Banco Ambrosiano
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Roberto Calvi (- |
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O Banco Ambrosiano (porteriormente renomeado de Banco Ambrosiano Veneto após a fusão com o Banco Católico do Vêneto) foi um dos principais bancos privados católicos italianos. No centro das operações que levaram a ruína do banco estava o seu principal executivo, Roberto Calvi e seus companheiros da loja maçônica P2 (Propaganda Dois). O Banco do Vaticano era o principal parceiro do Banco Ambrosiano; e, com a súbita morte do Papa João Paulo I em 1978, surgiram rumores de que haveria ligações com as operações ilegais daquela instituição (hipótese explorada no filme The Godfather Part III). O Banco do Vaticano também foi acusado de desviar verbas secretas dos Estados Unidos do Sindicato Solidariedade da Polônia e os Contras da Nicarágua por meio do Banco Ambrosiano.
Membros
[editar | editar código-fonte]- Franco Ratti, presidente.
- Carlo Canesi, administrador manager então presidente da holding do Banco Ambrosiano desde 1965.
- Roberto Calvi, administrador geral do Ambrosiano desde 1971, indicado para presidente em 1975 e ocupando o cargo até a sua morte em junho de 1982.
- Paul Marcinkus, presidente do Banco do Vaticano (também conhecido por "Istituto per le Opere di Religione"), tinha sido diretor do Ambrosiano Overseas, baseado em Nassau, Bahamas.
- Carlo De Benedetti tornou-se vice-presidente do Ambrosiano por dois meses, depois do julgamento de Roberto Calvi.
- Nuovo Banco Ambrosiano, organizado por Giovanni Bazoli.
- Carlos Guido Natal Coda, chefe da filial argentina do Banco Ambrosiano (Coda foi o predecessor de Emilio Eduardo Massera como comandante-em-chefe da Marinha da Argentina) [1]
Antes de 1981
[editar | editar código-fonte]O Banco Ambrosiano foi fundado em Milão em 1896 por Giuseppe Tovini, e era chamado de Banco de Santo Ambrósio, que fora arcebispo da cidade. Tovini quis criar um banco católico para contornar a tradição italiana de manter apenas instituições assistenciais e de caridade. A instituição ficou conhecida como "banco dos padres"; um dos executivos foi Franco Ratti, primo do Papa Pio XI. Nos anos 1960, o banco começou a expandir seus negócios, instalando sua holding em Luxemburgo em 1963. A direção estava à cargo de Carlo Canesi, então o executivo senior, e, a partir de 1965, o presidente.
Em 1947, Canesi trouxera Roberto Calvi para o Ambrosiano. Em 1971, Calvi tornou-se administrador geral, e em 1975 assumiu a presidência. Calvi expandiu as aplicações do Ambrosiano; para isso criou um grande número de companhias fantasmas "off-shore" nas Bahamas e na América do Sul; assumiu o controle da Banca Cattolica del Veneto; e investiu na editora Rizzoli para financiar o jornal Corriere della Sera (Calvi tentava com isso trazer benefícios para os associados da loja maçônica P2). Calvi também envolveu o Banco do Vaticano (Istituto per le Opere di Religione) e seus operadores, e se aproximou do Bispo Paul Marcinkus, presidente do banco. Ambrosiano também forneceu fundos para partidos políticos na Itália, e para o ditador da Nicarágua Anastásio Somoza em sua oposição aos sandinistas. Há também de que fornecia dinheiro para o partido polonês Solidariedade (tem sido amplamente alegado que o Banco do Vaticano financiou o Solidariedade).
Calvi usava uma complexa rede de bancos e companhias para retirar fundos da Itália. Em 1978, o Banco da Itália (Banca d'Italia) preparou um relatório sobre o Ambrosiano que previa o futuro desastre e deflagrou as investigações criminais. Logo a seguir, um juiz de Milão, Emilio Alessandrini, foi assassinado por um grupo terrorista esquerdista.
Após 1981
[editar | editar código-fonte]Em 1981, a polícia invadiu o escritório da loja maçônica e prendeu o grão-mestre Licio Gelli, encontrando provas contra Roberto Calvi. Calvi foi aprisionado, julgado e setenciado a cumprir pena de quatro anos. Depois, ele apelou e foi solto, conseguindo manter seu cargo no banco. Mas outros alarmes se seguiram: Carlo de Benedetti da Olivetti comprou o banco e se tornou o vice-presidente, apenas por dois meses depois de ser ameaçado. Seu substituto foi um empregado de carreira chamado Roberto Rosone, que sofreu um atentando atribuído à Máfia, que por sua vez responsabilizou os terroristas da Banda della Magliana, que agia em Roma desde os anos 1970.
Em 1982, as dívidas do banco vieram à tona. Calvi saiu do país usando um passaporte falso e Rosone negociou sua saída do cargo com o Banco da Itália. A secretária pessoal de Calvi, Graziella Corrocher, deixou um bilhete denunciando-o antes de se suicidar. Calvi foi encontrado enforcado na ponte Blackfriars em Londres, em 18 de junho daquele ano.
Em julho de 1982, os fundos das aplicações off-shore foram suspensos e a falência declarada. Em agosto o banco foi substituído pelo Nuovo Banco Ambrosiano sob a direção de Giovanni Bazoli, com o Banco do Vaticano arcando com muito dos prejuízos.
Em Abril de 1992, Carlo De Benedetti, vice-presidente do Banco Ambrosiano, e outras 32 pessoas, foram condenadas por fraude pela corte de Milão[2] Benedetti foi condenado a 6 anos e quatro meses de cadeia.[2]
Em 1994, o primeiro-ministro socialista Bettino Craxi foi implicado no caso do Banco Ambrosiano, juntamente com Licio Gelli da Propaganda Due e o ministro da justiça Claudio Martelli.[3] Em abril de 1998, a Corte confirmou 12 anos de cadeia para Licio Gelli[4]
O jornalista David Yallop acredita que Calvi, com a ajuda da Propaganda Due, foi responsável pela morte de Albino Luciani, o Papa João Paulo I, pois este planejava uma reforma nas finanças do Vaticano.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Susana Viau e Eduardo Tagliaferro, Carlos Bartffeld, Mason y Amigo de Massera, Fue Embajador en Yugoslavia Cuando Se Vendieron Armas a Croacia - En el mismo barco, Pagina 12, December 14, 1998
- ↑ a b "Court Convicts Financier, 23 Others in Billion-Dollar Failure of Italian Bank," Rocky Mountains News, April 17, 1992
- ↑ "Former Italian premier indicted in bank scandal", The Tampa Tribune, May 13, 1994
- ↑ "Top Italian fugitive Licio Gelli arrested in France," Associated Press, September 10, 1998
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rupert Cornwell, God's Banker: The Life and Death of Roberto Calvi, Victor Gollancz Ltd, 1984.
- David Yallop, In God's Name: An Investigation into the Murder of Pope John Paul I, Corgi, 1987
- Philip Willan, The Last Supper: the Mafia, the Masons and the Killing of Roberto Calvi, Constable & Robinson, 2007(ISBN 978 1 84529 296 6)