Apocalipse 2
Apocalipse 2 | |
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Trecho de Apocalipse 2 no Papiro 98.
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Livro | Apocalipse |
Categoria | Apocalíptico |
Parte da Bíblia | Novo Testamento |
Precedido por: | Apocalipse 1 |
Sucedido por: | Apocalipse 3 |
Apocalipse 2 é o segundo capítulo do Livro do Apocalipse (também chamado de "Apocalipse de João") no Novo Testamento da Bíblia cristã.[1][2] O livro todo é tradicionalmente atribuído a João de Patmos, uma figura geralmente identificada como sendo o apóstolo João.[3]
Texto
[editar | editar código-fonte]O texto original está escrito em grego koiné e contém 29 versículos. Alguns dos mais antigos manuscritos contendo porções deste capítulo são:
- Papiro 98 (século II, versículo 1)
- Papiro 115 (c. 275, versículos 1-3, 13-15, 27-29)
- Codex Sinaiticus (330-360, completo)
- Codex Alexandrinus (400-440, completo)
- Codex Ephraemi Rescriptus (c. 450, completo)
- Papiro 43 (séculos VI/VII, versículos 12-13)
Estrutura
[editar | editar código-fonte]Este capítulo pode ser dividido em 4 seções distintas, todas referentes a mensagens às sete igrejas da Ásia enviadas pelo Filho do Homem através de João em sua visão em Apocalipse 1:
- Mensagem à igreja de Éfeso, a "Igreja sem amor" (versículos 1-7)
- Mensagem à igreja de Esmirna, a "igreja perseguida" (versículos 8-11)
- Mensagem à igreja de Pérgamo, a "igreja que cedeu" (versículos 12-17)
- Mensagem à igreja de Tiatira, a "igreja corrupta" (versículos 18-29)
- Em Apocalipse 2:27 há uma referência a Salmos 2:9
Em Apocalipse 3 estão as mensagens às três igrejas restantes.
Versículo 14
[editar | editar código-fonte]Este versículo — «Tenho, porém, contra ti umas poucas de coisas, porque tens aí aos que seguem o ensino de Balaão, que ensinava a Balaque a pôr uma pedra de tropeço diante dos filhos de Israel, isto é, a comer das coisas sacrificadas aos ídolos e a fornicar» (Apocalipse 2:14) — faz uma referência à "doutrina que Balaão ensinou a Balaque" em Números 25:1, no Antigo Testamento, no contexto da guerra entre israelitas e moabitas. Segundo essa doutrina, Balaque deveria enviar as mais belas mulheres que encontrasse em seu reino para tentar os homens de Israel levando-os à corrupção (fornicação) e daí à idolatria, o que seria uma vantagem para os moabitas, pois enfureceria Deus contra seu povo. Os israelitas de fato sucumbiram e comeram carne que havia sido sacrificada aos ídolos, chegando a se curvarem a Baal Peor. Porém, o texto em Números não é explícito ao indicar que esta doutrina teria sido revelada a Balaque por Balaão, o que é apenas sugerido em Números 31:15 (contudo, os comentaristas judaicos são explícitos em relação a isto). Jonathan ben Uzziel, um dos tanaítas targumistas de Números 24:14, cita as seguintes palavras de Balaão: "Venha para que vos aconselhe (falando a Balaque): vá e crie estalagens; coloque nelas prostitutas e venda comida e bebida a preços baixos; e este povo virá e comerá e beberá e se embebedarão e deitarão com elas, negando seu deus; e eles cairão rapidamente em suas mãos e muitos deles cairão". Esta, portanto, seria a pedra de tropeço que Balaão aconselhou que Balaque, o filho de Zipor, lançasse diante dos israelitas.[4]
Tanto Filão[5] quanto Flávio Josefo[6] fazem referência a esta doutrina de Balaão, exatamente com o mesmo objetivo. A "Crônica Samaritana" afirma[7] que esta doutrina agradava ao rei e ele enviou ao acampamento de Israel, num sabá, 24 000 mulheres jovens, por quem os israelitas foram de tal forma seduzidas que chegaram a fazer tudo o que elas desejaram; este foi exatamente o número de israelitas mortos em combate (Números 25:9).[8]
Versículo 20
[editar | editar código-fonte]Este versículo — «Tenho, porém, contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se chama a si mesma profetiza; ela ensina e seduz os meus servos a fornicar e a comer das carnes sacrificadas aos ídolos» (Apocalipse 2:20) — faz referência a uma mulher chamada Jezebel (ou à "tua mulher Jezebel", como na Bíblia siríaca e na complutense), o mesmo nome da mulher de Acabe, o sétimo rei de Israel. Em hebraico, seu nome é "Izebel", mas aparece como "Jezebel" na Septuaginta (como em I Reis 16:31). Flávio Josefo a chama de "Jezabela";[9] a Bíblia etíope a chama de "Elzabel". Ela era filha de um pagão e, como ela era esposa de Acabe, uma rainha portanto, também assim a "Prostituta da Babilônia" se autodenomina. Além disso, assim como Jezebel era famosa por suas pinturas era também por sua pretensa piedade e santidade e pela suntuosidade de sua devoção; e ela era notável por sua idolatria, lascívia, bruxaria e pela perseguição cruel aos profetas do Deus de Israel; e pelos assassinatos e pelo sangue inocente que ela derramou. E como Jezebel, que instigou Acabe contra os homens bons e fiéis, da mesma forma a Prostituta da Babilônia, a mãe de todas as meretrizes, será atirada ao mar e desaparecerá (compare II Reis 9:7 com Apocalipse 17:1).[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Antipas de Pérgamo
- Balaão
- Balaque
- Jezebel
- Nicolaísmo
- Visão de João do Filho do Homem
- Sete igrejas da Ásia
Referências
- ↑ Halley, Henry H. Halley's Bible Handbook: an abbreviated Bible commentary. 23rd edition. Zondervan Publishing House. 1962.
- ↑ Holman Illustrated Bible Handbook. Holman Bible Publishers, Nashville, Tennessee. 2012.
- ↑ Evans, Craig A (2005). Craig A Evans, ed. Bible Knowledge Background Commentary: John, Hebrews-Revelation. Colorado Springs, Colo.: Victor. ISBN 0781442281
- ↑ T. Hieros. Sanhedrin, fol. 28. 4. & Bab. Sanhedrin, fol. 106. 1. Bemidbar Rabba, sect. 20. fol. 229. 1. Yalkut, par. 1. fol. 244. 3, 4. & par. 2. fol. 76. 4
- ↑ Filão, De Vita Mosis l. 7. p. 647, 648.
- ↑ Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas l. 4. c. 6. sect. 6, 7, 8, 9.
- ↑ Apud Hottinger. Exercit. Antimorin. p. 109.
- ↑ John Gill's Exposition of the Entire Bible - Revelation 2:14
- ↑ Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas l. 8. c. 13. sect. 1. 4, 7.
- ↑ John Gill's Exposition of the Entire Bible - Revelation 2:20
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Apocalipse 2 em várias versões da Bíblia». Bíblia Online
- Este artigo incorpora texto de uma publicação, atualmente no domínio público: Gill, John, Exposition of the Entire Bible (1746-1763)