimento deste, era desconhecida.
Também critica a forma manipulada no uso das fontes romanas para sugerir que Jesus não existiu, afirmando que a longa lista mostrada rapidamente de historiadores supostamente contemporâneos, que não mencionavam a Jesus é, na realidade composta de geógrafos, escritores sobre jardinagem, poetas e filósofos, dos quais não se espera que o mencionassem. A alegação de que a citação de Flávio Josefo sobre Jesus foi acrescentada mais tarde, é criticada como falsa. Flávio Josefo, na realidade, menciona Cristo duas vezes, e somente uma das referências é tomada pelos eruditos como acrescentada na Idade Média, para mudar uma menção dele já existente.
Argumenta que o filme apresenta erroneamente Constantino, ao mostrá-lo como aquele que tornou o cristianismo a religião obrigatória (quando apenas a legalizou) e de ser o criador do Jesus histórico, quando os antigos registos da igreja mostram que a historicidade de Jesus tem sido um elemento determinante na fé desde o princípio da crença.
Sobre o filme diz:
“ | É extraordinário quantas coisas ele afirma que simplesmente não são verdadeiras.[9][10] | ” |
A principal base desta afirmação do Dr. Chris Forbes, é que o livro "Conspiração Cristo" de Acharya S (pseudônimo de D. M. Murdock), é muito semelhante ao livro "The World's Sixteen Crucified Saviors" (Os 16 Redentores Crucificados) do autor mesmerista Kersey Graves.[11]
Por sua vez, o livro "The World's Sixteen Crucified Saviors" é muito semelhante com o livro "Anacalypsis"[12] do autor maçom Godfrey Higgins, que o próprio Kersey Graves afirmou a "cópia quase total" na explanação inicial de seu livro.[13]
E por sua vez, "Anacalypsis" é o livro base da teoria do Pandeísmo, considerado heresia pelos cristãos por ser a fusão entre Panteísmo e Deísmo. Helena Blavatsky, também citada no livro "A Conspiração Cristo", ela também teria se inspirado "Anacalypsis" para escrever os livros Ísis sem Véu, e A Doutrina Secreta, obrigando a Sociedade Teosófica se posicionar oficialmente sobre o assunto, admitindo a cópia, mas não o plágio.[14]
O egiptólogo Jacques Kinnaer afirma que:
“ | Horus de Edfu é a forma de Hórus, que engloba todos os aspectos de Horus: ele é a personificação da realeza egípcia, que vingou seu pai, que em Harsomtus pais por sua vez, que é a si mesmo como um jovem, para garantir o ciclo pai e filho. Ele é também o deus dos céus, um deus solar. Re-Harakhte (Re-Horus do horizonte) reúne os deus Re solar e deus do céu Hórus. Re-Harakhte tem seu caráter solar em comum com Re, mas a partir de Horus que ele recebe seu caráter de um jovem: Re-Harakhte representa o sol recém-nascido ao nascer do sol. [15] | ” |
Resposta às críticas
[editar | editar código-fonte]Acharya S., autora do livro utilizado no filme Zeitgeist e ridicularizada por Chris Forbes, rebate em seu site as afirmações de Forbes explicando ponto a ponto as dúvidas levantadas e dizendo que Forbes não é egiptólogo, classicista ou mitologista (professor sênior em Religião Antiga na Universidade Macquire, com um PhD em História Antiga, Pesquisador e especialista em filosofia e religião greco-romana, Novo Testamento, Alexandre o Grande, histórias helênicas, história da interseção entre o Cristianismo Antigo e a Cultura Greco-Romana e autor de vários livros e palestras). Não é citado como egiptólogo, entende-se que não o é.[16][17][18]
Acharya também produziu um e-book de 105 páginas chamado "The ZEITGEIST Sourcebook" onde explica mais detalhadamente as dúvidas geradas por Forbes. A autora também salienta que os seus livros e escritos fornecem milhares de páginas cuidadosamente citados com fontes primárias de obras de autoridades credenciados a partir de uma variedade de campos, fornecendo as provas que Forbes garante não existirem.[17][18]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Shaw, Charles. (October 21, 2007) Scoop Independent News. Mythology and Iconoclasm of Zeitgeist The Movie; The Big Lie: Parsing the Mythology and Iconoclasm of Zeitgeist: The Movie.
- ↑ Google Video Zeitgeist, The Movie (Official Release - Full Film)
- ↑ News Blaze (November 10, 2007) 4th Annual Artivist Film Festival & Artivist Awards "Merging Art & Activism: Saturday Night Film "Zeitgeist"
- ↑ [1]
- ↑ [2]
- ↑ [3]
- ↑ [4]
- ↑ (em inglês) Macquarie University - Perfil do Dr. Chris Forbes na Macquarie University. Site acessado em 01 de setembro de 2014.
- ↑ a b «Publicchristianity» - Acesso em 5 de Maio de 2010.
- ↑ a b Sixteen Saviours or One? The Gospels not Brahmanic (1879) by John T. Perry
- ↑ Kersey Graves (1875). «The World's Sixteen Crucified Saviors». The World's Sixteen Crucified Saviors (em inglês)
- ↑ [5]
- ↑ [6]
- ↑ [7]
- ↑ [8]
- ↑ http://www.mq.edu.au/about_us/faculties_and_departments/faculty_of_arts/department_of_ancient_history/staff/dr_chris_forbes/
- ↑ a b http://truthbeknown.com/chrisforbeszeitgeist.html
- ↑ a b http://stellarhousepublishing.com/skeptic-zeitgeist.html
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Zeitgeistmovie.com website oficial»
- «Zeitgeist - Legendado em Português»
- «Análise crítica em resposta ao filme, pela perspectiva cristã» (em inglês)
- Zeitgeistmovie. no IMDb.
- «The Zeitgeist Movement»
- «Sacomori - Análise comparativa entre Hórus e Jesus Cristo.»
- «Curiosidades Jornalísticas: A verdade sobre o Zeitgeist I - Ceticismo não é isso.»