Parque Nacional do Itatiaia
Parque Nacional do Itatiaia | |
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Categoria II da IUCN (Parque Nacional) | |
Pico das Agulhas Negras | |
Localização | |
Localização | Sudeste da América do Sul |
País | Brasil |
Estado | Minas Gerais Rio de Janeiro |
Mesorregiões | Sul Fluminense Sul e Sudoeste de Minas |
Microrregiões | Vale do Paraíba Fluminense Andrelândia |
Localidade mais próxima | Itatiaia, Resende, Itamonte, Bocaina de Minas |
Dados | |
Área | [1] | 28 084,10 hectares (280,8 km2)
Criação | 14 de junho de 1937 (87 anos)[2] |
Visitantes | 127 432[3] (em 2019) |
Gestão | ICMBio[4] |
Sítio oficial | www.ICMBio.gov.br |
Coordenadas | |
O Parque Nacional do Itatiaia[5] é uma unidade de conservação brasileira de proteção integral da natureza localizada no maciço do Itatiaia, na serra da Mantiqueira, entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Itatiaia é o parque nacional mais antigo do Brasil,[6] tendo sido criado em 14 de junho de 1937, numa área de 11 943 ha,[2] que antes de ser adquirida pela Fazenda Federal, em 1908, pertenceu ao Visconde de Mauá.[7] O nome Itatiaia é de origem tupi e significa penhasco cheio de pontas, pedra pontuda.[8]
No interior do parque encontram-se alguns dos picos mais altos do Brasil, beirando os 2 800 m de altitude. A fauna e a flora do parque são bastante diversificadas, devido principalmente à diferença de altitude de seu relevo e ao clima variado. Itatiaia é administrado atualmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A BR-485, que atravessa o parque, tem o seu ponto culminante a 2 460 m de altitude no seu interior e é assim considerada a estrada mais alta do Brasil.[9]
História
[editar | editar código-fonte]A área pertenceu ao Visconde de Mauá e foi adquirida pela Fazenda Federal em 1908, para a criação de dois núcleos coloniais destinados ao cultivo de frutas.[7]
Foi em 1913 que o botânico Alberto Loefgren solicitou ao Ministério da Agricultura a criação de um parque nacional no maciço do Itatiaia. No mesmo ano a ideia de um parque nacional recebeu apoio de geólogos, botânicos e geógrafos numa conferência realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.[10] As terras do patrimônio nacional do Brasil na região de Itatiaia foram incorporadas em 1914 ao patrimônio do Jardim Botânico, onde era mantida a Estação Biológica de Itatiaia, numa área de 119 439 432 m² (11 943 ha).[2]
O parque nacional do Itatiaia foi criado através do Decreto Nº 1.713, emitido em 14 de junho de 1937 por Getúlio Vargas, a partir da Estação Biológica de Itatiaia.[2] O decreto de criação previa a transferência das benfeitorias existentes no local à época, pertencentes à Estação Biológica, ao recém-criado parque nacional. As terras devolutas nas proximidades do parque, sob o domínio da União, foram reservadas pelo mesmo decreto para a instalação de hoteis e infraestrutura necessária à movimentação de turistas na região.[2] O mesmo decreto mencionava ainda a incorporação ao parque de pequenos lotes pertencentes a particulares, na época encravados em terras do domínio da União.[2] Estava prevista no decreto-lei Nº 87.586, a ampliação da área de Itatiaia para aproximadamente 30 000 ha, também emitido pela Presidência da República.[11]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Situa-se geograficamente entre os paralelos 22º19’ e 22º45’ latitude sul e os meridianos 44º15’ e 44º50’ de longitude oeste. O parque está localizado no maciço do Itatiaia, na serra da Mantiqueira, no sul dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, com território abrangendo os municípios de Alagoa, Bocaina de Minas, Itamonte, Itatiaia e Resende. O território do parque é cortado pela BR-485. Esta, por cruzar por regioes de até 2 350 m de altitude, é considerada a estrada mais alta do Brasil.[9] O parque se divide em dois ambientes distintos:
- Sede do Parque (Parte baixa): Saindo do Rio de Janeiro ou São Paulo, segue-se pela Rodovia Presidente Dutra (BR 116) até a cidade de Itatiaia, altura do km 316. O Centro de Visitantes, localizado na parte baixa do parque, possui um museu com informações básicas sobre a fauna e a flora da região, com animais empalhados e uma biblioteca.
- Planalto (Parte alta): Saindo do Rio de Janeiro ou São Paulo, segue-se pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116) até Engenheiro Passos, altura do quilômetro 330, seguindo pela rodovia BR-354 em direção a Itamonte.[12]
Geologia
[editar | editar código-fonte]Itatiaia está num complexo alcalino, formado por sienitos, foiaitos, pulaskitos, quartzo-sienitos, brechas e granito alcalino. As formações rochosas são consideradas raras, pouco encontradas no resto do país, parecidas com granito, porém tratando-se de nefelina sienito. Encontram-se também rochas de origem eruptiva.[carece de fontes]
Hidrografia
[editar | editar código-fonte]Nascem, no parque, vários rios integrantes das bacias hidrográficas do rio Paraíba do Sul e do rio Grande. A rede hidrográfica é formada por rios de águas cristalinas, que formam piscinas naturais e cachoeiras. Seus principais rios são: Campo Belo, Maromba, Flores, Marimbondo, Preto e Aiuruoca. No planalto (parte alta) existem vários lagos, como a lagoa Bonita ou a lagoa Dourada, entre outros menores, que podem ter a superfície congelada durante invernos rigorosos.[carece de fontes]
Fauna e flora
[editar | editar código-fonte]Na encosta voltada para o Vale do Paraíba, predomina a mata Atlântica com fauna e flora ricas e exuberantes, herbácea e possui o maior índice de endemismos, ou seja, é composta por espécies que só ocorrem ali, como bromélias e orquídeas entre outras. É uma das quatro únicas localidades onde pode ser encontrada uma árvore ameaçada de extinção, a Buchenavia hoehneana.[13]
A fauna da parte baixa é mais rica, propicia mais abrigo para mamíferos, como a paca, o quati e algumas espécies de maior porte, como a onça-parda, porcos-do-mato e queixadas. Com grande diversidade de pássaros, como o beija-flor (colibri, beija-flor-de-cor-roxa entre outros), assim como tucanos-de-bico-verde e guachos. A importância do Itatiaia para a conservação de espécies de aves é grande tendo em vista os frugívoros de grande porte e as espécies habitantes das partes altas.[carece de fontes]
Clima
[editar | editar código-fonte]Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o parque está sob a influência de três tipos climáticos: Csb (clima temperado úmido com verão seco e temperado), Cwb (clima temperado úmido com inverno seco e verão temperado) e Cwa (clima temperado úmido com Inverno seco e verão quente).[carece de fontes]
Durante o inverno brasileiro, nos meses de julho e agosto, a temperatura diminui em demasia e a pluviosidade também, deixando o tempo seco e muito frio. Em consequência, num país com 92% de área localizada na zona tropical, podem ocorrer fenômenos como o da geada sobre os campos e as plantas do parque e também os das precipitações de neve nos dias mais rigorosos do local.[carece de fontes]
Na primeira metade do século XX, o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) tinha uma estação meteorológica dentro do parque, provando o clima frio da região. A partir de junho de 2013, uma nova estação meteorológica automática de última geração foi instalada a uma altitude de 2451 metros pelo fórum Brasil Abaixo de Zero.[carece de fontes]
Dados climatológicos para Parque Nacional do Itatiaia | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 23,9 | 22,8 | 21,2 | 21,2 | 19,9 | 18,3 | 19,1 | 22,0 | 23,7 | 24,4 | 22,3 | 22,0 | 24,4 |
Temperatura mínima recorde (°C) | −1,2 | −1,3 | −2,8 | −4,9 | −9,4 | −11,7 | −10,0 | −13,3 | −9,4 | −8,4 | −4,4 | −2,2 | −13,3 |
Fonte: Estações meteorológicas Campo belo (2015-atual), Furnas (2014-atual) e Posto Marcão (2013-2014) [14] |
Turismo
[editar | editar código-fonte]Esta seção não cita fontes confiáveis. (Dezembro de 2020) |
Na parte baixa do parque encontram-se os seguintes atrativos turísticos:
- Lagoa azul, lago natural formado pelo rio Campo Belo, que fica a aproximadamente 500 m do Centro de Visitantes.
- Cachoeira Poranga (em tupi, poranga significa "bonito"[15]): é uma cachoeira com 10 m de queda d'água e uma grande piscina natural formado pelo rio Campo Belo.
- Cachoeira Maromba, cachoeira e grande piscina natural.
- Cachoeira Itaporani, cachoeira e piscina natural.
- Cachoeira Véu de Noiva, cachoeira formada pelo Rio Maromba formando uma queda d'água de 40 m de altura, fica a 1 100 m de altitude.
- Três picos, local ao meio da mata Atlântica a 1 622 m de altitude, com vista para o vale do rio Paraíba, da Serra da Mantiqueira e da serra do Mar.
- Pedra de Fundação, localiza-se à beira da estrada, em frente ao portão de acesso.
- Mirante do Último Adeus, vista panorâmica do vale do rio Campo Belo e da Serra do Mar.
Os campos de altitude encontram-se na parte conhecida como região do Planalto do Itatiaia, sendo seus pontos culminantes:
- O Pico do Itatiaiaçu localizado nas Agulhas Negras com 2 791,55 m de altitude.
- O pico da Montanha do Couto o segundo ponto mais alto do parque com 2 680,99 m de altitude.
- A Pedra do Sino de Itatiaia, o terceiro ponto mais alto do parque com 2 670 m de altitude.
- A Serra do Maromba com 2 607 m de altitude.
- As Prateleiras com 2 548 m de altitude formado por maciços blocos de rochas com vista para o Vale do Paraíba. Próximo às prateleiras existem diversos lagos e formações rochosas como a Pedra da Tartaruga, a Pedra da Maçã e a Pedra Assentada.
- A Pedra do Altar, é uma formação rochosa com 2 530 m de altitude.
- Os Dois Irmãos com 2 500 m de altitude.
- A Cabeça do Leão, com 2 408 m de altitude.
Do planalto, faz parte o Vale do Aiuruoca, com a Cachoeira do Aiuruoca e a formação rochosa Ovos da Galinha. No caminho, podem ser vistas as formações rochosas Asa do Hermes e a Pedra do Altar.
Visitação
[editar | editar código-fonte]O parque fica aberto para visitação durante todo o ano, os períodos de maior visitação são nos meses de janeiro e julho.[16]
Ano | Nº de visitantes |
---|---|
2000 | 97001 |
2001 | 127713 |
2002 | 119735 |
2003 | 125633 |
2004 | 126940 |
2005 | 78002 |
2006 | 79458 |
2007 | 72702 |
2008 | 84971 |
2009 | 100454 |
2010 | 84140 |
2011 | 77686 |
2012 | 96039 |
2013 | 99495 |
2014 | 117974 |
2015 | 133801 |
2016 | 127494 |
2017 | 139616 |
2018 | 124170 |
2019 | 127432 |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Parna de Itatiaia». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ a b c d e f «DECRETO N. 1.713 – DE 14 DE JUNHO DE 1937» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 14 de junho de 1937. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ «Ranking Visitação» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2019
- ↑ «PARQUE NACIONAL ITATIAIA». Cadastro Nacional de Unidades de Conservação - Relatório Completo. 17 de março de 2012. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ «ICMBio - Parque Nacional de Itatiaia - Guia do Visitante». icmbio.gov.br. Consultado em 3 de Outubro de 2017
- ↑ «UCs Abertas à Visitação: Parna de Itatiaia». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ a b Leite, Helton P.F. (2007). «Itatiaia». Planalto do Itatiaia - Região das Agulhas Negras. Rio de Janeiro: Publit Solucões Editoriais. p. 20. 234 páginas
- ↑ NAVARRO, E. A. (2005). Método Moderno de Tupi Antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos 3a ed. São Paulo: Global. pp. 312–313
- ↑ a b Carrilho, Pedro (21 de julho de 2011). «Acima de 2.000 m, Itatiaia alia vista bela a via péssima». Folha.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2013
- ↑ Helton Perillo Ferreira Leite. «Planalto do Itatiaia». ISBN 9788577730766
- ↑ «DECRETO Nº 87.586, DE 20 DE SETEMBRO 1982» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 20 de setembro de 1982. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ DE PAULA, Caco (ed.) (2004). Guia Brasil 2004. São Paulo: Abril. pp. 429–430
- ↑ «Pq. N. Itatiaia - 2470 m - IRIODEJA40». www.wunderground.com. Consultado em 13 de junho de 2019
- ↑ «CURSO DE TUPI ANTIGO». Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas - Universidade de Sao Paulo. 17 de março de 2012. Consultado em 17 de março de 2012
- ↑ «Visitação em Unidades de Conservação Federais - Visitação em Unidades de Conservação Federais - Portal Brasileiro de Dados Abertos». dados.gov.br. Consultado em 29 de março de 2021
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Jorge Pádua, Maria Tereza e Coimbra Filho, Adelmar F. - Os Parques Nacionais do Brasil. Instituto de Cooperação Iberoamericana. Madrid. José Olympio Editora, 1989. ISBN 84-85389-19-0, pág. 122 a 129
- Corrêa, Marcos Sá - Itatiaia - O Caminho das Pedras. São Paulo. Metalivros, 2003. ISBN 85-85371-50-1, 240 pág.
- Leite, Helton Perillo Ferreira - Planalto do Itatiaia - Região das Agulhas Negras. Rio de Janeiro. Montanhar / Publit, 2007. ISBN 978-85-7773-076-6, 232 páginas.