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Caetano da Costa Matoso

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Caetano da Costa Matoso foi um reinol, que assumiu o cargo de ouvidor-geral de Ouro Preto. É responsável pelo monumental Códice Costa Matoso, um dos principais documentos sobre a História de Minas Gerais.

Era natural da Vila de Alcobaça, tendo sido batizado em 3 de novembro de 1715. Era filho de João da Costa, oficial de oleiro, e de Catarina de Souza. Sua família tinha poucas posses e se formar em direito. Seu tio materno, Manoel Madeira de Souza, advogado do Tribunal da Suplicação, financiou seus estudos.[1]

Completou seus estudos iniciais em 1735, realizado na Aula do Real Mosteiro e no Colégio de Santo Antão. Já na segunda classe, foi premiado pela composição Frequentior est infelix, quam felix fortuna, escrita em 1734. Depois de formado, foi feito familiar do Santo Ofício.[1]

Formou-se em 1742, pela Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra. Logo em seguida foi nomeado para o cargo de juiz de fora da Vila de Setúbal. Em 1749 assumiu o cargo de ouvidor-geral de Ouro Preto, depois de uma boa empreitada em Setúbal.[1] Ficou no cargo até 1752.[2]

Voltou para Portugal, tendo, no decorrer da década de 1760, firmado relacionamento com Leonor Clara Joaquina de Sousa, não tendo cumprido as formalidades legais prescritas. O primeiro filho do casal, Anicleto Fortunado, nasceu em 1769, descrito como filho de pais incognitos. Somente em 1775 que o casamento foi oficializado, e o filho teve o registro de batismo alterado.[1]

Era leitor assíduo, tendo, em duas ocasiões, em 1758 e 1773, pedido licença do papa e da Real Mesa Censória, para ler livros proibidos.[3] Era um estudioso sistemática, e curioso por diferentes áreas. Na sua aposentadoria, cultivou o interesse por textos latinos, tendo escrito outro códice, a Coleção de composições latinas. Nesses estudos ele assinava como "Caietanus da Costa Mattoso".[1]

Códice Costa Matoso

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O Códice Costa Matoso (Coleção das noticias dos primeiros descobrimentos das minas na América que fez o doutor Caetano da Costa Matoso sendo ouvidor-geral da comarca de Ouro Preto, de que tomou posse em fevereiro de 1749) constitui-se de 139 documentos manuscritos, 5 impressos e 1 registro Cartográfico, todos reunidos pelo ouvidor Caetano da Costa Matoso, a maior parte deles compilada entre 1 749 e 1752, periodo em que ocupou a Ouvidoria de Ouro Preto.[1] Foi organizado pela Fundação João Pinheiro em 1999.[3]

Pode-se afirmar que sua abrangência geográfica contempla quase a totalidade do território americano sob domínio português em meados do século XVIII, com dados sobre a Colônia do Sacramento, o rio Madeira, as Terras Novas, os bispados do Maranhão e Grão-Pará e a capitania de Minas Gerais, região esta predominante na documentação coletada.[1]

Um dos aspectos mais interessantes do Códice Costa Matoso é o uso de relatos de alguns dos primeiros povoadores, ja idosos, cuja memória proporcionava o único registro possivel destes tempos cada vez mais remotos. "Este recurso de transformar a memoria oral em registro escrito constituia, por seu turno, urn método bastante comum entre os memorialistas e genealogistas do Setecentos, cujas obras comecavam a adensar o conhecimento histhrico a respeito da presença portuguesa na America".[4] Seus relatos de viagens são marcados pela objetividade, o ouvidor "difere de outros viajantes por quase não falar da natureza, ou faze-lo de forma breve e lacônica".[3]

Referencias bibliográficas

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  1. a b c d e f g UFSC-NUPILL, UFSC-INE. «Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 27 de setembro de 2023 
  2. Costa, Lucilene Macedo da (2015). «Relações sociais e trajetórias femininas em Guarapiranga, Minas Gerais – século XIX.». Consultado em 27 de setembro de 2023 
  3. a b c Souza, Laura de Mello e. «A viagern de urn magistrado: Caetano da Costa Matoso a caminho de Minas Gerais em 1749» (PDF). Consultado em 27 de setembro de 2023 
  4. Monteiro, John Manuel. «Os caminhos da memória: os paulistas no Códice Matoso» (PDF). Consultado em 27 de setembro de 2023