Humberto Alves Barbosa
Humberto Alves Barbosa | |
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Nascimento | Humberto Barbosa 28 de agosto de 1971 (53 anos) Campina Grande, Paraíba |
Residência | Maceió, Alagoas |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Universidade Federal de Campina Grande |
Ocupação | Cientista Professor universitário Meteorologista brasileiro |
Humberto Alves Barbosa (Campina Grande, 28 de agosto de 1971) é um cientista, professor universitário e meteorologista brasileiro, fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), do qual é coordenador na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).[1][2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Graduou-se em Meteorologia, pela então Universidade Federal da Paraíba, campus de Campina Grande, em 1995. Tornou-se mestre em Sensoriamento Remoto, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1998, e Doutorado em Água, Solo e Ciências Ambientais, pela University of Arizona, em 2004.[3]
Desde 2006, atua como professor da Universidade Federal de Alagoas, onde fundou o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).[4]
Realizou estágio pós-doutoral na University of Bergen, na Noruega, em 2009, e atuou como pesquisador na Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no período de 2005 a 2006.[5]
Sistema EUMETCast
[editar | editar código-fonte]Em 2007, o professor Humberto Barbosa trouxe da Europa e implantou no Laboratório LAPIS/UFAL o Sistema EUMETCAST, um sistema descentralizado de recepção de dados de satélites, da Agência Europeia para Exploração de Satélites Meteorológicos - EUMETSAT.[6]
Humberto é coordenador do Laboratório LAPIS e pesquisador na área de clima e meio ambiente. Ele desenvolve pesquisas sobre metodologias e ferramentas de sensoriamento remoto para monitoramento ambiental por satélites, fornecendo informações de satélites para tomada de decisão.[7]
Depois de se formar em ciências atmosféricas, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), mestrado em sensoriamento remoto, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e doutor em Solo, Água e Ciências Ambientais, pela Universidade do Arizona, ele começou a trabalhar com o Meteosat e outros dados de satélites europeus.[8]
Nos últimos anos, ele vem analisando como os dados de satélite podem ser utilizados para auxiliar no fornecimento de informações sobre os potenciais impactos do tempo e do clima no Brasil, tendo como foco mudanças climáticas, previsão climática, secas, degradação das terras, desertificação e geoprocessamento.
Destaques da Carreira
[editar | editar código-fonte]Como pesquisador e meteorologista, Humberto Barbosa participou do esclarecimento de alguns desastres no Brasil, fornecendo informações sobre condições climáticas e do tempo, baseadas em dados de satélites:
- Desenvolveu pesquisa inédita que descobriu a existência e expansão de áreas áridas em cinco estados brasileiros (Paraíba, Pernambuco, Piauí, Bahia e Minas Gerais).[1][2] Até então, no Atlas das Zonas Áridas da América Latina e do Caribe, a Unesco havia identificado, em 2010, a aridez apenas em uma pequena área na divisa da Bahia com Pernambuco.[3] A pesquisa também identificou que o Brasil está perdendo 55% das suas áreas de Agreste (subúmidas secas) para o Semiárido [4][5][6]. A pesquisa também detectou, a partir de imagens do satélite Meteosat, que a degradação e desertificação já reduzem a formação de nuvens de chuva no Semiárido brasileiro[7] [8][9].[9][10]
- Risco de afundamento do bairro do Pinheiro e áreas adjacentes, em Maceió (AL), em razão dos impactos da mineração.[11]
- Acidente aéreo do cantor Gabriel Diniz.[12]
- Processo de desertificação no Semiárido brasileiro. Coordenando o Laboratório Lapis, Humberto Barbosa forneceu o primeiro mapa de monitoramento dos níveis de degradação das terras, mostrando a situação em cada estado do Semiárido brasileiro, com base em informações de monitoramento por satélites.[13][14][15] O resultado da sua pesquisa na área de desertificação no Semiárido brasileiro foi destaque de capa no jornal The New York Times, em 03 de dezembro de 2021.[16]
- Desastre por derramamento de óleo no Litoral do Nordeste. Em análise retroativa de imagens do satélite Sentinel, Humberto Barbosa descobriu evidências de óleo derramado próximo ao Litoral da Paraíba e do Rio Grande do Norte, possivelmente a partir de um navio. Essas imagens foram solicitadas por autoridades brasileiras, para apoiar nas investigações sobre a autoria do desastre por Vazamento de óleo no Brasil em 2019, alcançando grande repercussão[17][17]
- Degradação das terras na Amazônia. Uma pesquisa internacional coordenada pelo professor Humberto Barbosa concluiu que o problema não é só a perda pelo Desmatamento da Floresta Amazônica. Potencializado pela seca, a derrubada e a queimada da floresta têm tornado os solos da Bacia do rio Amazonas empobrecidos e improdutivos. Somente nas últimas duas décadas, foi degradada na Bacia Amazônica uma área de cerca de 757 mil quilômetros quadrados, equivalente a mais de três vezes à do estado de São Paulo.[18] Na pesquisa, dados de monitoramento por satélite demonstraram o crescente processo de degradação da Amazônia, sobretudo em razão de atividades humanas, como desmatamento de grandes áreas. As secas prolongadas contribuíram para aumentar a taxa de desmatamento, levando à aceleração da degradação das terras na Bacia do rio Amazonas.[19]
- Especialista convidado para participar, pelo Brasil, da rede EUROCLIMA[20], projeto ligado ao Joint Research Centre of the European Commission (JCR), financiado pela União Europeia e coordenado pelo Centro Comum de Investigação, na Itália, que visa facilitar a integração de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nas políticas públicas e nos planos de desenvolvimento regional da América Latina. Foram realizadas duas Reuniões do Euroclima no Brasil[21], sobre Desertificação, Degradação das Terras e Seca, sendo uma delas na UFRN[22], em 2012, e a segunda no Instituto Nacional do Semiárido (INSA)[23], em 2016, com o tema Diálogo político-científico sobre os impactos socioeconômicos da desertificação, degradação da terra e seca[24] na América Latina.
Mudanças Climáticas
[editar | editar código-fonte]Humberto Barbosa participou como autor-líder do Relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da Organização das Nações Unidas, publicado em 2019, com o título "Climate Change and Land: an IPCC special report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems". Na ocasião, coordenou o capítulo quatro, dedicado ao tema "degradação das terras".[25][26][27]
Em novembro de 2023, publicou uma pesquisa que identificou, pela primeira vez, regiões áridas no Nordeste brasileiro[28]. Os resultados foram apresentados durante o Seminário de Políticas Públicas de Combate à Desertificação, promovido pelo Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB)[29], para discussão dos resultados da Auditoria Operacional Coordenada em Políticas Públicas de Combate à Desertificação do Semiárido brasileiro. Inclusive, é coautor do Livro "Um século de secas", juntamente com a jornalista Catarina Buriti, utilizado como referencial para os trabalhos da Auditoria[30].
Prêmios
[editar | editar código-fonte]- Recebeu a categoria Ouro do prêmio International Award in Excellence and Quality (IAEQ), na Convenção Internacional Business Initiative Directions (BID), que aconteceu em Frankfurt, na Alemanha, nos dias 22 e 23 de setembro de 2018.[31]
Lapis recebe categoria Ouro de prêmio internacional
- Foi o único meteorologista brasileiro selecionado para ministrar um Curso no Programa de Mobilidade Acadêmica TOP CHINA, em Pequim e Xangai, em 2011.[32][33]
Lista de obras
[editar | editar código-fonte]Humberto Barbosa é autor de livros na área de sensoriamento remoto e meio ambiente:
- Um século de secas (2018) - coautoria com a pesquisadora e jornalista Catarina Buriti, Editora Chiado,[34] ISBN 9789895217311. É uma obra completa sobre mais de 100 anos de secas no Semiárido brasileiro (1901-2016), com foco na análise de estratégias políticas para adaptação à seca, ao longo da história recente da região. Foram utilizadas imagens de satélites, documentos históricos e séries temporais de dados de satélites.[35]
- Sistema EUMETCast (2013), Editora EDUFAL,[36] ISBN 9788571777507 O Sistema EUMETCast é o maior sistema global de disseminação de dados de satélites, da Agência EUMETSAT. A obra mostra métodos e técnicas simples, desenvolvidas pelo autor, para recepção de dados e imagens do satélite Meteosat (decodificação, calibração, geolocalização e visualização).[37]
Referências
- ↑ «Docentes do Instituto de Ciências Atmosféricas». ICAT. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Lapis da Ufal monitora poluição do ar causada por fuligem da África». UFAL. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Pesquisadores lançam livro sobre um século de políticas para a seca no Semiárido». UFCG. Consultado em 1 de agosto de 2022
- ↑ Ascom, UFAL. «Livro do Lapis ensina método para processar imagens de satélites». Site da UFAL. Consultado em 1 de agosto de 2022
- ↑ «Anais do 8o. ICSHMO, Foz do Iguaçu, Brazil, April 24-28, 2006, INPE, p. 855-860.» (PDF). Anais de evento. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Humberto Barbosa». EUMETSAT. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites». LAPIS. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Humberto Alves Barbosa». CNPq. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Carlos Madeiro: Brasil já tem clima árido em área superior ao estado de SP, aponta estudo». UOL. 14 de abril de 2024. Consultado em 30 de abril de 2024
- ↑ «Rápidas e mortais, 'secas-relâmpago' contribuíram para o agreste virar semiárido no Nordeste desde o anos 90». O Globo. 30 de abril de 2024. Consultado em 30 de abril de 2024
- ↑ «Que fenômeno ameaça engolir o bairro do Pinheiro, em Maceió?». Letras Ambientais. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Situação meteorológica adversa pode ter causado acidente com voo de Gabriel Diniz». Letras Ambientais. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Carvalho, Cleide. «Desertificação já atinge uma área de 230-mil km no Nordeste». Jornal o Globo. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «O aquecimento global no limite». Agência Senado. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Pesquisador faz alerta sobre processo de desertificação no Brasil: 'Muito grave'». Profissão Repóter. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Nicas, Jack. «A Slow-Motion Climate Disaster: The Spread of Barren Land Diniz». The New York Times. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ a b «Óleo no litoral: especialista defende monitoramento contínuo de navios». Isto é dinheiro. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Azevedo, Ana Lúcia. «À mercê de mudanças climáticas, Bacia Amazônica perde área três vezes maior que estado de São Paulo». Jornal O Globo. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ Buriti, Catarina. «Secas e desmatamento aceleraram degradação das terras na Amazônia nas últimas décadas». Letras Ambientais. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «About Euroclima». www.euroclima.org (em inglês). Consultado em 3 de outubro de 2023
- ↑ «Reunião do Euroclima termina com proposta de parceria com laboratório da Ufal». Universidade Federal de Alagoas. Consultado em 3 de outubro de 2023
- ↑ «Euroclima discute impactos socioeconômicos da desertificação e da seca na América Latina». MundoGEO. 18 de abril de 2016. Consultado em 3 de outubro de 2023
- ↑ «INSA». Instituto Nacional do Semiárido - INSA. Consultado em 3 de outubro de 2023
- ↑ Euroclima. «Euroclima es un programa financiado por la Unión Europea - 2nd EUROCLIMA Workshop: Desertification, Land Degradation and Drought». www.euroclima.org (em inglês). Consultado em 3 de outubro de 2023
- ↑ «Authors». IPCC. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Docente lidera capítulo do relatório mundial sobre mudanças climáticas». UFAL. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ «Mudança do clima acelera criação de deserto do tamanho da Inglaterra no Nordeste». BBC News Brasil. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Barbosa, Humberto Alves (novembro de 2023). «Flash Drought and Its Characteristics in Northeastern South America during 2004–2022 Using Satellite-Based Products». Atmosphere (em inglês) (11). 1629 páginas. ISSN 2073-4433. doi:10.3390/atmos14111629. Consultado em 11 de novembro de 2023
- ↑ «Pesquisa identifica pela primeira vez regiões áridas no Nordeste brasileiro». letrasambientais.org.br. 8 de novembro de 2023. Consultado em 11 de novembro de 2023
- ↑ MADEIRO, Carlos (11 de novembro de 2023). «Brasil registra pela primeira vez região árida de deserto, apontam estudos». UOL Notícias
- ↑ Ribeiro, Thamires. «Lapis recebe categoria Ouro de prêmio internacional». site da UFAL. Consultado em 30 de julho de 2022
- ↑ «Portaria» (PDF). Portaria da UFAL. Consultado em 30 de julho de 2022
- ↑ Magagnin, Renata (2016). «Livro Better City, Better Life». Cultura Acadêmica. Consultado em 30 de julho de 2022
- ↑ Barbosa, Humberto Alves. Um Século de Secas. [S.l.]: Editora Chiado Books. ISBN 9789895217311
- ↑ «Um século de secas: por que as políticas hídricas não transformaram o Semiárido brasileiro?». Chiado Books. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Sistema EUMETCast: uma abordagem aplicada dos satélites Meteosat de segunda geração. [S.l.]: EDUFAL. 2013
- ↑ «Sistema EUMETCast: monitoramento meteorológico e ambiental por satélites». Laboratório LAPIS. Consultado em 17 de julho de 2022