Partido Conservador do Canadá
Partido Conservador do Canadá Conservative Party of Canada Parti Conservateur du Canada | |
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Líder | Pierre Poilievre[1] |
Fundadores | Stephen Harper Peter MacKay |
Fundação | 7 de dezembro de 2003 (20 anos) |
Sede | Ottawa, Canadá |
Ideologia | |
Espectro político | Centro-direita à direita |
Antecessor | Partido Progressista Conservador do Canadá, Aliança Canadiana |
Membros (2022) | 678.708[2] |
Afiliação internacional | União Internacional da Democracia |
Afiliação europeia | Nenhuma[nota 1] |
Senado | 15 / 105 |
Câmara dos Comuns | 118 / 338 |
Cores | Azul |
Página oficial | |
conservative.ca (em inglês) conservateur.ca (em francês) | |
O Partido Conservador do Canadá (em inglês: Conservative Party of Canada, CPC; em francês: Parti Conservateur du Canada, PCC) é um dos maiores partidos políticos do Canadá, tendo sido fundado em 2003, resultante da fusão entre o Partido Progressista Conservador do Canadá e a Aliança Canadiana, sendo este último o sucessor do Partido Reformista do Canadá.[3] No espectro político convencional, está entre a centro-direita[4] e a direita[5], acolhendo diferentes vertentes do conservadorismo.[6][7]
O Partido Conservador é o descendente de diversos partidos conservadores e de direita que existiram ao longo da história no Canadá,[8] como o Partido Conservador do Canadá que durou até 1942 e liderou diversos governos nacionais.[9] A partir de 1942, o partido de direita de maior relevância passou a ser o Partido Progressista Conservador do Canadá, que chegou, pela primeira vez, à liderança do governo canadiano em 1957[10] e, a partir daí, liderou diversos governos até o início da década de 1990.[11] Em 1993, os históricos conservadores progressistas sofreram uma grave derrota diante do forte desempenho do Partido Reformista do Canadá nas eleições.[12] Em 2003, os dois partidos se uniram, dando origem ao atual Partido Conservador.[3]
De 2006 a 2015, enquanto líder do governo, o PCC reduziu impostos sobre vendas e impostos comerciais, equilibrou o orçamento nacional, criou a conta de poupança livre de impostos e o Benefício Universal de Assistência à Criança. Nas políticas socioculturais, eliminou o direito ao registro de armas longas, introduziu penas mínimas obrigatórias para crimes violentos, aumentou a idade de consentimento para 16 anos, permitiu a construção de vários oleodutos e retirou o Canadá do Protocolo de Quioto. Também nomeou vários senadores eleitos, apoiou Israel, negociou o Acordo Integral de Economia e Comércio e a Parceria Transpacífica.[13][14][15][16]
Liderado por Stephen Harper, o PCC rapidamente se tornou influente na política canadiana e chegou ao poder em 2006, apenas 3 anos depois de sua fundação.[17] Em 2011, conseguiu formar governo maioritário[18] mas voltou à oposição ao sofrer uma clara derrota frente ao forte ressurgimento do Partido Liberal do Canadá em 2015, o que levou à demissão de Stephen Harper.[19]
Ideologia
[editar | editar código-fonte]O Partido Conservador histórico identificou-se fortemente com o Império Britânico e teve como objetivo moldar as instituições políticas canadianas depois que as políticas britânicas se opuseram ao Partido Liberal que favorecia o nacionalismo canadiano e a independência política da Grã-Bretanha, bem como políticas econômicas continentalistas, como livre comércio e maior integração com os EUA, em vez de maiores laços políticos e econômicos com o Império Britânico e depois com a Comunidade das Nações. A reversão ocorreu sob a direção de Brian Mulroney, quando o partido enfatizou as forças do mercado na economia e alcançou um marco no acordo de livre comércio com os EUA em 1988.[20]
Sendo relativamente jovem e tendo uma herança política e história mista, o Partido Conservador atual é frequentemente descrito como um "partido pega-tudo",[21] abrangendo membros e eleitores com uma variedade de filosofias, ideias e posições, embora esteja entre a centro-direita e a direita no espectro político.[22][23] No geral, é definido como praticante do modelo canadiano de conservadorismo e conservadorismo fiscal. Outras facções menores do partido são descritas por comentaristas da mídia como conservadoras liberais, socialmente conservadoras, populistas de direita e conservadoras libertárias.[24]
Buscando estabelecer uma plataforma coesa após sua criação, declarou que suas filosofias e princípios fundamentais são responsabilidade fiscal, defesa dos direitos e liberdades individuais, monarquismo constitucional, parlamentarismo, democracia, apoio às forças de defesa nacional, à lei e ordem, às tradições do Canadá e ao tratamento igual para todos os cidadãos.[25]
O partido quer manter o "balanço fiscal" que introduziu em seu orçamento de 2007 (quando liderou o governo) e eliminar a dívida nacional. Além disso, oferece suporte a simplificação de códigos tributários, controles sobre gastos governamentais e reduções de impostos pessoais e empresariais. Também apoia a abolição do imposto sobre emissões de carbono.[26] Em sua convenção de março de 2021, os delegados votaram 54% a 46% para rejeitar uma proposta de expandir as políticas de combate a mudanças climáticas existentes do partido para incluir uma declaração de que as mudanças climáticas são reais, proclamar que os conservadores estão "dispostos a agir" sobre a questão e pedir por mais inovações na tecnologia ambiental.[27]
O PCC é a favor do envolvimento do Canadá na OTAN e nos acordos comerciais internacionais, incluindo o acordo CANZUK que permitiria a mobilização de bens, comércio e pessoas entre Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Também é amistoso com Israel, com certos membros seus tendo apoiado a mudança da embaixada do Canadá de Tel Aviv para Jerusalém e a suspensão da contribuição do Canadá para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente.[28] Por outro lado, é crítico de países como Rússia, Coreia do Norte, Irã e China, chegando a defender uma postura dura contra o Partido Comunista Chinês e prometer que impediria que a China entrasse nas redes 5G do Canadá. Ademais, pede ao Canadá que incentive outras nações ocidentais a impedirem que corporações apoiadas pelo governo chinês acessem e assumam o controle de importantes infraestruturas relacionadas a mídia, energia, internet, defesa e segurança.[29][30][31]
Atualmente, o PCC pede um sistema de imigração que encoraje a imigração baseada no mérito e a atração de trabalhadores qualificados que impulsionem a economia, ao mesmo tempo que não tolera a imigração clandestina e exige que os imigrantes falem inglês ou francês. Seus membros também querem agilizar o processo de concessão de cidadania a crianças nascidas no exterior adotadas por cidadãos canadianos, acelerar a validação de pedidos de refúgio e ajudar minorias perseguidas, garantindo que aqueles que não cumprem o status de refugiado sejam escoltados para fora do o país. Também propõe a eliminação da cidadania por nascimento, a menos que um dos pais de uma criança nascida no Canadá tenha residência permanente ou cidadania canadiana.[32]
Às vezes, o PCC é considerado pelo seus críticos como sendo semelhante ao Partido Republicano dos EUA e ao Partido Conservador do Reino Unido, mesmo que existam diferenças em muitas questões e os partidos só estejam alinhados com a participação no fórum internacional de partidos conservadores, a União Internacional da Democracia.
Programa partidário e políticas
[editar | editar código-fonte]Desde 2013, as políticas do partido passaram a incluir:[33]
- Bilinguismo;
- Multiculturalismo;
- Gestão de suprimentos para determinadas indústrias agrícolas;
- Extração de petróleo;
- Livre-comércio;
- Direito de possuir propriedade privada;
- Aumento dos os gastos militares para 2% do PIB;
- Formação do CANZUK e filiação ao mesmo;
- Participação na OTAN;
- Participação na ONU;
- Fim da ajuda ao financiamento de aborto internacionalmente;
- Apoio a Israel;
- Formação do senado por meio de eleição;
- Descentralização;
- Federalismo;
- Monarquismo constitucional;
- Saúde pública;
- Pensões públicas;
- Serviços governamentais simplificados;
- Legislação orçamentária equilibrada;
- Reembolso da dívida;
- Redução de subsídios para empresas;
- Direito de indivíduos licenciados a possuir armas de fogo;
- Pena mínima obrigatória para crimes violentos;
- Liberdade aos deputados para votarem no aborto como quiserem;
- Oposição ao suicídio assistido;
- Simplificação tributária;
- Redução de impostos de renda;
- Redução de impostos comerciais;
- Redução de impostos sobre ganhos de capital;
- Oposição à taxa sobre emissão de carbono.
Facções internas
[editar | editar código-fonte]Historicamente, o partido é divido em duas grandes facções principais que datam da fundação do Canadá:[6]
- Blue Tory: facção dos "conservadores azuis"; conservadores liberalistas que tendem a defender a devolução do poder federal aos governos provinciais, a reforma das instituições políticas (com base em um modelo inspirado pela Austrália e pelos EUA), um papel reduzido para o governo na economia,[6] a redução de impostos, a autoconfiança, a responsabilidade individual e as liberdades pessoais, portanto, não sendo necessariamente favoráveis ao conservadorismo social, apesar de membros como o ex-primeiro-ministro Stephen Harper serem.[6][34] Muitos parlamentares do PCC apoiam a união homoafetiva e se comprometeram a defender os direitos LGBT+,[35][36] além da própria liderança do partido apoiar a mudança da lei para permitir que homossexuais doem sangue.[37] São considerados representantes desta ala o ex-primeiro-ministro Stephen Harper e o primeiro-ministro de Ontário, Mike Harris;
- Red Tory: facção dos "conservadores vermelhos"; defensores do Estado de bem-estar social, do paternalismo, do comunitarismo e do multiculturalismo, advogando por um liberalismo econômico moderado. Opõem-se a acordos de livre comércio com os EUA e enfatizam a importância da Comunidade das Nações, tendendo a ser anglófilos.[38] São herdeiros da ala mais influente do antigo Partido Progressista Conservador, defendida pelos antigos primeiros-ministros Sir John A. Macdonald, Sir Robert Borden, John Diefenbaker, Robert Stanfield e Joe Clark. São considerados representantes desta ala os ex-primeiros-ministros de Alberta, Ed Stelmach e Allison Redford.
Uma outra facção menor é intitulada de:
- Pink Tory: facção dos "conservadores rosa"; mais culturalmente liberais, eles são defensores da união homoafetiva e do direito ao aborto. São considerados representantes desta ala do ex-primeiro-ministro de Ontário, Bill Davis, e o ex-candidato a primeiro-ministro Ernie Eves.[39]
Resultados Eleitorais
[editar | editar código-fonte]Eleições legislativas
[editar | editar código-fonte]Data | Líder | Cl. | Votos | % | +/- | Deputados | +/- | Status |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
2004 | Stephen Harper | 2.º | 4,019,498 | 29,63 / 100 |
8,05 | 99 / 308 |
21 | Oposição oficial |
2006 | 1.º | 5,374,071 | 36,27 / 100 |
6,64 | 124 / 308 |
25 | Governo minoritário | |
2008 | 1.º | 5,209,069 | 37,65 / 100 |
1,38 | 143 / 308 |
19 | Governo minoritário | |
2011 | 1.º | 5,832,401 | 39,62 / 100 |
1,97 | 166 / 308 |
23 | Governo maioritário | |
2015 | 2.º | 5,613,633 | 31,91 / 100 |
7,71 | 99 / 338 |
67 | Oposição oficial | |
2019 | Andrew Scheer | 2.º | 6,239,227 | 34,34 / 100 |
2,52 | 121 / 338 |
22 | Oposição oficial |
2021 | Erin O'Toole | 2.º | 5,747,410 | 33,74 / 100 |
0,60 | 119 / 338 |
2 | Oposição oficial |
Notas
- ↑ O Partido Conservador do Canadá foi parceiro regional do Partido dos Conservadores e Reformistas Europeus até 2022.
Referências
- ↑ «Pierre Poilievre wins Conservative leadership on first ballot». CTV News (em inglês). 10 de setembro de 2022. Consultado em 18 de janeiro de 2023
- ↑ «Conservative party says nearly 679,000 members eligible to vote for new leader». CTV News (em inglês). 26 de julho de 2022. Consultado em 18 de janeiro de 2023
- ↑ a b «Conservative Party of Canada». Encyclopædia Britannica (em inglês)
- ↑ Blais, André; Laslier, Jean-François; Van der Straeten, Karihine (2016). Voting Experiments (em inglês). [S.l.]: Springer International Publishing. pp. 25–26. ISBN 978-3-319-40573-5
- ↑ Freedom House (2016). Freedom in the World 2015: The Annual Survey of Political Rights and Civil Liberties (em inglês). [S.l.]: Rowman & Littlefield Publishers. p. 130. ISBN 978-1-4422-5408-4
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- ↑ McKenna, Peter (15 de outubro de 2020). «Peter McKenna: What would an Erin O'Toole foreign policy look like?». The Chronicle Herald (em inglês). Consultado em 11 de julho de 2022
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