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Juqueri

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 Nota: Para outros significados, veja Juqueri (desambiguação).
Um dos edifícios do complexo hospitalar do Juqueri

Juqueri (FO 1943: Juquery) foi a antiga denominação do município de Mairiporã, localizado no estado de São Paulo. Em 1934, ao adquirir uma metade do município de Santana de Parnaíba,[1] passou a ser formado pelo distrito de Franco da Rocha, e em 1938, pelo distrito de Caieiras, desmembrado deste.[2] Em 1944, os distritos de Franco da Rocha e de Caieiras passaram a formar o novo município de Franco da Rocha,[3] e em 1948, o Juqueri foi, oficialmente, renomeado para Mairiporã.

Existem duas origens possíveis para o topônimo "Juqueri":

  • é proveniente do tupi yu-ker-i-y, "o rio do espinheiro que dorme, propenso a dormir", em alusão às folhas do juqueri, que, quando tocadas, se deitam.[4][5]
  • provém do tupi antigo îukeri, que designa as plantas do gênero Mimosa.[6]

O povoamento de origem europeia da região começou com pequenos núcleos nas cercanias da vila de São Paulo de Piratininga em fins do século XVI, como ligação entre o planalto e o sertão inexplorado. O primeiro nome do povoamento foi Nossa Senhora do Desterro de Juqueri, tendo sido elevado à categoria de vila em 1696. Em vista disso, administrativamente, Juqueri foi um distrito do município de São Paulo até 1880, quando passou a fazer parte da Província de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos.

Em 1696 é constituído o povoado de Nossa Senhora do Desterro de Juqueri, palavra tupi que designa uma planta leguminosa, conhecida também como dormideira. No ano de 1783 passou a ser paróquia; a capela transformou-se em igreja e passou por diversas modificações (1841, década de 1940 e 1982). A última reforma descaracterizou o antigo templo, conservando apenas a torre. A vila de Juqueri adentrou o século XVIII como fonte de produtos agrícolas para São Paulo, chegando a produzir algodão e vinho para exportação. Não prosperou como outras localidades inseridas nas regiões das lavras de ouro e pedras preciosas, caracterizando-se como pouso de tropeiros que faziam o abastecimento das Minas Gerais.

Em 1769, a Câmara paulistana determinou a abertura de uma estrada entre Juqueri e São Paulo. O "Caminho de Juqueri" transformou-se mais tarde na Estrada Velha de Bragança. Antes distrito da capital (1874 a 1880) e de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos (1881 a 1888), se passando por freguesia em 1841[7], Juqueri passou a ser município por meio da Lei Provincial 67, de 27 de março de 1889.[8] Um ano antes da emancipação, a São Paulo Railway (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) construiu a Estação do Juqueri. Em 1898, o governo do estado inaugurou o Hospital-colônia de Juqueri para doentes mentais, dirigido pelo médico Francisco Franco da Rocha. A associação do nome de Juqueri ao hospital, causando confusão na entrega de correspondências e desconforto entre os juquerienses, criou um movimento para mudar o nome do município.

Em 1944, Juqueri sofre a sua primeira perda territorial, quando os distritos de Franco da Rocha - onde situava-se um dos mais célebres hospitais psiquiátricos do Brasil, o Hospital Psiquiátrico do Juqueri,[9] o que fez com que a palavra "juqueri" se tornasse sinônimo de "loucura", ou de doença mental de forma geral - e Caieiras são desmembrados para compor o novo município de Franco da Rocha.[2][3][10]

Crescimento população urbana
Censo Pop. % Ref.
1920 9 098 [11]
1934 13 741
51,03%
[1]
1940 24 851
80,85%
[11]
1950 9 386 −62,23% [11]
1960 12 801
36,38%
[11]

Referências

  1. a b «História da Câmara | Câmara de Santana de Parnaíba». www.camarasantanadeparnaiba.sp.gov.br. Consultado em 18 de setembro de 2024 
  2. a b «decreto n.9.775, de 30.11.1938». www.al.sp.gov.br. Consultado em 18 de setembro de 2024 
  3. a b «decreto-lei n.14.334, de 30.11.1944_parte2». www.al.sp.gov.br. Consultado em 18 de setembro de 2024 
  4. Confraria do IHGRS (1925). Revista do Instituto Histórico e Geográphico do Rio Grande do Sul, Volumes 5-6. [S.l.]: O Instituto 
  5. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, Edições 15-16. [S.l.]: Diretoria do Protocolo e Arquivo da Prefeitura. 1935 
  6. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 583.
  7. «V - A Eleição do Governo Provisório». Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Consultado em 21 de maio de 2024 
  8. «Lei nº 67, de 27/03/1889». www.al.sp.gov.br. 27 de março de 1889. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  9. Evelin Naked de Castro Sá, e Cid Pimentel (1991). Juqueri, o espinho adormecido. [S.l.]: Editora Hucitec. ISBN 8527101211 
  10. Municípios e distritos do Estado de São Paulo (PDF). [S.l.]: IGC - Instituto Geográfico e Cartográfico. pp. 26, 34, 48 
  11. a b c d Seade, Fundação. «| Fundação Seade». produtos.seade.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2024