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Malassezia

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Malassezia furfur em pele de um paciente com tinha versicolor
Malassezia furfur em pele de um paciente com tinha versicolor
Classificação científica
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Subfilo: Ustilaginomycotina
Classe: Malasseziomycetes
Denchev & T.Denchev (2014)
Ordem: Malasseziales
R.T.Moore (1980)
Família: Malasseziaceae
Denchev & R.T.Moore (2009)
Género: Malassezia
Baill. (1889)
Espécie-tipo
Malassezia furfur
(C.P.Robin) Baill. (1889)
Espécies
Ver texto
Sinónimos

Malassezia (anteriormente conhecido como Pityrosporum): é um gênero de fungos relacionados, classificados como leveduras, encontrados de forma natural na superfície da pele de muitos animais, incluindo humanos. Pode causar hipopigmentação no tronco e em outras partes de humanos quando se torna uma infecção superficial.

Existe alguma confusão sobre a nomenclatura e classificação de espécies de Malassezia devido a uma série de mudanças na sua nomenclatura. O trabalho sobre estas leveduras tem sido complicado por serem muito difíceis de propagar em culturas de laboratório.

Foram originalmente identificadas pelo cientista francês Louis-Charles Malassez no final do século XIX. Raymond Sabouraud identificou um organismo causador da caspa em 1904 e chamou-lhe "Pityrosporum malassez", honrando Malassez ao nível da espécie e não do gênero. Quando se determinou que os organismos eram os mesmos, decidiu-se que o termo Malassezia tinha prioridade.[1]

Em meados do século XX, foi reclassificado em duas espécies::

  • Pityrosporum (Malassezia) ovale que é lipidodependente e encontrada apenas em humanos. P. ovale seria mais tarde dividida em duas espécies, P. ovale e P. orbiculare, mas as fontes actuais consideram que estes termos referem-se a uma única espécie de fungo, sendo M. furfur o nome preferido.[2]
  • Pityrosporum (Malassezia) pachydermatis, que é lipofílica mas não lipidodependente e encontrada na pele da maioria dos animais.

Em meados da década de 1990, cientistas do Instituto Pasteur em Paris, descobriram espécies adicionais.[3]

Presentemente, são reconhecidas dez espécies:

Papel em doenças humanas

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Recentemente, a identificação de Malassezia na pele foi ajudada pela aplicação de técnicas moleculares ou baseadas em ADN, muito semelhantes às usadas pelos cientistas forenses na identificação de suspeitos criminosos. Estas investigações mostram que a espécie causadora da maioria das doenças de pele em humanos, incluindo a causa comum para a caspa e dermatite seborreica é M. globosa (embora Malassezia restricta esteja também envolvida.)[5] O exantema da tinha versicolor (pitiríase versicolor) é também devido a infecção por este fungo.

Uma vez que o fungo requer gordura para desenvolver-se, é mais comum nas zonas com muitas glândulas sebáceas: no couro cabeludo,[12] face e parte superior do corpo. Quando o fungo se desenvolve demasiado depressa, a renovação natural das células é perturbada e a caspa aparece com comichão (um processo similar pode também ocorrer com outros fungos ou bactérias).

Um projecto em 2007 sequenciou o genoma de M. globosa e descobriu que esta espécie tem 4 285 genes,[13] cerca de trezentas vezes menos que o genoma humano. M. globosa utiliza oito tipos diferentes de lipases, juntamente com três fosfolipases, para degradar os óleos do couro cabeludo. Qualquer uma destas 11 proteínas poderia ser um alvo adequado de medicamentos para a caspa.

Outra descoberta é a da capacidade potencial de M. globosa poder reproduzir-se sexuadamente,[13][14] embora tal facto não tenha sido observado em laboratório ou em qualquer outro local.

Coloca-se a hipótese de que indivíduos com tricotilomania sofrem de um tipo de distúrbio auto-imune em reacção às leveduras de Malassezia ou Candida. Uma vez que Malassezia está presente especialmente nos folículos pilosos e couro cabeludo, "o puxar de cabelos é como espirrar: o corpo tenta livrar-se de um irritante causador de alergia."[15]

Tratamento de infecções sintomáticas do couro cabeludo

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As infecções sintomáticas do couro cabeludo são muitas vezes tratadas com shampoos contendo dissulfeto de selênio[16] ou cetoconazol. Outros tratamentos incluem ciclopirox olamina, alcatrão de hulha, piritiona de zinco (ZPT), miconazol, ou shampoos medicados com óleo da árvore do chá. O peróxido de hidrogénio é também usado para controlar a comichão.

Referências

  1. Inamadar AC, Palit A (2003). «The genus Malassezia and human disease». Indian J Dermatol Venereol Leprol. 69 (4): 265–70. PMID 17642908 
  2. Predefinição:Fitzpatrick 6
  3. Guého E, Midgley G, Guillot J (1996). «The genus Malassezia with description of four new species». Antonie Van Leeuwenhoek. 69 (4): 337–55. PMID 8836432. doi:10.1007/BF00399623 
  4. Coutinho SD, Paula CR (1998). «Biotyping of Malassezia pachydermatis strains using the killer system». Rev Iberoam Micol. 15 (2): 85–7. PMID 17655416 
  5. a b DeAngelis YM, Saunders CW, Johnstone KR,; et al. (2007). «Isolation and expression of a Malassezia globosa lipase gene, LIP1». J. Invest. Dermatol. 127 (9): 2138–46. PMID 17460728. doi:10.1038/sj.jid.5700844 
  6. Sugita T, Tajima M, Amaya M, Tsuboi R, Nishikawa A. «Genotype analysis of Malassezia restricta as the major cutaneous flora in patients with atopic dermatitis and healthy subjects» ([ligação inativa]Scholar search). Microbiol. Immunol. 48 (10): 755–9. PMID 15502408 [ligação inativa]
  7. Uzal FA, Paulson D, Eigenheer AL, Walker RL (2007). «Malassezia slooffiae-associated dermatitis in a goat». Vet. Dermatol. 18 (5): 348–52. PMID 17845623. doi:10.1111/j.1365-3164.2007.00606.x [ligação inativa]
  8. Niamba P, Weill FX, Sarlangue J, Labrèze C, Couprie B, Taïeh A (1998). «Is common neonatal cephalic pustulosis (neonatal acne) triggered by Malassezia sympodialis?». Arch Dermatol. 134 (8): 995–8. PMID 9722730. doi:10.1001/archderm.134.8.995 [ligação inativa]
  9. Hirai A, Kano R, Makimura K,; et al. (2004). «Malassezia nana sp. nov., a novel lipid-dependent yeast species isolated from animals». Int. J. Syst. Evol. Microbiol. 54 (Pt 2): 623–7. PMID 15023986. doi:10.1099/ijs.0.02776-0 [ligação inativa]
  10. Sugita T, Tajima M, Takashima M,; et al. «A new yeast, Malassezia yamatoensis, isolated from a patient with seborrheic dermatitis, and its distribution in patients and healthy subjects» ([ligação inativa]Scholar search). Microbiol. Immunol. 48 (8): 579–83. PMID 15322337 [ligação inativa]
  11. Sugita T, Takashima M, Shinoda T,; et al. (2002). «New yeast species, Malassezia dermatis, isolated from patients with atopic dermatitis». J. Clin. Microbiol. 40 (4): 1363–7. PMC 140359Acessível livremente. PMID 11923357. doi:10.1128/JCM.40.4.1363-1367.2002 
  12. «Genetic code of dandruff cracked». BBC News. Consultado em 10 de dezembro de 2008 
  13. a b Xu J, Saunders CW, Hu P,; et al. (2007). «Dandruff-associated Malassezia genomes reveal convergent and divergent virulence traits shared with plant and human fungal pathogens». Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 104 (47): 18730–5. PMC 2141845Acessível livremente. PMID 18000048. doi:10.1073/pnas.0706756104 
  14. Guillot J, Hadina S, Guého E (2008). «The genus Malassezia: old facts and new concepts». Parassitologia. 50 (1-2): 77–9. PMID 18693563 
  15. Unknown. «Food And Skincare Research». Consultado em 2 de abril de 2010. Arquivado do original em 27 de outubro de 2009 
  16. Predefinição:DermNet Accessed Dec 24, 2007.

Ligações externas

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