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Álvaro Ribeiro

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Álvaro Ribeiro
Nascimento 1 de março de 1905
Porto
Morte 9 de outubro de 1981 (76 anos)
Lisboa
Nacionalidade português
Ocupação escritor, filósofo e tradutor
Magnum opus O Problema da Filosofia Portuguesa, 1943.

Álvaro Ribeiro (Porto, 1905 – Lisboa, 1981) foi um filósofo, escritor e crítico português.

Publicou até ao fim da vida uma vasta obra de prosador, de pedagogo, de hermeneuta e de memorialista, em que pretendeu por um lado actualizar um racionalismo aristotélico muito atento aos problemas da linguagem verbal, no qual via a genuína matriz do pensamento português, desde Pedro Hispano ou de Álvaro Pais (sec. XIV), e por outro magistralizar a tradição esotérica do saber, sobretudo judaico-cabalista, na qual inseria a renovação moderna do pensamento português, começada para ele com Sampaio Bruno[1].

O poeta português que mais vivamente interpelou o Álvaro Ribeiro pensador de enigmas foi Fernando Pessoa. Dele compilou em volume os textos publicados na revista A Águia em 1912, dedicados à poesia saudosista; a recolha, A Nova Poesia Portuguesa (1944), foi a primeira compilação de dispersos do poeta e antecedeu muitas outras iniciativas do género, a primeira das quais a recolha de Jorge de Sena, Páginas de Doutrina Estética (1945), que contou com larga e generosa colaboração de Álvaro[1].

Álvaro de Carvalho de Sousa Ribeiro, filho único de José de Sousa Oliveira Guimarães Daun e Lorena Ribeiro e de Angélica Cândida de Carvalho de Sousa Ribeiro, nasceu em Miragaia, no Porto no dia 1 de Março de 1905 e morreu em Lisboa no dia 9 de Outubro de 1981.

Entre 1917 e 1919, foi aluno interno num colégio dominicano em Paris, só mais tarde ingressou no Curso Geral dos Liceus no Liceu Rodrigues de Freitas. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi discípulo de Leonardo Coimbra e condiscípulo de Adolfo Casais Monteiro e de Delfim Santos.

Foi um dos assinaram em Lisboa, em 1932, a carta de apresentação do Movimento da Renovação Democrática[2].

Fundou em Lisboa o movimento da Filosofia Portuguesa com a publicação, em 1943, do manifesto O Problema da Filosofia Portuguesa, grupo a que logo se juntou o seu amigo José Marinho e também Santana Dionísio, António Alvim, Miguel Summavielle, Eudoro de Sousa, entre outros. Aquele manifesto foi editado por Eduardo Salgueiro, que fora seu colega anos antes no movimento da Renovação Democrática[3].

Em Lisboa manteve animada tertúlia em torno do seu magistério durante décadas[4], renovando o seu movimento ao longo de sucessivas gerações, vindo a incluir Afonso Botelho, António Braz Teixeira, António Quadros, António Telmo, Pinharanda Gomes, Orlando Vitorino, Cunha Leão (filho), Francisco Moraes Sarmento, entre outros pensadores. Dirigiu a revista Princípio [5] (1930) e colaborou no Diário Popular, Acção Republicana, Atlântico, Democracia, jornal 57 [6] (1957-1962), Escola Formal e Ensaio, folha de cultura e opinião. Foi um dos sócios fundadores da Sociedade de Língua Portuguesa.

Um dos seus discípulos mais fieis, António Quadros, escreveria mais tarde: “Marinho era o contemplador do número, do espírito recôndito, na experiência anagógica da visão unívoca. Mas Álvaro Ribeiro era o operário de Deus, o trabalhador que, dobrado sobre a grande máquina do Mundo e sobre o formigueiro dos homens, tentava fazê-los mover, arrolando cada um de nós para uma função própria e levando-nos as instruções deixadas pelo fabricante de origem. A cada pensador português, o seu poeta. Se Junqueiro para Bruno, Antero para Sérgio, Pascoaes para Leonardo e Marinho, Pessoa para Agostinho, o poeta de Álvaro Ribeiro era José Régio.” (Memórias das Origens Saudades do Futuro).

Encontra-se sepultado no Cemitério de Benfica, em Lisboa.

  • O problema da filosofia portuguesa (Lisboa, 1943)
  • Leonardo Coimbra: apontamentos de biografia e de bibliografia (Lisboa, 1945)
  • Sampaio Bruno (Lisboa, 1947)
  • Os Positivistas: subsídios para a história da filosofia em Portugal (Lisboa, 1951)
  • Apologia e Filosofia (Lisboa, 1953)
  • A Arte de Filosofar (Lisboa, 1955)
  • A Razão Animada: sumário de Antropologia (Lisboa, 1957)
  • Escola Formal (Lisboa, 1958)
  • Estudos Gerais (Lisboa, 1961)
  • Liceu Aristotélico (Lisboa, 1962)
  • Escritores Doutrinados (Lisboa, 1965)
  • A Literatura de José Régio (Lisboa, 1969)
  • Filosofia e Filologia (Braga, 1972)
  • Uma coisa que pensa: ensaios (Braga, 1975)
  • Memórias de um Letrado (três volumes - Lisboa, 1977)
  • Cartas para Delfim Santos 1931 - 1956 (Lisboa, 2001)
  • Correspondência com José Régio (Lisboa, 2008)
  • Kant, de Émile Boutroux (Lisboa, 1943)
  • Do Hábito, de Félix Ravaisson (Lisboa, 1945)
  • Elogio da Loucura, de Erasmo (Lisboa, 1951)
  • Ensaios, de Francisco Bacon (Lisboa, 1952)
  • A Cidade do Sol, de Campanella (Lisboa, 1953)
  • O Banquete, de Kierkegaard (Lisboa, 1953)
  • A Origem da Tragédia, de Nietzsche (Lisboa, 1954)
  • A Verdade do Amor, de Vladimir Soloviev (Lisboa, 1958)
  • Os Heróis, de Tomás Carlyle (Lisboa, 1956)
  • Estética, Arquitectura e Escultura, de Hegel (Lisboa, 1962)
  • Estética, Pintura e Música, de Hegel (Lisboa, 1974)
  • Reorganizar a sociedade, de Augusto Comte (Lisboa, 1977)
  • Lucinda, de Schlegel (1979).

Bibliografia passiva

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  • AAVV. O Pensamento e a Obra de José Marinho e de Álvaro Ribeiro. Lisboa: INCM, 2005.
  • RÉGIO, José. Correspondência com Álvaro Ribeiro. Lisboa: INCM, 2008.
  • TEIXEIRA, António Braz. "Ribeiro (Álvaro Carvalho de Souza)", Logos - enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, Lisboa / São Paulo: Editorial Verbo, 1992, vol. IV, pg. 758-768.
  • TEIXEIRA, António Braz. "Álvaro Ribeiro", in: Pedro Calafate (organizador), História do pensamento filosófico português, Vol. V, tomo 1 - O século XX. Lisboa: Editorial Caminho, 2000, pg. 179-209.

Referências

Ligações externas

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