Manuel Joaquim Dias
Manuel Joaquim Dias | |
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Nascimento | 21 de dezembro de 1852 Horta |
Morte | 21 de janeiro de 1930 (77 anos) Horta |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Ocupação | poeta, escritor |
Manuel Joaquim Dias (Horta, 21 de dezembro de 1852 — Horta, 21 de janeiro de 1930) jornalista, poeta e escritor, foi uma das figuras mais relevantes do panorama intelectal do seu tempo na ilha do Faial.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido na cidade da Horta, a falta de recursos da família não lhe permitiu frequentar o liceu pelo que, logo que feito exame da 4.ª classe, foi aprender o ofício de barbeiro. Contudo, tal não impediu que adquirisse uma vasta cultura literária. Como autodidata estudou as línguas inglesa e francesa, o que lhe permitiui aceder aos clássicos das respetivas literaturas. Leu assiduamente os melhores clássicos portugueses, entre os quais Luís de Camões, Filinto Elísio, Manuel Maria du Bocage e Nicolau Tolentino de Almeida, e conhecia as obras Victor Hugo, Alphonse de Lamartine, Pierre-Joseph Proudhon e Herbert Spencer. Estas leituras permitiram-lhe adquirir uma bagagem de conhecimentos verdadeiramente excepcional, sobretudo no campo da Filosofia.[1]
Os seus conhecimentos literários permitiram que obtivesse um emprego como amanuense na Administração do Concelho da Horta, instituição de que veio a ser secretário por nomeação, e, depois, presidente da Comissão Administrativa daquele Concelho. Membro da Maçonaria, integrou a Loja Luz e Caridade então ativa na Horta. Paralelamente dedicou-se ao jornalismo, sendo redactor de vários semanários, entre os quais O Açoriano, periódico que fora fundado em 1883 por Garcia Monteiro. Colaborou em muitos joutros periódicos açorianos e de Lisboa.[1][2]
Cedo de se revelou um poeta romântico, evoluindo para um parnasianismo prosaico, marcado por preocupações sociais. Na sua obra frequentemente manifesta pendor para a interpretação filosófica e as divagações científicas. A sua obra intitulada Apoteose Humana é a sua melhor prestação, com estrofes modulares, tanto sob o ponto de vista conceptual como formal. Inspiranda nas epopeias cíclicas então em voga e crente no positivismo científico, glorifica homem triunfando das forças cegas de um destino cego, liberto, enfim, «evolutivamente, do grosseiro determinismo primitivo».[1][3]
As suas preocupações sociais, nalguns casos marcadas por uma incipiente influência do proudhonismo, estão patentes nos seus artigos e ensaios filosófico-sociológicos, nos quais também há referências às doutrinas de Karl Marx.[1][4]
Também se dedicou à tradução, tendo traduzido o poeta e ensaísta americano Walt Whitman. A sua obra poética está parcialmente recolhida em monografias, mas a sua prosa permanece dispersa por múltiplos periódicos. Manuel Joaquim Dias é lembrado na toponímia da cidade da Horta, cidade onde existe a «Rua Manuel Joaquim Dias».
Obras
[editar | editar código-fonte]Para além de volumosa colaboração deixada dispersa em publicações periódicas, é autor das seguintes obras:[5]
- Margarida. Horta, Typ. Minerva, 1881;
- Apoteose Humana. Lisboa, Antiga Casa Bertrand, 1907;
- A controversia da Atlantida. Horta, Tipografia de O Telégrafo, 1912;
- «Metamorfose» in Os Açores, n.º 4 (1922), p. 17. Ponta Delgada, Of. Artes Gráficas, 1922;
- Telas da vida. Horta, Tip. de O Telégrafo, 1928;
- Ao cair das Sombras. Horta, Tip. de O Telégrafo, 1928.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e «Dias, Manuel Joaquim» na Enciclopédia Açoriana.
- ↑ «Manuel Joaquim Dias» in Álbum Açoriano, p. 514. Lisboa, Bertrando, 1903-1908.
- ↑ Para quando a reedição de Apotheose Humana, de Manuel Joaquim Dias?.
- ↑ José Enes, «O apogeu literário da Horta e o poeta-filósofo Manuel Joaquim Dias», in Boletim do Núcleo Cultural da Horta, n.º 21 (2012).
- ↑ Catálogo das Bibliotecas Açorianas.