Escola Secundária Pública 28 de Novembro
Escola Secundária Pública 28 de Novembro | |
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ESP 28 de Novembro | |
Informação | |
Localização | Timor-Leste |
Tipo de instituição | Escola pública de ensino secundário |
Abertura | 1915 (110 anos) |
Número de estudantes | ~3.000 |
A Escola Secundária Pública 28 de Novembro (ESP 28 de Novembro) é uma instituição de ensino timorense, sediada no suco de Becora, em Díli, a capital do país.
É uma das mais maiores instituições de ensino de Timor-Leste.
Histórico
[editar | editar código-fonte]A tradição acadêmica reclama que esta escola seja a sucessora de uma das primeiras instituições de ensino formal do país, que data ainda do período colonial.
Fundação
[editar | editar código-fonte]Assim, a ESP 28 de Novembro seria descendente da Escola Municipal de Díli[1], aberta em 1915[2], por iniciativa do governador colonial, destinada a padronizar e formalizar o ensino no Timor Português[2].
Este estabelecimento, até então somente de ensino primário, viria ser substituído por meio do decreto n.º 28431, de 22 de janeiro de 1938, que converteu-o em Colégio-Liceu de Dili [3], ministrando o 1º ciclo (1º e 2º anos do liceu) e o ensino secundário (após a 4.ª classe primária). A invasão japonesa, de 1942, destruiu sua sede e fez o estabelecimento fechar as portas[4].
Em 31 de maio de 1952 o colégio foi reaberto com a reabilitação de seu edifício, sendo denominado Liceu Dr. Francisco Machado (LFM), por meio da lei n.º 43330 de 18 de novembro de 1952[4].
A partir de 1º de outubro de 1960, o Ministério do Ultramar atribuiu-lhe também as funções de escola técnica, podendo expedir diplomas de comércio e agricultura, em regime de coeducação (tutelado conjuntamente pela Diocese de Díli)[4]. Na altura de meados da década de 1960 a instituição ainda albergava em sua maioria filhos de portugueses, com pouquíssimos timorenses tendo acesso ao ensino, quadro que viria mudar somente a partir de 1972/1973.
Com o advento das reformas educacionais da década de 1970, as primeiras democráticas, o LFM passa totalmente ao controle do Estado, excluindo a tutela conjunta da Igreja Católica[4].
Período da ocupação indonésia
[editar | editar código-fonte]Em 1975, na altura em que a FRETILIN proclamou a independência de Timor, o LFM comportava cerca de 300 alunos. Porém, ainda era a única instituição liceal do novo país[4].
A invasão indonésia e posterior ocupação foi nefasta para a educação em Timor-Leste, primeiro porque destruiu todos os estabelecimentos de ensino (inclusive o Liceu)[4], e; segundo porque excluiu a população timorense do acesso à instrução formal, fazendo com que, em 1999, fosse registrado o assustador indicador de que 90% da população era analfabeta[5].
Em 1979, o Ministério da Educação da Indonésia refunda o liceu (assentando-o no seu antigo edifício) dando-lhe o nome de Sekolah Pendidikan Guru Negeri (SPGN; Escola Pública de Formação Média). A instituição foi reformulada, nos princípios da pancasila, para que formasse estudantes do ciclo secundário e também técnicos médios em magistério, formando duas seções distintas[6].
Em 1986, na iminência da criação de uma universidade em Timor Timur, a seção de ensino técnico do SPGN fundiu-se com vários outros cursos isolados de magistério para dar origem a Faculdade de Educação da UnTim (atual UNTL)[7]. O histórico "Edifício Liceu Dr. Francisco Machado" ficou para a nova universidade[1].
Então, o governo indonésio, naquele mesmo ano (1986), transferiu para o recém-erguido Complexo de Edifícios Educacionais de Becora a seção do ensino secundário da SPNG, dando a instituição o nome de Sekolah Menengah Atas Becora (SMA-B; Escola de Ensino Secundário de Becora), tornando-a herdeira daquele Liceu Dr. Francisco Machado.[8]
1999-presente
[editar | editar código-fonte]Em 1999, em virtude do resultado do referendo que confirmou a independência de Timor, seguiu-se uma onda de violência que destruiu a Escola de Becora, assim como grande parte dos estabelecimentos de ensino do país[9]
Em 2001, durante o mandato da UNTAET, as aulas na Escola são retomadas, com a reforma parcial do complexo de edifícios educacionais de Becora[10].
Em 2002, com o advento da independência plena de Timor-Leste, a Escola de Ensino Secundário de Becora ganha novo nome, passando a denominar-se Escola Secundária Pública 28 de Novembro, em homenagem ao 28 de novembro de 1975, data em que Xavier do Amaral fez a primeira proclamação de independência da nação.
Neste mesmo ano (2002), várias greves estudantis paralisaram o funcionamento normal da Escola, em virtude de alegadas prisões arbitrárias de alunos, pelas forças de segurança, obrigando o governo solicitar intervenção no estabelecimento[11].
Em 2009 a Polícia de Becora e as Forças de Defesa de Timor-Leste reformaram o prédio da ESP 28 de Novembro.
Referências
- ↑ a b Alves, Edmundo; Bagulho, Fernando. Liceu Dr. Francisco Machado. Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP. 2012.
- ↑ a b Cavalcante, Márcia Vandineide; Brito, Regina Pires. Língua Portuguesa: formação docente e educação pré-escolar em contexto timorense. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 34, n. 2, p. 439-461, maio/ago. 2016.
- ↑ Freitas, Idalina Maria da Costa. Políticas e Práticas de organização Curricular na Formação Contínua de Professores: um estudo no Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (Infordepe) em Timor Leste. Instituto de Educação da Universidade do Minho. 2014.
- ↑ a b c d e f Costa, Agapito Jeronimo da. Formação contínua de professores do ensino não superior em Timor-Leste. Departamento de Educação da Universidade de Aveiro. 2011.
- ↑ Freitas, João Câncio. Sistema da Educação Nacional, Formação Pos-Escolar & Labour Market Pathways em Timor-Leste. Comissão Nacional Curricular do Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura do Brasil.
- ↑ Guterres, Guilherme Bonifácio. Educação e Formação de Adultos (EFA) em Timor-Leste após 10 anos de Independência – Sucessos e Insucessos na Formação Profissional de Jovens e Adultos: Um Estudo de Caso. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. 2014.
- ↑ Pereira, Olinda M.. A Contribuição de Estudos Brasileiros Para o Ensino de Geometria no Ensino Primário em Timor- Leste: O Caso dos Materiais Manipulativos. Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. 2012.
- ↑ Silva, Justino da. O Contributo da Pedagogia de Género para a Formação de Professores PLE/L2 no contexto Timorense. Faculdades de Letras da Universidade de Lisboa. 2016.
- ↑ Conheça a história de Timor Leste: Ex-colônia portuguesa é um dos países mais jovens do mundo. Portal G1. 28 de agosto de 2009.
- ↑ Relatório Sobre Timor Leste. Administração de Transição das Nações Unidas em Timor Leste. Abril de 2000.
- ↑ Díli: Confrontos travados entre centenas de alunos e agentes da polícia. Agência Angola Press. 03 de Dezembro de 2002.