Salvador Arena
Salvador Arena Salvatore Arena | |
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Conhecido(a) por | Fundar a Termomecanica. |
Nascimento | 12 de janeiro de 1915 Trípoli, Líbia |
Morte | 28 de janeiro de 1998 (83 anos) São Bernardo do Campo |
Causa da morte | Infarto[1] |
Fortuna | 800 milhões de dólares[1][2] |
Progenitores | Mãe: Giuditta Patessio Arena[3] Pai: Nicola Arena[3] |
Alma mater | Escola Politécnica da USP[4] |
Período de atividade | 1936-1998 |
Página oficial | |
www |
Salvatore Arena, conhecido como Salvador Arena, (Trípoli, 12 de janeiro de 1915 — São Bernardo do Campo, 28 de janeiro de 1998) foi um empresário ítalo-brasileiro. Foi o fundador do Colégio Engenheiro Salvador Arena e da Fundação Salvador Arena.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Juventude e educação
[editar | editar código-fonte]Nasceu em Trípoli, Líbia, tendo como pais Nicola Arena, natural da Sicília[5] e Giuditta Patessio Arena, natural de Veneza.[5] Tendo uma origem humilde, seu pai processava metais em uma oficina na propriedade e, querendo ajudar na renda da família, aos oito anos começou a fabricar velas.[3]
Salvador Arena chegou no Brasil em 1920 aos 5 anos de idade,[3] instalando-se com a família na cidade de São Paulo,[1] na Vila Prudente[5] e era analfabeto até os 7 anos de idade.[6] Porém, quando um padre visitou sua casa, notou sua facilidade com as letras e convenceu sua mãe a inscrevê-lo no ensino católico[6] aos 10 anos de idade.[7] Formou-se aos 21 anos na Escola Politécnica da USP.[4]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Light
[editar | editar código-fonte]Em 1937 entrou na Light, sendo influenciado pelo engenheiro Billings[8] onde se envolveu no projeto da Hidrelétrica de Cubatão.[1][6] Durante seu período na Light, Arena também trabalhou como projetista de peças industriais.[2] Sua passagem na Light também influenciou na sua escolha de funcionários e no desenvolvimento de sua didática, ao gostar de ajudar os demais a progredirem.[9]
Termomecanica
[editar | editar código-fonte]Após vários anos na Light, sem um deslumbre de evolução[6] e inspirado por trabalhar com o pai na venda de metais[10] veio a pedir demissão. Em 1942, com US$ 200 que recebera de indenização da empresa, fundou a Termomecanica São Paulo SA,[1] que começou na Mooca, fabricando os primeiros fornos de padaria elétricos do Brasil,[1] posteriormente obtendo êxito no mercado com a reciclagem de sucata de metais não-ferrosos[1] com sua maior criação sendo a produção da liga de bronze TM 23,[6] que até hoje é uma das mais utilizadas na indústria brasileira.[11]
No final da Segunda Guerra, Arena veio a multiplicar a capacidade de sua empresa ao comprar equipamento de segunda mão dos EUA.[2] Em 1950, criou um processo de fundição contínua.[12]
Em 1957, naturalizou-se Brasileiro.[13] No bairro de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, foi o local onde, na década de 50, iniciou a fabricação de sua nova fábrica, que veio a focar na produção diversificada de metais não-ferrosos.[1][6] Pela transição da economia do país de agrícola para industrial, esta foi uma época bem promissora.[2] O rápido e desordenado desenvolvimento da região em São Bernardo do Campo causou a aparição de várias favelas e, após estudar as condições em que essas pessoas viviam (principalmente sofriam de desnutrição), ele passou a realizar o almoço grátis, o envio de presentes de fim de ano, uniformes escolares e mais tarde essas obras sociais centraram-se na Fundação Salvador Arena, fundada em 1964.[14]
Como empregador, Salvador oferecia cesta básica, atendimento médico, um adicional de fim do ano antes mesmo de ser criado o décimo terceiro salário e ainda concedia participação nos lucros.[1][2] Devido as suas políticas salariais e aversão ao monopólio estatal, Arena era visto como socialista, ou como disse Jorge Andrade: "um liberal aberto e socialista que se tornou milionário no capitalismo".[15]
Na década de 60 a Termomecanica foi responsável por construir o tubo de foguetes para a CTA, cubos de rodas para os aviões Búfalo, que atendiam as comunidades isoladas na Amazônia e nos anos 90 esteve envolvido na produção do míssil Piranha, o primeiro míssil ar-ar construído num país de 3º mundo.[16]
Sendo inovador, Arena tornou-se um dos empresários mais ricos do país. Tendo lutado por uma mudança no método de ensino brasileiro,[1] desenvolveu sugestões que não foram aceitas pelo governo por causa do alto investimento necessário.[1] Fundou o Colégio Termomecanica em 1989, que utiliza o seu método de ensino desenvolvido na década de 1970,[1] que havia sido recusado pelo governo brasileiro[6] e Inglês.[17] O colégio tornou-se um símbolo educacional em São Bernardo do Campo. De acordo com o ENEM de 2010 e 2011, o colégio figura em primeiro lugar em qualidade de ensino na grande ABC.[6]
Como profissional, Arena foi influenciado por Henry Ford e costumava dedicar-se por horas a fio numa ideia[18] e era extremamente ativo em sua fábrica, controlando os recursos para evitar o desperdício, além de ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair.[19] Na busca de evitar o desperdício e reduzir os custos, ele reaproveitava máquinas descartadas e as reformava de forma que tivessem uma eficiência comparável com máquinas de última geração.[20] Ele também operava seus negócios do seu jeito e era um crítico aberto contra o governo, até na ditadura militar brasileira, e em 1987 chegou a fazer uma paralisação contra a "baderna política e econômica do país".[21][22] Arena era rigoroso no pagamento de imposto[23] e também treinava seu próprio pessoal para ascender à cargos de chefia.[24] Sua política salarial, que visava a melhoria das condições de vida dos seus trabalhadores ia contra a política da ditadura, que visava o acumulo de capital.[25]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Arena era um esportista que não fumava, nem bebia e apesar de ter se casado, não teve filhos, por não querer vê-los brigando pela herança.[26] No futebol, torceu para o Palestra por toda vida.[13]
Morte e legado
[editar | editar código-fonte]Salvador Arena veio a falecer no dia 28 de janeiro de 1998, devido a um infarto,[1] em sua casa.[27] No testamento, colocou a Fundação Salvador Arena como herdeira de sua fortuna avaliada em 800 milhões de dólares,[1] que é a herdeira do seu legado[6] e deve usar os recursos para “a solução dos problemas de educação e assistência e proteção aos necessitados”.[1] Sua Fundação também faz a distribuição de cestas básicas no ABC paulista, atendimento médico gratuito, entre outras coisas.[28]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Centro Educacional da Fundação Salvador Arena
- Colégio Engenheiro Salvador Arena
- Faculdade Engenheiro Salvador Arena
- Escola Técnico Engenheiro Salvador Arena
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o «A trajetória do milionário de São Bernardo que deixou tudo para a educação». 1 de agosto de 2020. Consultado em 22 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 23 de agosto de 2020
- ↑ a b c d e «Sobre Salvador Arena». Consultado em 26 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 22 de novembro de 2016
- ↑ a b c d «Conheça Salvador Arena: mecânico, empreendedor e visionário». 29 de dezembro de 2017. Consultado em 22 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 22 de agosto de 2020
- ↑ a b «Salvador Arena foi 'o cara' em São Bernardo». 21 de agosto de 2019. Consultado em 22 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 14 de agosto de 2017
- ↑ a b c Alves 2000, p. 21.
- ↑ a b c d e f g h i «Brasileiro bilionário deixou tudo para a educação de crianças pobres». 17 de outubro de 2017. Consultado em 22 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 17 de maio de 2020
- ↑ Alves 2000, p. 22.
- ↑ Alves 2000, p. 23.
- ↑ Alves 2000, pp. 15-17.
- ↑ Alves 2000, p. 33.
- ↑ Alves 2000, p. 60.
- ↑ Alves 2000, p. 55.
- ↑ a b Alves 2000, p. 25.
- ↑ Alves 2000, p. 42.
- ↑ Alves 2000, p. 27.
- ↑ Alves 2000, pp. 49-52.
- ↑ Alves 2000, p. 109.
- ↑ Alves 2000, pp. 13-15.
- ↑ Alves 2000, pp. 17-18.
- ↑ Alves 2000, p. 62.
- ↑ Alves 2000, pp. 18-19.
- ↑ Estado, Agência (4 de junho de 1987). «Médias empresas podem imitar a Termomecânica». Estadão. Brasil. Consultado em 11 de novembro de 2020
- ↑ Alves 2000, p. 70.
- ↑ Alves 2000, p. 81.
- ↑ Alves 2000, p. 90.
- ↑ Alves 2000, p. 31.
- ↑ Alves 2000, p. 113.
- ↑ Alves 2000, p. 11.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Centro Educacional da Fundação Salvador Arena»
- «Biografia de Salvador Arena». Arquivado do original em 23 de setembro de 2009
- «O amor de Salvador Arena por São Bernardo»
- Diego Tavares dos Santos (2014). "A fábrica em que o Lula nunca entrou" (pt-BR).
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Alves, Francisca Stella Fagá (2000). Salvador Arena (PDF) 1 ed. [S.l.]: Dórea Books and Art. 119 páginas. ISBN 857234145-5