Cadeia leve das imunoglobulinas
A cadeia leve das imunoglobulinas é a subunidade polipeptídica pequena dum anticorpo (imunoglobulina), que se encontra nos braços da molécula com a forma de Y dos anticorpos.
O típico anticorpo é composto por duas cadeias pesadas de Ig e duas cadeias leves.
Em humanos
[editar | editar código-fonte]Existem dois tipos de cadeias leves em humanos:
- Cadeia kappa (κ), codificada no locus kappa da imunoglobulina (IGK@) situado no cromossoma 2.
- Cadeia lambda (λ), codificada pelo locus lambda da imunoglobulina (IGL@) situado no cromossoma 22.
Os anticorpos são produzidos nos linfócitos B, cada um dos quais expressa só uma classe de cadeia leve nos seus anticorpos. Uma vez estabelecido o tipo de cadeia leve, esta mantém-se fixa durante toda a vida do linfócito B. Num individuo são, a proporção kappa a lambda total é de aproximadamente 2:1 no soro (medindo anticorpos intactos completos) ou 1:1,5 se medidas as cadeias leves livres, e uma proporção muito divergente é indicativa do neoplasma.
A proporção normal exacta kappa a lambda, segundo um novo ensaio de cadeias leves livres policlonais, vai de 0,26 a 1,65.[1] Tanto as cadeias kappa como as lambda podem aumentar proporcionalmente, mantendo uma proporção normal. Isto é normalmente indicativo de alguma outra coisa diferente duma discrasia de células sanguíneas, como uma doença renal.
Noutros animais
[editar | editar código-fonte]Os genes das cadeias leves das imunoglobulinas em tetrápodes podem classificar-se em três grupos: kappa (κ), lambda (λ) e sigma (σ). A divergência dos isótipos κ, λ e σ, precedeu a radiação dos tetrápodes. O isótipo σ perdeu-se após a evolução da linhagem dos anfíbios e antes da divergência da linhagem reptiliana.[2]
Outros tipos de cadeias leves podem encontrar-se em vertebrados inferiores, como a cadeia leve de Ig iota de condríctios e teleósteos.[3][4]
Os camélidos são únicos entre os mamíferos, uma vez que também apresentam anticorpos completamente funcionais com duas cadeias pesadas, no entanto falta-lhes as cadeias leves.[5]
Os tubarões também possuem, como parte do seu sistema imunitário adaptativo, uma molécula semelhante a um anticorpo homodímero de cadeia pesada homodímera denominada IgNAR (receptor do antígeno novo da imunoglobulina). Acredita-se que os IgNAR nunca estiveram associados a uma cadeia leve, ao contrario do que se pensa ter ocorrido nos camélidos, nos quais se acredita que os seus anticorpos com apenas a cadea pesada perderam a cadia leve durante a evolução.[6][7]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Katzmann JA, Clark RJ, Abraham RS, Bryant S, Lymp JF, Bradwell AR, Kyle RA (2001). «Serum reference intervals and diagnostic ranges for free kappa and free lambda immunoglobulin light chains: relative sensitivity for detection of monoclonal light chains». Clin Chem. 48 (9): 1437–44. PMID 12194920
- ↑ Das S, Nikolaidis N, Klein J, Nei M (2008). «Evolutionary redefinition of immunoglobulin light chain isotypes in tetrapods using molecular markers». Proc Natl Acad Sci U S A. 105 (43): 16647–52. PMC 2575474. PMID 18940927. doi:10.1073/pnas.0808800105
- ↑ Janeway CA, Jr.; et al. (2001). Immunobiology. 5th ed. [S.l.]: Garland Publishing. (electronic full text via NCBI Bookshelf) ISBN 0-8153-3642-X
- ↑ IMGT Index Arquivado em 2007-04-27 no Wayback Machine Antibodies (or Immunoglobulins).
- ↑ Hamers-Casterman C, Atarhouch T, Muyldermans S, Robinson G, Hamers C, Songa E, Bendahman N, Hamers R (1993). «Naturally occurring antibodies devoid of light chains». Nature. 363 (6428): 446–8. PMID 8502296. doi:10.1038/363446a0
- ↑ «A Case Of Convergence: Why Did a Simple Alternative to Canonical Antibodies Arise in Sharks and Camels?». PLOS. PMC 3149040. doi:10.1371/journal.pbio.1001120. Consultado em 4 de outubro de 2017
- ↑ Greenberg, A. S.; Avila, D.; Hughes, M.; Hughes, A.; McKinney, E. C.; Flajnik, M. F. (9 de março de 1995). «A new antigen receptor gene family that undergoes rearrangement and extensive somatic diversification in sharks». Nature. 374 (6518): 168–173. ISSN 0028-0836. PMID 7877689. doi:10.1038/374168a0