Ducado de Bar
Grafschaft/Herzogtum Bar (de) Comté/Duché de Bar (fr) Barensis Comitatus/Ducatus) (la) Condado/Ducado de Bar | ||||
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Brasão
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Continente | Europa | |||
Capital | Bar-le-Duc | |||
Língua oficial | francês | |||
Governo | Monarquia | |||
História | ||||
• 1033 | Estabelecimento do condado | |||
• 1766 | Incorporado na Coroa de França | |||
Membro de: Sacro Império Romano-Germânico (Barrois non mouvant) Reino de França (Barrois mouvant) |
O Condado de Bar (em francês: Comté de Bar), a partir de 1354 Ducado de Bar (em francês: Duché de Bar), foi um estado do Sacro Império Romano-Germânico que compreendia a região de Barrois (em francês: pays de Barrois) e era centrado na cidade de Bar-le-Duc. Parte do condado, o denominado Barrois mouvant,[1] tornou-se um feudo do Reino de França em 1301. O Barrois non-mouvant[2] permaneceu parte do Império.
A partir de 1480, foi reunido ao Ducado de Lorena. Em 1737, os dois ducados (Lorena e Bar) foram cedidos a Estanislau Leszczynski.[3] Com a sua morte, em 1766, o ducado foi finalmente incorporado na coroa de França.
Condado (1033–1354)
[editar | editar código-fonte]O Condado de Bar tem as suas origens numa Fortaleza fronteiriça de Bar (em latim: barra, barreira) que o duque Frederico I da Lorena construiu nas margens do rio Ornain por volta do ano 960.[4] No início, a fortaleza defenderia as terras de Frederico I das incursões que, regularmente, os condes de Champagne efetuavam nas seus terras. Frederico também confiscou algumas terras à Abadia de Saint Michel, onde instalou os seus cavaleiros.[4] O Barrois original era, assim, uma mistura entre o território herdado pelo duque e terras da Igreja confiscadas e enfeudadas aos seus cavaleiros.
Com a morte do duque Frederico III da Lorena em 1033, estes estados foram herdados pela sua irmã, Sofia (morta em 1093), que foi a primeira pessoa a associar o título condal a Bar, passado a auto-designar-se "Condessa de Bar".[4]
Os descendentes de Sofia, da Casa de Montbéliard, expandiram Bar "por usurpação, conquista, aquisição e casamento" num de facto estado autónomo empoleirado entre a França e a Germânia.[4] A sua população era culturalmente francófona, e os seus condes envolviam-se na política interna francesa. O conde Reginaldo II (morto em 1170) casou com Inês, irmã da rainha de França Adele da Champanha. O seu filho, Henrique I, morreu na Terceira Cruzada em 1190.[4] De 1214 a 1291 Bar foi governado por Henrique II e Teobaldo II, que consolidou a fronteira ocidental com a Champanha concedendo feudos a nobres franceses, comprando assim a sua homenagem feudal.[4]
Em 1297 o rei Filipe IV de França invadiu o Barrois porque o conde Henrique III auxiliou o seu sogro, Eduardo I de Inglaterra, quando este último interveio contra a França durante a Guerra Franco-Flamenga (1297–1305).[4] No Tratado de Bruges de 1301, Henrique foi forçado a reconhecer todo o seu condado a oeste do Mosa como feudo da França.[4][5] Foi este ato que originou o Barrois mouvant: um território feudal que dependia de um suserano e se "moveu" passando a ter outro suserano, passando a estar sujeito do Parlamento de Paris. O Tratado de Bruges não representou nenhuma expansão do território francês. O território a oeste do Mosa era francês desde o Tratado de Verdun de 843, mas em 1301 tornara-se um feudo direto da coroa, incluindo as sua terras hereditárias.[6]
O ducado Medieval (1354–1508)
[editar | editar código-fonte]Em 1354 o Conde de Bar adquire a dignidade ducal sendo, daí em diante, reconhecido como Par de França.[4] Pierre de Guibours,[8] acredita que o conde Roberto tenha sido criado duque pelo rei João II de França antes do seu casamento com a filha do rei, Maria de Valois.[5] e não por nomeação imperial. O único título que o conde Roberto recebeu do imperador em 1354 foi o de Margrave de Pont-à-Mousson.[9] Este margraviato[10] era frequentemente atribuído pelos duques de Bar ao seu herdeiro aparente. Nesse mesmo ano o imperador elevou o Condado do Luxemburgo a ducado e Bar ficou entre dois ducados (Luxemburgo e Alta Lorena).[11] O título ducal acabou por ser aceite pelos imperadores, embora nos registos dos impostos imperiais de 1532 se refira "o Ducado no Mosa" (em alemão: Herzogtum von der Maß) como um membro com direito a voto da Dieta Imperial (em alemão: Reichstag).
Em 1430 o ultimo duque, em linha masculina, da casa reinante, Luís, morre.[11] Bar passa para o seu sobrinho neto, Renato I, casado com Isabel, Duquesa da Lorena. Em 1431 o casal herda também a Lorena. Com a morte de Renato I, em 1480, Bar passa para a sua filha Iolanda e para o seu filho, Renato II, que já era Duque da Lorena. Em 1482 ele conquista o prévôté de Virton, uma parte do Ducado de Luxemburgo, e anexa-o a Bar. Em 1484 Pedro II, Duque de Bourbon, regente na menoridade de Carlos VIII da França, reconhece formalmente como Duque de Bar.[12] No seu testamento final, publicado em 1506, Renato decreta que os dois ducados nunca mais deverão ser separados permanecendo, daí para a frente, em união pessoal.[7]
O ducado Moderno (1508–1766)
[editar | editar código-fonte]A 2 de outubro de 1735 o Tratado preliminar de Viena atribui os ducados de Lorena e Bar ao deposto Rei da Polónia, Estanislau Leszczynski. No entanto, ele teve que aguardar até à morte do Grão-Duque João Gastão da Toscana, ocorrida a 9 de julho de 1737, para receber a Lorena e Bar. Em 1738, após Tratado de Viena, ele desistiu de todos os rendimentos dos ducados em troca de uma generosa pensão, a qual usou para financiar a construção de projetos diversos nos ducados.[13] Com a sua morte, ocorrida a 23 de fevereiro de 1766, os ducados passaram para a Coroa de França.[14]
Lista de governantes
[editar | editar código-fonte]As datas indicadas referem-se ao período de reinado. Todos os governantes anteriores a Sofia governaram Bar, mas não usaram o título "Conde de Bar".
Condes de Bar
[editar | editar código-fonte]- Frederico I (959–978), Duque da Alta Lorena;
- Teodorico I (978–1027), Duque da Alta Lorena;
- Frederico II (1019–1026), Duque da Alta Lorena;
- Frederico III (1027–1033), Duque da Alta Lorena;
- Sofia (1033–1093)
- juntamente com o conde Luís de Montbéliard (1038–1071)
- Teodorico II (1093–1105)
- Reginaldo I (1105–1150)
- Reginaldo II (1150–1170)
- Henrique I (1170–1189)
- Teobaldo I (1189–1214)
- Henrique II (1214–1239)
- Teobaldo II (1239–1291)
- Henrique III (1291–1302)
- Eduardo I (1302–1337)
- Henrique IV (1337–1344)
- Eduardo II (1344–1352)
Duques de Bar
[editar | editar código-fonte]- Roberto (1352–1411)
- Eduardo III (1411–1415)
- Luís (1415–1431)
- Com a morte de Renato II, a lista é idêntica à Lista de governantes da Lorena.
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ o Barrois que se moveu (de suzerano)
- ↑ o Barrois que não se moveu (que manteve o suzerano)
- ↑ ex-rei da Polónia e sogro de Luís XV
- ↑ a b c d e f g h i Evergates 1995, p. 96.
- ↑ a b Spangler 2009, p. 56.
- ↑ Moeglin 2006, pp. 231–32.
- ↑ a b Monter 2007, pp. 15–16.
- ↑ padre francês conhecido como Anselm de Sainte-Marie, e que foi um conhecido genealogista do século XVII
- ↑ Arnold 1991, p. 100.
- ↑ ou marquesado
- ↑ a b Arnold 1991, p. 263.
- ↑ Monter 2007, pp. 23–24.
- ↑ Whaley 2012, p. 165 e n. 8.
- ↑ uma vez que a sua filha-herdeira, Maria Leszczynska, era casada com o rei Luís XV
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Duchy of Bar».
Ligações Externas
[editar | editar código-fonte]- (em francês) Brasões dos Duques de Bar (Héraldique Européenne);
- (em inglês) Genealogia dos Condes e Duques de Bar (euweb.cz);
- (em francês) O Barrois "mouvant" e o "non-mouvant".
Fontes
[editar | editar código-fonte]- (em inglês) Arnold, Benjamin (1991). Princes and Territories in Medieval Germany. Cambridge: Cambridge University Press
- (em francês) Collin, Hubert (1971). «Le comté de Bar au début du XIVe siècle». Bulletin philologique et historique du Comité des Travaux Historiques et Scientifiques: 81–93
- (em inglês) Evergates, Theodore (1995). «Bar-le-Duc». In: Kibler, William W.; Zinn, Grover A.; Henneman Jr, John Bell; Earp, Lawrence. Medieval France. London: Taylor & Francis. p. 96
- (em inglês) Grosdidier de Matons, Marcel (1922). Le comté de Bar des origines au traité de Bruges (vers 950–1031). Paris: Picard
- (em francês) Moeglin, Jean-Marie (2006). «Historiographie médiévale et moderne dans le Saint Empire romain germanique». École pratique des hautes études: Section des sciences historiques et philologiques. 20: 230–34
- (em inglês) Monter, E. William (2007). A Bewitched Duchy: Lorraine and Its Dukes, 1477–1736. Paris: Librairie Droz
- (em francês) Parisse, Michel (1982). Noblesse et chevalerie en Lorraine médiévale. Nancy: University of Nancy
- (em francês) Poull, Georges (1977). La maison ducale de Bar: les premiers comtes de Bar (1033–1239). Rupt-sur-Moselle: Poull
- (em inglês) Spangler, Jonathan (2009). The Society of Princes: The Lorraine-Guise and the Conservation of Power and Wealth in Seventeenth-Century France. Farnham, Surrey: Ashgate
- (em alemão) Thomas, Heinz (1973). Zwischen Regnum und Imperium: Die Fiirstentiimer. Bar und. Lothringen zur Zeit Kaiser Karls IV. Col: Bonner historische Forschungen, 40. Bonn: [s.n.]
- (em inglês) Whaley, Joachim (2012). Germany and the Holy Roman Empire: Volume II: The Peace of Westphalia to the Dissolution of the Reich, 1648–1806. Oxford: Oxford University Press