Stabat Mater (arte)
Stabat Mater (latim para "a mãe estava de pé") é uma representação da crucificação de Jesus Cristo na arte em que a Virgem Maria é retratada sob a cruz durante este evento. Nessas representações, a Virgem Maria está quase sempre de pé do lado direito do corpo de seu filho Jesus na Cruz, com São João Apóstolo de pé à esquerda.[1]
Teologicamente a cena é muito significativa, pois, foi neste momento que, segundo os evangelhos, Jesus teria dito, segundo São João (19: 26-27), as seguintes palavras: "Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe — Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo — Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa".
Stabat Mater é uma das três representações artísticas comuns de uma Virgem Maria dolorosa, sendo as outras duas "Mater Dolorosa" (Mãe das Dores) e "Pietà". Nas representações do Stabat Mater, a Virgem Maria é representada como um ator e espectador na cena, um emblema místico da fé no Salvador Crucificado, uma figura ideal ao mesmo tempo a mãe de Cristo e a Igreja personificada.[2]
Esta representação da cena crucificação é distinta daquela de "Cristo na Cruz", na qual o Cristo crucificado é representado sozinho. Também difere de outras representações com várias figuras, além de Maria e João: as Santas Mulheres, os soldados romanos, os dignitários judeus, o Bom ladrão e o Mau ladrão crucificados com Jesus.
Esta característica contrasta com o tema do desmaio da Virgem, em que a Virgem desmaia aos pés da cruz. Não há menção, entretanto, nos evangelhos canônicos de que tal fato tenha ocorrido.
O conceito também está presente em outros desenhos, por exemplo, a Medalha Milagrosa e a mais geral Cruz Mariana. A Medalha Milagrosa, de Santa Catarina Labouré, no século XIX, inclui uma letra M, representando a Virgem Maria sob a Cruz.[3]
Sete dores de Maria
[editar | editar código-fonte]O episódio de Maria aos pés da cruz é o quinto das Sete dores de Maria, venerada pelos cristãos como Nossa Senhora das Dores.
A devoção à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem dos Servitas). Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:
- A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2:34–35)
- A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2:13–21);
- O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2:41–51);
- O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27–31);
- Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João 19:25–27);
- Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27:55–61);
- Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23:55–56).
¨Aos pés da cruz - disse o Papa Francisco - é a mulher da dor e, ao mesmo tempo, da vigilante espera de um mistério, maior que a dor, que está para se cumprir. Tudo parece realmente acabado; poderíamos dizer que toda a esperança se apagou. Também ela, naquele momento, poderia ter exclamado recordando as promessas da anunciação: não se cumpriram, fui enganada. Mas não o disse. Contudo ela, bem-aventurada porque acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o amanhã de Deus¨[4].
É uma das representações artísticas mais frequentes da Virgem Maria Dolorosa, com os temas da Mater Dolorosa e da Pietà. Nas representações do Stabat Mater, a Virgem Maria é retratada como atriz e espectadora na cena, um emblema místico da fé no Salvador Crucificado. Figura ideal, ela é ao mesmo tempo a mãe de Cristo e a Igreja personificada[5].
Galeria de imagens
[editar | editar código-fonte]-
Gentile da Fabriano, c. 1400–1410
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Rogier van der Weyden, c. 1460
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Pietro Perugino, c. 1482
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Gabriel Wuger, 1868
Stabat Mater na música
[editar | editar código-fonte]Stabat Mater foi tema de um poema atribuído a Jacopone da Todi e foi musicado por muitos compositores, como Antonio Vivaldi, Rossini, Dvořák e Pergolesi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Marc-Antoine Charpentier, Joseph Haydn, Emanuele d'Astorga, Charles Villiers Stanford, Charles Gounod, Krzysztof Penderecki, Francis Poulenc, Karol Szymanowski, Alessandro Scarlatti, Domenico Scarlatti, Arvo Pärt, Giuseppe Verdi, Zoltán Kodály, e muitos outros.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Arte cristã
- Nossa Senhora na arte
- Stabat Mater
- Stabat Mater (Pergolesi)
- Stabat Mater (Domenico Scarlatti)
Referências
- ↑ Bles, Arthur de. (2004). How to Distinguish the Saints in Art by Their Costumes, Symbols and Attributes ISBN 1-4179-0870-X, pg 35
- ↑ Jameson, Anna. (2006). Legends of the Madonna: as represented in the fine arts ISBN 1-4286-3499-1 pg 37.
- ↑ Ball, Ann. (2003). Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices ISBN 0-87973-910-X pg 356.
- ↑ Celebração da Vésperas com a comunidade das monjas beneditinas camarolenses -21 de Novembro de 2013
- ↑ Anna Jameson, 2006 Legends of the Madonna: as represented in the fine arts ISBN 1-4286-3499-1 pg 37
- ↑ Categoria Stabat Mater (IMSLP).