Júlia D'Almendra
Júlia D'Almendra | |
---|---|
Nascimento | 3 de outubro de 1904 Samões |
Morte | 22 de setembro de 1992 (87 anos) |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | música, pedagoga, violinista |
Júlia D'Almendra (Samões, Vila Flor, 3 de outubro de 1904 – Lisboa, 22 de setembro de 1992) foi uma musicóloga, pedagoga e violinista portuguesa.
“ | Se o canto humano não é senão o eco dos cantos celestiais, o canto gregoriano terá sempre o dom supremo de transformar cada tempo em paraíso. | ” |
Deu um enorme contributo na divulgação do canto gregoriano em Portugal, sendo da sua responsabilidade a fundação da primeira escola de música sacra de nível superior, e também, do órgão como instrumento artístico, tendo trazido para Portugal notáveis organistas como J. Gajard, Jean Guillou e J. Chailley.
Formação em Lisboa
[editar | editar código-fonte]Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa onde fez o curso superior de violino na classe do professor Alexandre de Bettencourt e Vasconcelos [1]. Acabou por abandonar a carreira de violinista nos anos 30, quando iniciou os seus estudos na música da Idade Média e no Renascimento. [2]
O primeiro contacto com o canto gregoriano
[editar | editar código-fonte]Nos primeiros anos da década de 40, Solange Corbin esteve em Portugal, onde iniciou uma importante pesquisa sobre as fontes documentais mais antigas da música gregoriana nos arquivos de igrejas e conventos. Teve a oportunidade de estudar com esta musicóloga francesa, após assistir a uma conferência dada por esta no Instituto Francês, que a influenciou profundamente. Prosseguiu os seus estudos com os padres Inácio Aldasoro e Pascal Piriou, professores no Seminário dos Olivais, em Lisboa.
Estudos em Paris
[editar | editar código-fonte]No ano de 1946, parte para Paris como bolseira do governo francês, onde permanece até 1950. Nesta cidade, estuda na Sorbonne e no Instituto Gregoriano de Paris. Em 1948 apresenta a sua tese de licenciatura "Les modes grégoriens dans l'ouvre de Claude Debussy", que foi considerada pela crítica internacional como sendo uma importante contribuição para o conhecimento da obra deste compositor francês.
A divulgação do canto gregoriano em Portugal
[editar | editar código-fonte]Regressa a Portugal em 1950 e, em abril, organiza em Fátima a I Semana Gregoriana e Litúrgica, que contou com uma participação de centena e meia de alunos. Paralelamente organizou também as Jornadas Gregorianas em todas as dioceses do País. No ano de 1951 funda a Liga dos Amigos do Canto Gregoriano e em março de 1953, sob o patrocínio do Instituto de Alta Cultura, funda o Centro de Estudos Gregorianos, a primeira escola de música sacra de nível superior em Portugal.[2] Fez parte do corpo docente e, com a estatização desta escola em 1976 (pedida por Júlia D'Almendra), fez parte da Comissão Instaladora do Instituto Gregoriano de Lisboa, até à data em que foi reformada, devido à sua idade avançada. Apesar de já não poder lecionar na escola que tinha fundado, continuou a sua atividade de investigadora até à data da sua morte.
Reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Em 1958, foi agraciada pelo Governo Francês com a "Cruz de Cavaleiro das Palmas Académicas" pela sua investigação musicológica sobre Debussy e Gabriel Fauré. Foi condecorada pelo Vaticano com a medalha "Pro Eclesia" no 25º Aniversário das Semanas Gregorianas. [2]
A 19 de setembro de 1984, foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem da Instrução Pública.[3]
Em 1988 foi homenageada por um grupo de amigos e antigos alunos, com a criação do "Centro Ward de Lisboa - Júlia D'Almendra".
Já postumamente, foi homenageada em 1992 pela Associação Portuguesa dos Amigos do Órgão de Igreja.
Notas
- ↑ A transparência através das cartas de José Eduardo Martins
- ↑ a b c Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, A-C. Lisboa: Circulo de Leitores, Temas e Debates. 2010. pp. 34–35. ISBN 978-989-644-091-6
- ↑ «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Júlia Almendra". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de novembro de 2021
Referências
[editar | editar código-fonte]- "O Tra le Sollecitudini e Júlia d'Almendra" por Idalete Giga
- Instituto Gregoriano de Lisboa