Elevador do Município
Elevador do Município Elevador da Biblioteca Elevador de São Julião | |
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O Elevador sobre a Praça de São Julião, 1910. | |
Informações gerais | |
Estilo dominante | utilitário |
Engenheiro | Raoul Mesnier du Ponsard |
Inauguração | 12 de Janeiro de 1897 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Lisboa |
Coordenadas | 38° 42′ 31″ N, 9° 08′ 23″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Elevador do Município
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O elevador do Município, também conhecido como elevador da Biblioteca ou elevador de S. Julião, foi o sétimo elevador público a ser construído em Lisboa, Portugal. Foi inaugurado a 12 de Janeiro de 1897, com projecto de Raoul Mesnier de Ponsard[1]. O serviço de transporte realizou-se até 1915 e a estrutura foi desmantelada em 1920.[2]
O elevador do Município ligava o Largo da Biblioteca (hoje, da Academia de Belas-Artes) ao Largo de São Julião (contíguo à Praça do Município), através de acessos embebidos em edifícios particulares (n.º 13 de Largo de S. Julião, e terraço do Palácio do Visconde de Coruche).[2] Passava em ponte-passadiço sobre a Calçada de São Francisco.[3]
A intentona de 28 de Janeiro de 1908 ficou também conhecida como Golpe do Elevador da Biblioteca, por aí se reunirem os conspiradores.[2]
História
[editar | editar código-fonte]Em 1 de Novembro de 1895, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que tinha sido modificado o projecto do Ascensor Municipio-Bibliotheca, tendo a entrada inferior para passageiros sido mudada da Praça do Município para o n.º 13 do Largo de São Julião, enquanto que a parte superior deveria ligar-se ao jardim do Visconde de Coruche.[4] Com esta alteração, o elevador ficaria mais próximo da Rua Ivens, do Chiado e de outras zonas, melhorando o acesso ao público e consequentemente a procura.[4] Em 1 de Dezembro desse ano, a Gazeta reportou que a companhia do ascensor tinha pedido autorização para emitir o valor de 20:000$000 réis em obrigações, e que o ministro das Obras Públicas já tinha ordenado a intervenção da Procuradoria Geral da Coroa sobre aquele assunto.[5] O financiamento para a construção do elevador veio principalmente do empresário Ayres de Campos.[6]
Em 1 de Março de 1896, noticiou que a câmara municipal de Lisboa tinha aprovado o pedido de Mesnier de Ponsard para continuar as obras do elevador entre o Largo do Município e a Biblioteca, tendo sido fixada uma taxa anual de 4$000 réis por cada metro quadrado da parte em que o viaduto atravessava a via pública.[7] Também determinou que o elevador só poderia entrar ao serviço depois dos delegados técnicos da câmara terem feito uma inspecção das condições de segurança, e da autarquia ter aprovado as tarifas e os horários a utilizar.[7] Nessa altura, Mesnier calculava que as obras do ascensor terminariam em Abril desse ano, e que depois de estar concluído, iria iniciar a construção do elevador da Rua do Ouro ao Largo do Carmo.[7] Em 1 de Junho, a Gazeta relatou que as torres do ascensor teriam uma altura de 30 metros, e que no seu topo deveria ser construído um edifício tipo chalet para albergar um café-restaurante.[8]
Entre os dias 28 e 30 de Dezembro desse ano, foram feitas as experiências oficiais de funcionamento do elevador, às quais assistiram os engenheiros da câmara de Lisboa, representantes da imprensa, e uma grande multidão.[6] No primeiro dia foram testados os freios manuais constantes, tendo sido feitas 8 subidas e 8 descidas, com as cabinas carregadas de pesos muito superiores aos esperados no serviço normal.[6] No dia seguinte, simulou-se um rompimento de cabo, para experimentar os sistemas de travagem automática: como o cabo estava soldado ao freio automático no topo das cabines, não pôde ser desligado, pelo que uma das cabines foi imobilizada, enquanto que a outra foi erguida por guinchos, de forma a dar folga ao cabo.[6] Em seguida, foram desligados os travões manuais da primeira cabine, onde estavam Mesnier de Ponsard e dois operários, que caiu apenas uma distância de cerca de 40 cm antes que os freios automáticos fossem accionados.[6] No dia 30 de Dezembro, foi feita a mesma experiência, mas com a outra cabine.[6]
Em 1 de Junho de 1897, a Gazeta noticiou que tinha sido anunciada a reabertura do ascensor.[9]
Na sessão de 12 de Março de 1903, a comissão administrativa da Câmara Municipal de Lisboa adoptou uma nova tabela de taxas a aplicar a ascensores verticais, o que veio complicar a situação financeira do elevador da Biblioteca, que dava apenas um reduzido rendimento para a empresa.[10]
Em 1 de Dezembro de 1914, a Gazeta relatou que a Câmara Municipal de Lisboa tinha aceitado a oferta feita pelo Conde do Ameal, relativa ao Elevador da Biblioteca.[11]
Referências
- ↑ Octaviano Correia: “Do Pombal ao Bom Jesus de Braga Arquivado em 6 de agosto de 2010, no Wayback Machine.” Jornal da Madeira / Revista Olhar 2007.09.08
- ↑ a b c Paulo Ferrero (2008): “O Elevador de São Julião” Observatório da Baixa 2008.04.23
- ↑ Clara Vieira: Comunicação — 8.10.2011 : Linha de eléctrico / linha de terra — As tipologias dos edifícios da Baixa de Lisboa ao longo do traçado da linha do eléctrico 28 que a atravessa.. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra : XXXI Encontro da Associação Portuguesa de História Económica e Social: Coimbra, 2011.11.15
- ↑ a b «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1149). 1 de Novembro de 1935. p. 448. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1151). 1 de Dezembro de 1935. p. 498. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ a b c d e f «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1177). 1 de Janeiro de 1937. p. 43-44. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ a b c «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1157). 1 de Março de 1936. p. 159-160. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1163). 1 de Junho de 1936. p. 313. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1226). 16 de Janeiro de 1939. p. 81-85. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 66 (1570). 16 de Maio de 1953. p. 110. Consultado em 20 de Outubro de 2017
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 27 (647). 1 de Dezembro de 1914. p. 363. Consultado em 20 de Outubro de 2017