Índice glicêmico
O índice glicêmico (português brasileiro) ou índice glicémico (português europeu) (IG) é um fator que diferencia os alimentos, de acordo com a quantidade de moléculas de glicose presentes em cada um e está diretamente relacionado com a Glicemia, que é o nível de açúcar circulante no sangue.
Sempre que ingerimos carboidratos, estes entram na corrente sanguínea com diferentes velocidades.[1] Com base nesse fato, é possível classificá-los: quanto mais rápido o seu ingresso, maior será a liberação de insulina pelo pâncreas, pois o corpo tenta equilibrar os níveis de açúcar.
A escala, indicada em percentagens, baseia-se na ingestão do pão branco como comida padrão, assumindo-se IG igual a 100.[2] Há também quem tome a glicose como valor de referência (100) por ser a substância com IG mais elevado.
Alimentos que afetam pouco a resposta de insulina no sangue são considerados de baixo valor glicémico, e os que afetam muito, de alto valor glicémico.[3]
A insulina é um hormônio que tem o poder de transportar o açúcar para dentro das células dos músculos, onde, no fígado, se deposita na forma de glicogénio; estes depósitos, entretanto, têm uma capacidade limitada, o que faz com que todo o excesso de glicose no sangue seja convertido em ácidos gordurosos e triglicerídios, que serão armazenados sob a forma de gordura. Caso o indivíduo continue ingerindo alimentos de alto IG, o seu organismo começa a adquirir resistência à insulina, uma vez que o seu corpo começa a produzir uma quantidade maior de insulina.
Acurácia
[editar | editar código-fonte]Os gráficos de índice glicêmico geralmente oferecem apenas um valor por alimento. No entanto, é possível existir variações do índice glicêmico para o mesmo alimento devido a:
- Fase de amadurecimento (as frutas mais maduras contêm mais açúcares, o que aumentando o IG)
- Métodos de cozimento (quanto mais cozido, mais a estrutura celular do alimento está "quebrada", com uma tendência para digerir rapidamente e gerar IG mais elevado)
- Processamento (a farinha tem um IG maior do que o grão de trigo inteiro)
- O comprimento do armazenamento (As batatas são um exemplo notável, variando de moderado a muito alto, mesmo dentro da mesma variedade)
A resposta glicêmica é diferente de uma pessoa para outra, e também na mesma pessoa, variando dia a dia, pois, depende dos níveis de glicose no sangue, resistência à insulina e outros fatores.[4] O índice glicêmico indica apenas o impacto nos níveis de glicose duas horas depois de comer o alimento.[4][5]
As pessoas com diabetes têm níveis elevados por quatro horas ou mais depois de comer determinados alimentos.[4]
Determinação do índice glicêmico
[editar | editar código-fonte]Os alimentos fontes de carboidratos que são digeridos rapidamente e liberam glicose rapidamente na corrente sanguínea, tendem a ter um IG elevado. Os alimentos fontes de carboidratos que são absorvidos mais lentamente, liberam glicose mais gradualmente na corrente sanguínea, e tendem a ter um IG menor. O conceito de IG foi desenvolvido pelo Dr. David J. Jenkins e colegas[6] em 1980-1981 na Universidade de Toronto quando realizava pesquisas para descobrir quais alimentos eram melhores para as pessoas diabéticas. Um índice glicêmico inferior sugere taxas mais lentas de digestão e absorção dos carboidratos. Uma menor resposta glicêmica geralmente equivale a uma menor demanda de insulina, e pode melhorar o controle a longo prazo da glicemia[7] e os lipídios no sangue.
O índice glicêmico de um alimento é definido como a área sob a curva de respostas glicêmicas (AUC) de duas horas após a ingestão de um alimento com uma certa quantidade de carboidratos disponíveis. O AUC do alimento de teste é dividido pelo AUC do padrão (glicose ou pão branco, dando duas definições diferentes) e multiplicado por 100. O valor IG médio é calculado a partir de dados coletados em 10 seres humanos. Tanto o alimento padrão como o teste devem conter uma quantidade igual de carboidratos disponíveis (geralmente 50 g). O resultado dá uma classificação relativa para cada alimento testado.[8]
Os métodos validados atuais usam glicose como alimento de referência, dando-lhe um índice de índice glicêmico de até 100 por definição. O pão branco também pode ser usado como alimento de referência, dando um conjunto diferente de valores IG. Para as pessoas cuja fonte básica de carboidratos é pão branco, isso tem a vantagem de transmitir diretamente se a substituição do alimento básico com um alimento diferente resultaria em uma resposta de glicose no sangue mais rápida ou mais lenta. Uma desvantagem com este sistema é que o alimento de referência não está bem definido, porque não existe um padrão universal para o teor de carboidratos do pão branco.[6]
Exemplos de índices glicêmicos de vários alimentos
[editar | editar código-fonte]Nesta tabela a seguir, uma relação bastante ampla de alimentos e seus índices glicêmicos.[9]
|
|
|
Classificação:
- IG menor ou igual a 60: baixo
- IG entre 70 e 90: moderado
- IG maior que 100: alto
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Tainah Medeiros (14 de novembro de 2012). «75% dos brasileiros com Diabetes não se tratam Corretamente». drauziovarella.com.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016
- ↑ Rubin, Alan L (2008). Diabete Para Leigos. [S.l.]: Alta Books. p. 141. 384 páginas. Consultado em 13 de fevereiro de 2016
- ↑ Tatiana Zanin (17 de março de 2014). «O Índice Glicêmico». Tua Saúde. Consultado em 13 de fevereiro de 2016
- ↑ a b c «The Glycemic Index debate: Does the type of carbohydrate really matter? - All About Diabetes - American Diabetes Association». 14 de fevereiro de 2007. Consultado em 30 de junho de 2017
- ↑ «GI Database». 15 de fevereiro de 2009. Consultado em 30 de junho de 2017
- ↑ a b «Sign In». PMID 6259925. Consultado em 30 de junho de 2017
- ↑ Jenkins, David J. A.; Kendall, Cyril W. C.; McKeown-Eyssen, Gail; Josse, Robert G.; Silverberg, Jay; Booth, Gillian L.; Vidgen, Edward; Josse, Andrea R.; Nguyen, Tri H. (17 de dezembro de 2008). «Effect of a Low–Glycemic Index or a High–Cereal Fiber Diet on Type 2 Diabetes: A Randomized Trial». JAMA. 300 (23): 2742–2753. ISSN 0098-7484. doi:10.1001/jama.2008.808
- ↑ «Glycemic Index Testing | Glycemic | Glycemic Research Institute | Glycemic Index | Glycemic Load». www.glycemic.com. Consultado em 30 de junho de 2017
- ↑ «NUTRIÇÃO/TABELA DE ÍNDICE GLICÊMICO - CDOF.com.br». www.cdof.com.br. Consultado em 21 de setembro de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- GALLOP, Rick. A dieta do índice glicêmico. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. 144p. tabelas. ISBN 8575422235