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Língua aticum

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mapa mostrando as áreas habitadas por indígenas no município de Carnaubeira da Penha - PE
Aticum
Nomes alternativos: atikum, uamué
Falado em: Brasil (BA/PE) (extinto)
Total de falantes nativos: 0
Classificação linguística:

Não Classificada

Estatuto oficial: não tem

O aticum (ou também atikum, uamué) é uma língua indígena atualmente extinta falada até o início do século XX no Nordeste do Brasil pelos aticuns-umãs. Apenas algumas listas de palavras são conhecidas, portanto, sua classificação filogenética é bastante duvidosa, razão pela qual é considerada uma língua não classificada.

Os aticuns-umãs vivem hoje em dia em vários enclaves nos estados de Pernambuco e Bahia, no nordeste do Brasil. Em Pernambuco, por volta de 1985, 3852 aticuns-umãs foram contados em cerca de vinte aldeias a oeste da Reserva Biológica de Serra Negra, no município de Carnaubeira da Penha e a cerca de 40 a 50 km da cidade de Floresta. Existem também alguns aticuns-umãs na Serra do Ramalho, no município de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, embora provavelmente tenham sido deslocados para lá de sua área original.

Pompeu (1958)

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Vocabulário da língua dos índios da Serra Negra de Pernambuco, coletado por Thomaz Pompeu Sobrinho em Brejo dos Padres:[1]

Português Serra Negra
sol kari
lua tyupanyé
trovão traikozã
homem porkiá
mulher sikiurú
macaco arinã
cachorro sará
tatu-peba tukuaranã
tatu-bola kwaráu
tatu-verdadeiro arikyó
tamanduá-mirim muze káu káukrí
porco aleal
veado kwãú
gado vacum kõnã
cavalo tyaparú
ema lashikrá
tabaco, fumo kupriô
bom niré
rancho poró
branco karikyá
negro tapsishunã
mosca moka
vaca tyanã
bezerro tyapatã
Deus panyé

Meader (1978)

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Em 1961, uma pesquisa por Menno Kroeker foi realizada para encontrar os últimos falantes de línguas do noroeste do Brasil; o trabalho foi publicado por Meader (1978). Naquela pesquisa, encontraram alguns aticuns-umãs capazes de lembrar algumas palavras, embora não fossem mais falantes fluentes da língua. Essas listas têm vários problemas, pois cerca de metade das palavras são emprestadas do português, do fulnió, e das línguas tupi-guaranis.[2]

Informante
  • Nome: Antônio Masio de Souza
  • Idade provável: 30 anos
  • Sexo: Masculino
  • Posição: Agricultor
  • Residência: Carnaúba, PE (hoje Carnaubeira da Penha, PE?)
Português Aticum
fogo àtòˈé
pequena lagoa kàtìšὶdὶnὶ
mãe sih / æ̀ntὶsὶdὶnˈómà
pai æ̀ntὶsὶdὶnˈómù
banana pàkˈóà
batata zítírə̃̀nˈí
cavalo kə̃̀naùrùˈí
deus tùpˈə̃̀
ladrão lˈáklì də̃̀nkùrˈí
negro do cabelo duro màkˈétò pìàkˈá
sem-vergonha sˈέklì vlˈέklì kə̃̀nkùrˈí
Informante
  • Nome: Pedro José Tiatoni
  • Idade provável: 45 anos
  • Sexo: Masculino
  • Posição: Pajé itinerante
  • Residência: Jatobá (perto de Maniçobal), PE
Português Aticum
amigo méˈὲlì
bolha d'água boiI dˈægwai
casar-se kã̀zˈuUtĩ
cego sὲdˈíntú
cérebro ὲsὲloˈú bàiὲ
chefe šeEfˈuUte
cicatriz sìkˈéιtæ̀ù
corcovado kɔ́Ɔkɔ̀rˈítìvá
corpo èžóːO kóOpítˈĩ̀
cotovelo šὲkítˈũ̀và
dedo dὲényˈò
doente déˈósìtə̃́
doer dòέkátˈũ̀
garganta gàrgὲlˈí
gêmeos zéὲˈéEtìò
inimigo ínˈίƖsì
médico météòhˈὲtù
muco bὲtˈṍkyà
nuca sṹkˈè kɔ̀tì
ombro álíˈɔ́kà
patrão péEtɔi
pulso sὲóːspˈóːpə̀
punho pὲóOtˈə̃̀
pus pe
queixo séikítˈὲ šĩ̀
remédio rèmèzˈítíò
rosto làbàtˈíš tὲˈíštú
surdo sùUtˈέlì
testa tˈúmàžĩ́nὲtà
tossir tˈóːmɔ̀štìà
tumor túmˈàžù
varíola vȁréʔˈὲlì
veia vέlˈùUsí
verruga gˈaAgoleE
Informante
  • Nome: Luís Baldo
  • Idade provável: 35 anos
  • Sexo: Masculino
  • Posição: Pajé itinerante
  • Residência: Perto de Cachoeirinha, PE
Português Aticum
água žεntúra
árvore (genérico) selá
árvore (musame) žátoe
árvore (um tipo) aparεšiṹ
cabeça núvi
casa zə̃ŋgáda, ohə̃šária
cobra sarapɔ́
fogo óšu
fumo pakáso
furar / buraco žudáku
lavar-se žodáxsi
limpo žínto
mão žə̃nú
nuvem žúnúpà
orelha ukə́
panela sə̃nɛ́la
peixe useštiãṍ
(piolho) žirúda
rir xíka
sol patupə́
o sol está quente o so ʌta kə́ta
acender æžudéa
acordar-se axšodáːši
algodão kapušú
alegre gɛ́gi
aldeia žə́ndũ
amargo ažáxku
apagar ašotá
arbusto žóta
azedo aAsédu
balde εlági
banana ə̃nə̃ná
barranco sahə́ŋku
batata šə́milya
bode tóda
bolsa zóOsa
brando žándu
cachaça kə̃mbúmba
cachorro tašóku
cadeira sadeíra
caixa šekə́
cama sə́ma
cansado sádu
carriça sumíga
cego sɛ́sa
cerca séːkə
cesta εsestaṹgũ
chorar šúga
cobertor zídyo
colher æžilɛ́ka, šulɛ́ka
cova šɔ́da
cru tu
cuia εšúia
dedo dédo
doce dóta
doente žinɛ́ti
duro ažúru, sásu
encanamento žedə́
engolir gúi
escada žikáda
espinho žõŋgaíža
esteira bešteíra
estrangeiro žĩ́žeiro
feijão seižã́õ
fósforo sɔ́ˑstu
gato táta
gêmeos žεni
gritar íta
ilha ída
os índios nus dí žíŋgàʔ šú
Jânio Quadros uz óndios
Japão o zíru cə̃ntalɛ́ros
jarro lážo
osṍndia
lagarto preto žakobébo
lama cə́ntara
ligeiro varéru
linha diŋaz
mal zau
médico žédigu
mesa zéza
morcego soségu
onça dṍnsa
parede degédi
peneira seneíra
penha šẽ́ñã
ponte téasiŋ, sṍnti, gražúris
prato šátu
primeiro temédo
pulso žɛ́digo
punho túŋa
querer seˑréa
rede édõ
remédio žegɛ́du
sabão šodã́õ
sibilar klíka
suar ašugáxša
tatu takú
tear žéda
tecido osédãõ
terremoto gə̃mɔ́ta
testa tɛ́εka
teto ketú
tossir sɔ́ta
triste késti
tronco sidə́
último žítimu
urso úta
urubu ukəŋgú
varíola zɛ́riola
vassoura barsoúra
vazio žážiu
vela drɛ́zba
verruga šə̃šugáti
viga dígũ

Referências

  1. Pompeu Sobrinho, Thomaz. 1958. Línguas Tapuias desconhecidas do Nordeste: Alguns vocabulários inéditos. Boletim de Antropologia (Fortaleza-Ceará) 2: 3-19.
  2. Meader, Robert E. (1978). Indios do Nordeste: Levantamento sobre os remanescentes tribais do nordeste brasileiro. Brasilia: SIL International 

Ligações externas

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