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José Agostinho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para o escritor português, veja José Agostinho de Macedo.
 Nota: Para o dramaturgo e publicista, veja José Agostinho de Oliveira.
José Agostinho
José Agostinho
Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1370 (1945).
Nascimento 1 de março de 1888
Angra do Heroísmo
Morte 17 de agosto de 1978 (90 anos)
Angra do Heroísmo
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação meteorologista, oficial, naturalista
Distinções
  • Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
  • Comendador da Ordem Militar de Avis
  • Oficial da Ordem Militar de Cristo
  • Ordem do Império Britânico
  • Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada
  • Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Empregador(a) Serviço Meteorológico dos Açores, Exército Português

José Agostinho (Angra do Heroísmo, 1 de Março de 1888Angra do Heroísmo, 17 de Agosto de 1978), mais conhecido por tenente-coronel José Agostinho, foi um militar de carreira que se distinguiu como meteorologista e naturalista de renome internacional. Publicou algumas centenas de artigos sobre meteorologia, sismologia e biologia em matérias referentes aos Açores, para além de ter realizado mais de uma centena e meia de palestras radiofónicas sobre as mesmas matérias.[1][2][3][4]

José Agostinho nasceu na freguesia de São Pedro da cidade de Angra do Heroísmo, filho de Manuel Agostinho, alferes reformado de artilharia, oriundo de Castelo Branco, e de Maria da Conceição Ferreira, oriunda da ilha do Pico. Fez os seus estudos preparatórios no Liceu de Angra do Heroísmo, terminando-os em Lisboa. Destinado a seguir a carreira militar, ingressou na Escola Politécnica em 1904, tendo terminado o respectivo curso em 1908. Frequentou depois a Escola do Exército, de onde se graduou ingressando na arma de Artilharia.[5]

Na sua carreira militar integrou o Corpo Expedicionário Português enviado para França durante a Grande Guerra, tendo ali comandando uma bataria de artilharia. Pelo seu desempenho na frente de batalha foi condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe e com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (10 de julho de 1920).[6]

Terminada a guerra, regressou aos Açores, sendo colocado em 1918 como observador no Observatório Meteorológico de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, trabalhando em estreita colaboração com o naturalista (e coronel do Exército) Francisco Afonso Chaves, então director do Serviço Meteorológico dos Açores.

Quando em 1926 o coronel Afonso Chaves faleceu, sucedeu-lhe no cargo de director do serviço, o qual sob a sua direcção sofreu uma grande expansão, passando a dedicar-se também a obervações do campo magnético terrestre e a estudos de aerologia. Paralelamente foi-se afirmando como sismologista e naturalista, passando a corresponder-se com alguns dos principais naturalistas do tempo, recolhendo espécimes da fauna e flora dos Açores, que enviou aos principais centros de investigação e museus naturais.

Nesta fase publicou numerosos trabalhos científicos de diversos países e integrou diversas comissões internacionais nas áreas do geomagnetismo e geoelectricidade, de estudo da alta atmosfera e de meteorologia sinóptica.

Com a extinção, em Outubro de 1946, do Serviço Meteorológico dos Açores, por integração no Serviço Meteorológico Nacional, passou a meteorologista-chefe daquela instituição, chefiando a delegação dos Açores, aposentando-se, por atingir o limite de idade, a 1 de Maio de 1958. Era então tenente-coronel de Artilharia.

Para além da sua actividade como meteorologista profissional e como naturalista, exerceu uma extensa actividade de divulgação científica, tendo realizado centenas de palestras, incluindo uma longa série que foi radiodifundida pelo Rádio Clube de Angra, o que fez dele uma das personalidades açorianas mais conhecidas das décadas de 1950 e 1960.

Era membro de múltiplas sociedades científicas internacionais e sócio correspondente do Instituto de Coimbra e da Sociedade Broteriana.

Foi sócio fundador e presidente da Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves e de várias associações açorianas, entre as quais o Instituto Histórico da Ilha Terceira, a que presidiu de 1955 a 1957. Para além do seu labor como naturalista, também se interessou por assuntos de história e de etnologia, publicando diversos artigos sobre temáticas dessa área.

Foi oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (21 de dezembro de 1928), comendador da Ordem Militar de Avis (5 de outubro de 1929), oficial da Ordem Militar de Cristo (5 de novembro de 1931), grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (17 de fevereiro de 1978) e oficial da Ordem do Império Britânico (22 de novembro de 1946).[6][7] Esta última condecoração foi-lhe atribuída pelos serviços prestados às forças britânicas estacionadas na ilha Terceira durante a Segunda Guerra Mundial.

Em sua homenagem o Observatório Meteorológico de Angra do Heroísmo é hoje denominado Observatório José Agostinho e uma das principais artérias da cidade de Angra do Heroísmo denomina-se Avenida Tenente Coronel José Agostinho. Uma listagem, embora incompleta, da sua obra foi coligida por Manuel Soares de Azevedo.[8][9][10]

Entre várias centenas de artigos e palestras, é autor das seguintes obras:

  1. Manuel Soares de Azevedo, «Dados bibliográficos do tenente-coronel José Agostinho» in Açoreana, 6 (1981), 2: 105-106.
  2. João Dias Afonso,Bibliografia Geral dos Açores, vol. I, pp. 75-102. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura, 1985.
  3. Emily Hahn, «The Azores III - The Colonel Who Liked Lava» in The New Yorker, November 20, 1959.
  4. “Da universalidade de José Agostinho.
  5. António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, Genealogias da Ilha Terceira, vol. I, pp. 75–76, Dislivro Histórica, Lisboa, 2007 (ISBN 978-972-8876-98-2).
  6. a b «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Agostinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de julho de 2020 
  7. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "José Agostinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de julho de 2020 
  8. Manuel Soares de Azevedo, licenciado em Ciências Matemáticas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi funcionário superior do Serviço Meteorológico Nacional, tendo ocupado os cargos de chefe dos Serviços Meteorológicos de São Tomé e Príncipe e da Guine, e de inspector do Serviço Meteorológico de Angola. Nasceu a 16 de Junho de 1919 na Piedade, ilha do Pico, e faleceu em Lisboa a 8 de Janeiro de 1980. Foi autor dos estudos meteorológicos que serviram de base para a localização dos aeroportos da Graciosa e de São Jorge.
  9. Catálogo Coletivo das Bibliotecas Açorianas.
  10. «Azevedo, Manuel Soares» in Enciclopédia Açoriana.

Ligações externas

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