Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria
Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria (Patriarcado de Alexandria e Toda a África) | |
Fundador | São Marcos (de acordo com a tradição) |
Independência | Período Apostólico |
Reconhecimento | 325 d.C. (Primeiro Concílio de Niceia); 451 d.C. (Concílio de Calcedônia), como Igreja distinta da Igreja Copta Ortodoxa. |
Primaz | Teodoro II de Alexandria |
Sede Primaz | Alexandria, Egito |
Território | África |
Posses | África |
Língua | Grego koiné, árabe, inglês, francês, dialetos africanos |
Adeptos | 250-300 mil egípcios[1] 1,2 milhão de nativos africanos 150 mil expatriados na África |
Site | Patriarcado de Alexandria |
A Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria ou Patriarcado de Alexandria e Toda a África (em grego: Πατριαρχεῖον Ἀλεξανδρείας καὶ πάσης Ἀφρικῆς, Patriarcheîon Alexandreías kaì pásēs Aphrikês) é uma Igreja Ortodoxa Grega autocéfala dentro da ampla comunhão das Igrejas Ortodoxas.
Oficialmente, ela é chamada de Patriarcado Grego Ortodoxo de Alexandria para distingui-la da Patriarcado Copta Ortodoxo de Alexandria, da ortodoxia oriental. Membros desta Igreja já foram conhecidos como "Melquitas" (realistas, fiéis ao Imperador de Constantinopla)[2] após o cisma que se seguiu ao Concílio de Calcedônia em 451.
É também um dos cinco patriarcados da antiguidade, chamados de Pentarquia.
Dentro da comunhão ortodoxa, ele ocupa o segundo lugar de precedência.[3]
História
[editar | editar código-fonte]A Igreja de Alexandria é tradicionalmente concebida como tendo sido fundada por São Marcos Evangelista por volta do ano 42 d.C., rapidamente se tornando uma força local relevante.[4] Seus primeiros seguidores eram principalmente judeus de Alexandria, tais como Teófilo, a quem Lucas dirige seu evangelho e os Atos dos Apóstolos, mas a igreja se espalhou a ponto de ter 108 diferentes bispos em seu auge, tornando-se a segunda igreja na ordem da Pentarquia e gerando personalidades tão diversas como Santo Atanásio e Ário, centrais para a controvérsia ariana.[5]
Junto com Roma e Antioquia, foi uma das principais sés do cristianismo nos primeiros séculos da Igreja, e seu status foi confirmado no Cânon 6 do Primeiro Concílio Ecumênico e no Cânon 2 do Segundo.[6][7]
Em 451, o Concílio de Calcedônia condenou o monofisismo, gerando cisma na Igreja de Alexandria liderado por Dióscoro, que, apesar de não professar a doutrina monofisista de Êutiques, rejeitava a resolução calcedoniana, progressivamente gerando a formação separada da Igreja Copta em meio a controvérsias políticas.[8][9] Desde então, a porção da Igreja de Alexandria fiel à cristologia calcedoniana tem sido, do ponto de vista litúrgico, falante do grego, sendo que a maioria dos nativos (ou seja, os falantes da língua copta) e seus descendentes se tornando parte da Igreja Copta, da ortodoxa oriental. Após a conquista árabe do Norte da África no século VII d.C., este grupo que já era pequeno continuou assim por muitos séculos.[10]
Hoje em dia, por volta de 250 mil cristãos gregos constituem o Patriarcado de Alexandria no Egito, o maior número desde o Império Romano, em geral descendentes de sírios e libaneses estabelecidos no país no século XIX.[1] A Igreja ainda se expandiu extensamente ao longo do Leste Africano através de atividade missionária a partir de meados do século XX, principalmente em Uganda, onde comunidades cismáticas de influência ortodoxa foram recebidas pela Igreja em 1946, e Quênia, que passou por um processo semelhante, tendo segundo pesquisa de 2010 mais de 650 mil membros. Populações expressivas também se estabeleceram na Tanzânia, Zimbábue e Zâmbia.[11][12]
2019 - Cisma com Moscou
[editar | editar código-fonte]Em 27 de dezembro de 2019, a Igreja Ortodoxa Russa cortou oficialmente os laços com o Patriarcado de Alexandria por causa do reconhecimento deste último da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, cuja autocefalia é rejeitada pela Igreja sediada em Moscou. Isso foi feito depois que Teodoro II anunciou seu apoio à Igreja Ortodoxa da Ucrânia.[13] O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa observou que permanecerá em comunhão com os clérigos da Igreja de Alexandria que rejeitam a decisão de Teodoro II, e que as paróquias ortodoxas na África serão removidas da jurisdição do Patriarcado de Alexandria e tornadas diretamente subordinadas a Igreja Ortodoxa Russa.[14]
Estrutura e hierarquia
[editar | editar código-fonte]Patriarca
[editar | editar código-fonte]- Patriarca Teodoro II, Papa e Patriarca da Arquidiocese de Alexandria no Egito, Primaz do Patriarcado Ortodoxo Grego de Alexandria e de Toda a África.
Arcebispos metropolitas
[editar | editar código-fonte]- Metropolita Narciso (Gammo) da Arquidiocese de Accra com jurisdição sobre Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria e Mali;
- Metropolita Pedro (Giakoumelos) da Arquidiocese de Axum, com sede em Adis Abeba e jurisdição sobre o Chifre da África;
- Metropolita Gennadius (Stantzios) da Arquidiocese de Botswana;
- Metropolitano Pantaleão (Arathymos) da Arquidiocese de Brazzaville e Gabão, com jurisdição sobre o Congo e Gabão;
- Metropolita Gregory (Stergiou) da Arquidiocese de Camarões com jurisdição sobre Camarões, República Centro-Africana, Chade, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe;
- Metropolita Meletius (Koumanis) da Arquidiocese de Cartago, sediado em Túnis com jurisdição sobre a Argélia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia;
- Metropolita Demetrius (Zacharengas) da Arquidiocese de Dar es Salaam com jurisdição sobre o leste da Tanzânia e as Seychelles;
- Metropolita Sergius (Kykkotis) da Arquidiocese da Boa Esperança, com sede na Cidade do Cabo com jurisdição sobre as províncias da África do Sul do Cabo Oriental, Norte e Ocidental, KwaZulu-Natal e Estado Livre, bem como Lesoto, Namíbia e Suazilândia;
- Metropolita Nicolau (Antoniou), da Arquidiocese de Hermópolis, com sede em Tanta e jurisdição sobre os cristãos ortodoxos de língua árabe do Egito;
- Metropolita Damasceno (Papandreou) da Arquidiocese de Joanesburgo e Pretória com jurisdição sobre o nordeste da África do Sul;
- Metropolita Jonah (Lwanga) da Arquidiocese de Kampala com jurisdição sobre Uganda;
- Metropolita Meletius (Kamiloudis) da Arquidiocese de Catanga, sediado em Lubumbashi, na República Democrática do Congo;
- Metropolita Nicéforo (Konstantinou) da Arquidiocese de Kinshasa com jurisdição sobre a República Democrática do Congo;
- Metropolita Gabriel (Raftopoulos) da Arquidiocese de Leontópolis, com sede em Ismailia e jurisdição sobre o nordeste do Egito;
- Metropolita Inácio (Sennis) da Arquidiocese de Madagascar com jurisdição sobre Madagascar, Comores, Mayotte, Maurício e Reunião;
- Metropolita Nicodemos (Priangelos) da Arquidiocese de Memphis, sentado em Heliópolis;
- Metropolita Jerome (Muzeeyi) da Arquidiocese de Mwanza, com sede em Bukoba e jurisdição sobre o oeste da Tanzânia;
- Metropolita Macarius (Telyridis) da Arquidiocese de Nairobi com jurisdição sobre o Quênia;
- Metropolita Alexandre (Gianniris) da Arquidiocese da Nigéria com jurisdição sobre a Nigéria, Níger, Benin e Togo;
- Metropolita Savvas (Cheimonetos) da Arquidiocese de Nubia, com sede em Cartum com jurisdição sobre o Sudão e o Sudão do Sul;
- Metropolita Nephon (Tsavaris) da Arquidiocese de Pelusium, sentado em Port Said;
- Metropolita Emmanuel (Kagias) da Arquidiocese de Ptolemais, sediado em Minya com jurisdição sobre o Alto Egito;
- Metropolita Teofilato (Tzoumerkas) da Arquidiocese de Trípoli com jurisdição sobre a Líbia;
- Metropolita John (Tsaftaridis) da Arquidiocese da Zâmbia e Malawi, sentado em Lusaka;
- Metropolita Serafim (Iakovou) da Arquidiocese do Zimbábue e Angola, com sede em Harare;
- Metropolita Innocentius (Byakatonda) da Arquidiocese de Burundi e Ruanda.
Bispos
[editar | editar código-fonte]- Bispo Crisóstomo (Karagounis) da Diocese de Moçambique;
- Bispo Neophytus (Kongai) da Diocese de Nyeri e Monte Quênia;
- Bispo Athanasius (Akunda) da Diocese de Kisumu e Quênia Ocidental;
- Bispo Agathonicus (Nikolaidis) da Diocese de Arusha e Tanzânia Central;
- Bispo Silvestros (Kisitu) da Diocese de (Gulu) e Uganda oriental.
Primaz
[editar | editar código-fonte]O Primaz e principal Bispo da Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria é o Papa e Patriarca de Alexandria e Toda África, posto atualmente de Teodoro II. Seu título completo é "Sua Mais Divina Beatitude, o Papa e Patriarca da Grande Cidade de Alexandria, Líbia, Pentápole, Etiópia, todas as terras do Egito e Toda a África, Pai dos Pais, Pastor dos Pastores, Prelado dos Prelados, Décimo-Terceiro Apóstolo e Juiz Ecumênico."[10] Como o Papa Ortodoxo Copta de Alexandria e o Patriarca Católico Copta de Alexandria, ele alega a sucessão apostólica de Marcos, o evangelista, na função de Bispo de Alexandria, que fundou a Igreja da cidade no século I e, portanto, iniciou o Cristianismo na África.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Egypt Religions & Peoples from "LOOKLEX Encyclopedia"». LookLex Ltd. 30 de setembro de 2008
- ↑ «História da Igreja Greco-Melquita Católica». Consultado em 8 de dezembro de 2015. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2015
- ↑ «Αρχική». patriarchateofalexandria.com (em grego). Consultado em 2 de outubro de 2021
- ↑ Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro II, Capítulo XVI.
- ↑ Woods, J. (1907). "The Church of Alexandria." Enciclopédia Católica. Nova Iorque: Robert Appleton Company. Acessado em 6 de março de 2018.
- ↑ «When Did Today's Autocephalous Churches Come into Being?». Orthodox History (em inglês). 24 de maio de 2022. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ «CHURCH FATHERS: First Council of Nicaea (A.D. 325)». www.newadvent.org. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ Greek Orthodox Archdiocese of America: Fourth Ecumenical Council
- ↑ Got Questions? "What is Coptic Christianity, and what do Coptic Christians believe?"
- ↑ a b «Ιστορικά στοιχεία». Site Oficial do Patriarcado Ortodoxo de Alexandria e Toda a África (em grego). Consultado em 6 de março de 2018
- ↑ Tillyrides, Makarios. «The Origin of Orthodoxy in East Africa». Orthodox Research Institute (em inglês). Consultado em 6 de março de 2018
- ↑ «Table: Christian Population in Numbers by Country». Pew Research Center (em inglês). Consultado em 6 de março de 2018
- ↑ «Russian Orthodox Church cuts ties with Alexandria patriarch». Crux Now (em inglês). Consultado em 2 de outubro de 2021
- ↑ «Russia Orthodox Church Cuts Ties With Alexandria Patriarch». New York Times. Associated Press. 27 de dezembro de 2019. Consultado em 27 de dezembro de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Hayes, Stephen (1996). «Orthodox mission in tropical Africa». Missionalia. 24 (3): 383–398. Consultado em 14 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 17 de novembro de 2006
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Site oficial» (em inglês). Patriarcado Grego Ortodoxo de Alexandria. Consultado em 13 de fevereiro de 2011
- «Site oficial dos cristãos ortodoxos falantes do árabe de Alexandria» (em árabe). Consultado em 13 de fevereiro de 2011