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Dextrorfano

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Dextrorfano
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC (+)-17-methyl-9a,13a,14a-morphinan-3-ol
Outros nomes DXO
Identificadores
Número CAS 125-73-5
PubChem 5360697
ChemSpider 64909
SMILES
Propriedades
Fórmula química C17H23NO
Massa molar 257.37 g mol-1
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Dextrorfano (DXO) é uma droga psicoativa da classe dos morfinanos [en] que atua como expectorante e antitússico, suprimindo a tosse, além de possuir propriedades alucinógenas e dissociativas. É o estereoisômero dextrógiro (R-) do morfano [en] em forma racêmica, sendo a outra metade o levorfanol (S-). O dextrorfano é produzido por O-desmetilação do dextrometorfano (DXM) pelo citocromo PD26. O dextrorfano é um antagonista de NMDA e contribui para os efeitos psicoativos do dextrometorfano.[1]

Farmacodinâmica

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Dextrorfano[2][3][4][5]
Sítio de ligação Ki (nM) Espécie Referência
NMDAR
(MK-801)
486–906 Rato [3]
σ1 118–481 Rato [3]
σ2 11.325–15.582 Rato [3]
MOR 420
1.000
Rato
Humano
[3][6]
DOR 34.700 Rato [3]
KOR 5.950 Rato [3]
SERT 401–484 Rato [3]
NET ≥340 Rato [3]
DAT >1.000 Rato [3]
5-HT1A >1.000 Rato [3]
5-HT1B
5HT-1D
54% em 1 μM Rato [3]
5-HT2A >1.000 Rato [3]
α1 >1.000 Rato [3]
α2 >1.000 Rato [3]
β 35% em 1 μM Rato [3]
D2 >1.000 Rato [3]
H1 95% em 1 μM Rato [3]
mAChRs 100% em 1 μM Rato [3]
nAChRs 1.300–29.600
(IC50)
Rato [3]
VDSCs ND ND ND
Os valores de afinidade de ligação estão expressos em Ki (nM), exceto onde indicado. Quanto menor o valor, mais fortemente a droga se liga ao sítio.

A farmacologia do dextrorfano é semelhante à do dextrometorfano (DXM). No entanto, o dextrorfano é muito mais potente como um antagonista do receptor NMDA e notavelmente menos ativo como inibidor de recaptação de serotonina, mas é equivalente ao DXM na inibição de recaptação de norepinefrina em termos de afinidade e equipotência.[7]

Farmacocinética

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O dextrorfano tem uma meia-vida de eliminação notavelmente mais longa do que seu composto racêmico.  No organismo, é convertido em em 3-HM ou sofre glucuronosiltransferase.[8]

Sociedade e cultura

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O dextrorfano era anteriormente uma substância controlada da Lista I nos Estados Unidos, mas foi removida da lista em 1976.[9]

O dextrorfano estava em desenvolvimento para o tratamento de acidente vascular cerebral e alcançou ensaios clínicos de fase II para esta indicação, mas seu desenvolvimento foi descontinuado.[10]

Ocorrência no meio ambiente

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Em 2021, o dextrorfano foi identificado em mais de 75% das amostras de água de esgoto coletas de 12 estações de tratamento de águas residuais na Califórnia.[11] Através de de modelagem preditiva, o mesmo estudo associou o dextrorfano à atividade estrogênica, antes de observá-lo in vitro.[11]

Referências

  1. Zawertailo, L. A.; Kaplan, H. L.; Busto, U. E.; Tyndale, R. F.; Sellers, E. M. (agosto de 1998). «Psychotropic Effects of Dextromethorphan are Altered by the CYP2D6 Polymorphism: A Pilot Study». Journal of Clinical Psychopharmacology. 18 (4): 332–337. PMID 9690700. doi:10.1097/00004714-199808000-00014 
  2. Roth, BL; Driscol, J. «PDSP Ki Database». Psychoactive Drug Screening Program (PDSP). University of North Carolina at Chapel Hill and the United States National Institute of Mental Health. Consultado em 14 de agosto de 2017 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Nguyen L, Thomas KL, Lucke-Wold BP, Cavendish JZ, Crowe MS, Matsumoto RR (2016). «Dextromethorphan: An update on its utility for neurological and neuropsychiatric disorders». Pharmacol. Ther. 159: 1–22. PMID 26826604. doi:10.1016/j.pharmthera.2016.01.016 
  4. Werling LL, Keller A, Frank JG, Nuwayhid SJ (2007). «A comparison of the binding profiles of dextromethorphan, memantine, fluoxetine and amitriptyline: treatment of involuntary emotional expression disorder». Exp. Neurol. 207 (2): 248–57. PMID 17689532. doi:10.1016/j.expneurol.2007.06.013 
  5. Taylor CP, Traynelis SF, Siffert J, Pope LE, Matsumoto RR (2016). «Pharmacology of dextromethorphan: Relevance to dextromethorphan/quinidine (Nuedexta®) clinical use». Pharmacol. Ther. 164: 170–82. PMID 27139517. doi:10.1016/j.pharmthera.2016.04.010Acessível livremente 
  6. Raynor K, Kong H, Mestek A, Bye LS, Tian M, Liu J, Yu L, Reisine T (1995). «Characterization of the cloned human mu opioid receptor». J. Pharmacol. Exp. Ther. 272 (1): 423–8. PMID 7815359 
  7. Pechnick, R. N.; Poland, R. E. (2004). «Comparison of the Effects of Dextromethorphan, Dextrorphan, and Levorphanol on the Hypothalamo-Pituitary-Adrenal Axis». Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. 309 (2): 515–522. PMID 14742749. doi:10.1124/jpet.103.060038 
  8. Yu A, Haining RL (novembro de 2001). «Comparative contribution to dextromethorphan metabolism by cytochrome P450 isoforms in vitro: can dextromethorphan be used as a dual probe for both CTP2D6 and CYP3A activities?». Drug Metabolism and Disposition. 29 (11): 1514–20. PMID 11602530 
  9. DEA. «Lists of: Scheduling Actions Controlled Substances Regulated Chemicals» (PDF). Consultado em 24 de setembro de 2010 
  10. «Dextrorphan - AdisInsight» 
  11. a b Gabrielle P. Black (2021). «Using Estrogenic Activity and Nontargeted Chemical Analysis to Identify Contaminants in Sewage Sludge». Environmental Science & Technology. 55 (10): 6729–6739. Bibcode:2021EnST...55.6729B. doi:10.1021/acs.est.0c07846